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ConflitosSudão

Sudão: Número de mortos sobe para pelo menos 528

Lusa | AP
29 de abril de 2023

Violentos confrontos continuaram este sábado na capital do Sudão, Cartum, apesar do cessar-fogo de 72 horas acordado entre os dois principais generais do país.

Foto: Mohamed Nureldin Abdallah/REUTERS

O número de civis mortos nos confrontos no Sudão aumentou este sábado (29.04) para 411, de acordo com o Sindicato dos Médicos do país. Os combates já feriram outros 2.023 civis até agora.

No total, pelo menos 528 pessoas morreram e quase 4.600 ficaram feridas devido aos confrontos que começaram há duas semanas entre o exército e o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido (RSF), anunciou hoje o Ministério da Saúde.

Num comunicado citado pela agência espanhola de notícias, a Efe, o ministério afirma que o número real pode ser bastante maior devido à impossibilidade de as equipas médicas acederem às zonas mais violentas e ao facto de a maioria dos hospitais onde se desenrolam os combates estar inoperacional.

Países estrangeiros continuam a evacuar os seus cidadãos, enquanto milhares de sudaneses correm para as fronteiras. Mais de 50.000 refugiados - a maioria mulheres e crianças - fugiram para países como o Chade, Egito, Sudão do Sul e República Centro-Africana, segundo a ONU.

Um navio com quase 2.000 pessoas a bordo chegou hoje ao porto de Jeddah, na Arábia Saudita. De acordo com as autoridades, esta é a maior operação de retirada de pessoas desde o início do conflito no Sudão, em 15 de abril. Em causa estão 20 cidadãos sauditas e 1.846 pessoas provenientes de cerca de 50 países.

Entre os países com cidadãos que chegaram agora a Jeddah encontram-se, segundo a nota no Twitter do Governo saudita, Estados Unidos, França, Índia, Rússia, Turquia, Alemanha, Reino Unido, África do Sul ou Austrália. Foram também retirados elementos das Nações Unidas.

Antigo primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, espera que "os golpes militares sejam uma coisa do passado"Foto: Mahmoud Hjaj/Anadolu Agency/picture alliance

Antigo PM defende saída de militares do poder

O antigo primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, admitiu hoje que o conflito entre dois generais sudaneses reflete o fracasso do envolvimento dos militares na governação em conjunto com civis.

"Penso que a experiência sudanesa sobre a transição [democrática] não é apenas relevante para o Sudão, é relevante para muitos locais em África", afirmou num evento em Nairobi organizado pela Fundação Mo Ibrahim.

Hamdok considera que "as lições podem ser retiradas", acrescentando que espera que “os golpes militares sejam uma coisa do passado”.

"Temos de ter uma discussão mais profunda sobre o papel dos militares na política", afirmou, em conversa com o presidente da Fundação, o também sudanês Mo Ibrahim, concordando que as forças armadas devem não estar no poder.

"Estes são dias tristes para o Sudão”, lamentou o antigo chefe de Governo, recordando como após a queda do regime de al-Bashir estava otimista.

“As transições não são lineares, nunca seguem em linha reta, têm os seus altos e baixos. Mas acho que a transição sudanesa desta vez é muito complexa, muito diferente”, disse, alertando para o risco de ter um impacto regional e até mundial.

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