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PolíticaSudão

Sudaneses anti-golpe convocam protestos em massa

AFP | tm
20 de novembro de 2021

Ativistas pró-democracia no Sudão apelaram hoje (20.11) a protestos em massa para este domingo, e falam numa "marcha de um milhão de pessoas" para 21 de Novembro.

Sudan | Proteste nach dem Militärputsch
Um manifestante sudanês em Cartum durante protestos nesta semana.Foto: Mahmoud Hjaj/AA/picture alliance

No Sudão, ativistas anti-golpe apelaram a protestos em massa neste domingo (21.11). O apelo vem depois de médicos confirmarem que o número de pessoas mortas, desde a tomada do poder pelos militares no mês passado, subiu para pelo menos 40.

Os Estados Unidos e a União Africana condenaram a repressão brutal contra os manifestantes e apelaram aos líderes sudaneses para se absterem do "uso excessivo da força".

O alto-general sudanês Abdel Fattah al-Burhan declarou o estado de emergência a 25 de Outubro, expulsou o Governo e deteve a liderança civil.

A tomada do poder pelos militares suscitou uma ampla condenação internacional, medidas punitivas e diversos protestos.

A Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA) exortou os manifestantes a prosseguirem a sua campanha. A SPA é uma união a de sindicatos que foram fundamentais nas manifestações, de meses, que levaram à destituição do presidente Omar al-Bashir, em abril de 2019.

A última quarta-feira (17.11) foi considerada o dia de protestos mais violentos no Sudão.Foto: Marwan Ali/AP/picture alliance

Protestos violentos

Na última quarta-feira (17.11), protestos violentos marcaram este dia, considerado aquele em que houve mais mortes até agora, incluindo a morte de um adolescente de 16 anos com um tiro na cabeça, relataram médicos.

"Um mártir faleceu... depois de ter sucumbido a ferimentos graves após ter sido atingido por balas vivas na cabeça e na perna no dia 17 de Novembro", disse o Comité Central independente dos Médicos Sudaneses.

Na sexta-feira, pequenos grupos de manifestantes reuniram-se em vários bairros, especialmente no norte de Cartum, onde  pessoas foram vistas a construir barricadas através das estradas.

Forças de segurança dispararam gás lacrimogéneo para os dispersar.

Neste sábado (20.11), dezenas de pessoas reuniram-se para relembrar as recentes mortes em Cartum do Norte. Os manifestantes entoaram slogans exigindo uma transição para um Governo civil.

Manifestantes reunidos em Cartum.Foto: Mahmoud Hjaj/AA/picture alliance

União Africana

A União Africana, que suspendeu o Sudão após o golpe, também condenou "nos termos mais fortes" a violência de quarta-feira (17.11), numa declaração divulgada no hoje.

O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, apelou às autoridades sudanesas "a restaurar a ordem constitucional e a transição democrática", em conformidade com um acordo de partilha do poder de 2019 entre as figuras militares e as figuras civis agora postas em causa.

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) apelou à libertação dos repórteres detidos durante a cobertura dos protestos contra os golpes, incluindo Ali Farsab, que disse ter sido espancado e detido pelas forças de segurança na quarta-feira.

"Os tiros e espancamentos do jornalista Ali Farsab pelas forças de segurança sudanesas fazem troça do alegado empenho do governo golpista numa fase de transição democrática no país", disse ontem Sherif Mansour, coordenador do CPJ.

O Sudão tem uma longa história de golpes militares, desfrutando apenas de raros interlúdios de regime democrático desde a independência em 1956.