Exército sudanês e líderes dos manifestantes dizem estar a progredir nas negociações e que concordaram em fazer a transição do poder para um Governo civil em três anos. Mas manifestantes vão continuar nas ruas.
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Aproximadamente nove pessoas ficaram feridas, quando as forças sudanesas usaram munições reais para dispersar os manifestantes do centro de Cartum, a capital do país.
Um residente conta: "Vi seis feridos, um deles foi atingido no braço. Não faço ideia da gravidade dos restantes ferimentos, mas todos foram levados a clínica e constantemente ambulâncias saem a transportar feridos para o hospital, portanto deve ser grave."
O chefe do Conselho Militar de Transição do Sudão (TMC), o general Abdel-Fattah Burhan, acusou os manifestantes de quebrar um entendimento sobre a redução das tensões e de bloquear estradas fora da zona de protesto acordada com os militares.
Apelo à população
E num discurso transmitido pela televisão no início desta quinta-feira (16.05) dirigiu-se aos sudaneses: "Apelamos ao nosso grande povo pela sua segurança e para salvar os ganhos da revolução gloriosa para não arrastar o país para a anarquia e a perturbação da segurança que será difícil de controlar."
E o chefe do Conselho Militar de Transição anunciou ainda o seguinte: "Decidimos suspender as negociações por 72 horas até que a atmosfera apropriada esteja preparada para completar o acordo, removendo todas as barricadas e abrindo o caminho para apoiar as províncias que estão a sofrer com a escassez de petróleo e alimentos".
Apreciações diferentes sobre as negociações
Enquanto alguns dizem que as negociações estão a progredir na direção certa, outros reclamam que o processo não é transparente.
"Vamos manter o protesto pacífico, não vamos sair até alcançarmos as nossas exigências. Vamos monitorar o conselho legislativo e o Parlamento para ter certeza de que teremos os nossos direitos", diz um manifestante.
Outro descontente diz que "estas decisões só são emitidas no papel e para os meios de comunicação social, mas ainda não vimos nada de tangível no terreno."
O atual acordo entre os militares e os líderes dos manifestantes foi alcançado, após a morte de cinco pessoas alvejadas durante protestos na passada segunda-feira (13.05.).
Sudão: Negociações suspensas temporariamente
Continuídade das negociações?
Apesar de negociações em curso, Philipp Jahn, diretor da fundação alemã Friedrich-Ebert em Cartum, entende que "a maioria dos manifestantes está, com certeza, satisfeita com o resultado alcançado. Os manifestantes que não estão satisfeitos, evidentemente, é por causa do papel do Conselho Militar."
E o diretor da Friedrich-Ebert menciona outro aspeto: "Ainda não sabemos exatamente como será estruturada a transição. E os manifestantes questionam: Como podemos decidir agora sobre um acordo, se ainda nem sequer esclarecemos o que realmente aconteceu na segunda-feira (13.05.)?"
E defende, entretanto, a continuação das negociações: "No meu ponto de vista, não é realmente possível parar agora o processo de negociação. A situação aqui é tão complicada, há tantos grupos armados, tantas dinâmicas, que o processo de entrega do poder deve continuar, mesmo sem se ter esclarecido todos os factos. Talvez isso seja algo para as futuras comissões.”
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.