Sudão: Primeiro-ministro afastado regressará ao cargo
AFP | Reuters | tm
21 de novembro de 2021
Abdalla Hamdok deverá formar um gabinete independente de tecnocratas após acordo com militares anunciado hoje por mediadores. Prisão domiciliária do primeiro-ministro também foi levantada neste domingo (21.11).
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Os militares do Sudão anunciaram planos para restabelecer o primeiro-ministro deposto, Abdalla Hamdok, na sequência de um acordo alcançado entre os partidos políticos militares e civis, segundo avançou neste domingo (21.11) Fadlallah Burma Nasir, o chefe do partido Umma.
Como parte do acordo, Hamdok formará um gabinete independente de tecnocratas e todos os presos políticos serão libertados, acrescentou ele.
Um grupo de mediadores, incluindo académicos, jornalistas e políticos, buscava um acordo desde o início da crise política.
O acordo foi finalmente alcançado neste sábado (20.11), quase um mês após o General Abdel-Fattah Burhan ter derrubado o Governo de transição liderado pelo primeiro-ministro Hamdok e detido os seus líderes.
Pouco depois do anúncio do acordo, a prisão domiciliária de Hamdok também foi levantada, disse hoje o gabinete do primeiro-ministro.
O que o acordo inclui?
Nos termos do acordo, todos os detidos serão libertados e a posição de Hamdok como primeiro-ministro será restaurada. Permitirá igualmente o restabelecimento do consenso constitucional, jurídico e político que rege o período de transição.
O general Burhan referiu-se à tomada do poder pelos militares como um passo "para retificar a transição" e não "um golpe de estado".
No entanto, anunciou um novo conselho governamental no início deste mês e manteve a sua posição de líder.
O conselho incluía também um comandante paramilitar, três altas personalidades militares, três ex-líderes rebeldes e um civil.
Oposição
O golpe foi amplamente criticado dentro do país e internacionalmente. As forças de segurança sudanesas confrontaram dezenas de milhares de manifestantes, que saíram à rua repetidas vezes na capital Cartum e na cidade mais populosa do Sudão, Omdurman.
No início deste mês, a chefe dos direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, apelou aos líderes militares que "recuassem para permitir que o país regressasse ao caminho do progresso" após o golpe de Estado de 25 de Outubro.
Uma reunião urgente do Conselho Soberano terá lugar neste domingo (21.11) antes do anúncio formal do acordo, segundo fontes oficiais.
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.