Kumi Naidoo: Novo secretário-geral da Amnistia Internacional
Benita van Eyssen | mjp
31 de julho de 2018
Kumi Naidoo tem um vasto currículo de lutas pela mudança política, justiça social e meio ambiente em todo o mundo.
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"Kumi! Sempre a chegar a novas alturas pela humanidade" é apenas um dos muitos comentários ao post na página pessoal de Kumi Naidoo no Facebook sobre a "desafiadora e inesquecível experiência" de escalar o Kilimanjaro.
A iniciativa de escalar a montanha mais alta de África - alguns dias antes de assumir o cargo de secretário-geral da Amnistia Internacional - foi uma chamada de atenção para a falta de produtos de higiene íntima para raparigas em África e, consequentemente, a forma como a menstruação interfere nas actividades escolares. É também mais um ponto numa longa lista de participações enérgicas em ações de luta em vários continentes pelas mudanças políticas, justiça social e proteção do meio ambiente.
"Estamos muito satisfeitos por receber Kumi como o nosso novo secretário-geral. A sua visão e paixão por um mundo justo e pacífico faz dele um líder excepcional para o nosso movimento global", afirma Mwikali Muthiani, presidente da Direção da Amnistia Internacional, num comunicado na página online da organização.
Alturas não são novidade
Há seis anos, o então diretor-executivo da Greenpeace subiu a uma plataforma petrolífera russa no Árctico, em protesto contra a exploração de jazidas petrolíferas na região. Em 2009, levou a cabo uma greve de fome por melhores condições de vida no Zimbabué - durante o regime do Presidente Robert Mugabe - até assumir a direcção da ONG ambientalista.
Ativistas que conhecem o trabalho de Naidoo dizem que a sua postura de confronto, que remonta à luta contra a opressão racial na África do Sul, nos anos 1970, encaixava bem no perfil da Greenpeace. É visto por muitos como um líder destemido que deu uma energia renovada e um novo rumo à organização com sede em Amesterdão.
Mas é difícil prever se Naidoo, conhecido como "camarada Kumi", se vai adaptar aos padrões de trabalho da Amnistia ou vice-versa. A organização é muitas vezes criticada por uma alegada tendência pró-ocidental. Israel é um dos principais críticos.
Tal como muitos ativistas sul-africanos da sua geração, Naidoo opõe-se firmemente à forma como Israel trata o povo palestiniano. Como líder interino da organização pan-africana de defesa dos direitos civis Africa Rising, também falou publicamente contra o que classifica como racismo israelita contra os africanos.
Regresso a África
Naidoo abandonou a direcção da Greenpeace em 2015 e regressou a África, onde ajudou a fundar a Africa Rising - uma amálgama de sindicatos, organizações civis e religiosas, políticos, meios de comunicação social e ambientalistas de todo o continente africano que fizeram de Kumi Naidoo o seu líder.
Em 2017, o movimento fez várias viagens de solidariedade, incluindo à Gâmbia. "Temos de perceber que não há limite para aquilo que podemos fazer juntos. Individualmente, cada um dos nossos países - mesmo os mais fortes - não podem enfrentar os Estados Unidos, a China e a União Europeia", disse Naidoo à emissora pública sul-africana SABC.
Kumi Naidoo: Novo secretário-geral da Amnistia Internacional
O objectivo do movimento está espelhado na Declaração de Kilimanjaro, assinada em Arusha, na Tanzânia, em agosto de 2016. Naidoo descreve o documento como "uma visão muito simples de uma página, do relançamento da narrativa de África, porque os nossos líderes desiludem-nos de diversas formas".
A 18 de julho de 2018, a causa chegou ao pico da Tanzânia pela mão de Naidoo e da expedição Trek4Mandela. A iniciativa de escalar a montanha mais alta de África foi uma chamada de atenção para a falta de produtos de higiene íntima para raparigas em África e, consequentemente, a forma como a menstruação interfere nas actividades escolares.
A escalada também marcou o centenário do nascimento do ícone anti-apartheid Nelson Mandela. Naidoo tornou-se conhecido como um ativista contra a opressão racial na África do Sul. Diz ser um "disruptor" e já afirmou publicamente que o mundo precisa de mais desobediência civil.
Nasceu na cidade de Durban, em 1965, onde se tornou politicamente activo como adolescente, durante o apartheid. Depois de ser detido várias vezes por violação das leis que favoreciam a minoria branca, partiu para o exílio, no Reino Unido. Licenciado em Oxford, tem um doutoramento em sociologia política.
Tal como muitos exilados, regressou à África do Sul nos anos 1990, com o início do fim do regime de segregação racial. Nos anos seguintes, teve um papel de destaque na organização da sociedade civil pós-apartheid.
Áreas Marinhas Protegidas no mundo
Cerca de 3% do mar é área protegida. Há planos para proteger até 10% da área marinha mundial até 2020. Nessas zonas, animais e plantas podem desenvolver-se longe da ameaça da pesca.
Foto: picture alliance/dpa/C. Ehlers
Refúgio marinho no sul do Gabão
O Governo do Gabão anunciou, em junho de 2017, a criação da maior reserva marinha de África. O projeto vai proteger um quarto do mar do Gabão, garantindo o habitat de tartarugas marinhas, baleias, golfinhos, corais e crocodilos. A região é conhecida pelo excesso de pesca. Mas, na área protegida, a pesca deverá ser regulada de forma sustentável.
Foto: Imago/Nature Picture Library
Monumento Nacional Marinho das Ilhas Remotas do Pacífico
Com uma área de 1.269.980 quilómetros quadrados, esta é a maior reserva marinha do mundo e um monumento nacional dos Estados Unidos. As ilhas abrangem uma grande área no Pacífico Ocidental. Neste santuário marinho, foi proibida a pesca comercial e a extração de recursos.
Foto: imago/blickwinkel
Reserva marinha das ilhas britânicas de Pitcairn
As ilhas de Pitcairn, no sul do Oceano Pacífico, detêm a maior reserva contínua e totalmente protegida do mundo. Satélites vigiam os 834.34 quilómetros quadrados a fim de se identificar potenciais pescadores ilegais. A zona protegida abriga mais de 1.200 espécies de mamíferos marinhos, aves marinhas e peixes.
Foto: picture-alliance/dpa
Parque Marinho de Grande Barreira de Corais
A Grande Barreira de Corais, na costa nordeste da Austrália, é o maior recife de corais do mundo. É tão grande que pode ser facilmente visto do espaço. O Parque Marinho da Grande Barreira de Corais abrange grande parte do recife. A pesca é estritamente regulamentada e os navios comerciais só podem seguir determinadas rotas.
Foto: imago/blickwinkel
Reserva Marinha das Galápagos
A área protegida é Património Mundial da UNESCO e abriga muitos animais e plantas que não podem ser encontrados noutro lugar do mundo. Trata-se também da maior área marinha protegida num país em desenvolvimento, o Equador.
Foto: imago/Westend61
Área Marinha Protegida de Bowie Seamount
O Bowie Seamount é uma área vulcânica submarina, localizada a 180 quilómetros a oeste da costa do Canadá. Embora o vulcão esteja a três mil metros de profundidade, o seu ponto mais alto está apenas a 24 metros da superfície da água. Apesar de invisível para o ser humano, a montanha subaquática é o habitat natural de uma grande variedade de animais e plantas marinhos.
Foto: BR
Arquipélago de Chagos
A Grã-Bretanha declarou, em 2010, este arquipélago, localiado no Oceano Índico, como reserva marinha. A legalidade da decisão é controversa, pois as ilhas Maurícias também reclamam o arquipélago. A Grã-Bretanha forçou a retirada de toda a população na década de 1970, para permitir aos Estados Unidos a construção de uma base militar.
Foto: NASA Johnson Space Center/Image Science & Analysis Laboratory
Mar Frísio de Schleswig Holstein
O Parque Nacional Schleswig-Holsteinisches Wattenmeer é o maior parque nacional da Europa Central. Com uma superfície de 4410 quilómetros quadrados, é uma área de fronteira marítima entre a Alemanha e a Dinamarca e abarca o estuário do Elba. É o maior parque nacional da Alemanha. Devido às marés do Mar Frísio, cerca de 30% da área protegida encontra-se apenas temporariamente debaixo de água.
Foto: picture-alliance/dpa
O santuário de baleias do Mediterrâneo
Esta grande área entre a Riviera Francesa, a ilha Sardenha e a costa toscana, na Itália, tem tido proteção especial, a fim de conservar os mamíferos marinhos. Até agora, é a única área internacional de proteção de águas profundas.
Foto: picture-alliance/Wildlife
Área protegida da região do Mar de Ross
Em outubro de 2016, a Convenção para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR) decidiu criar uma área protegida ao largo da costa da Antártida. Os 1,6 milhões de quilómetros quadrados de natureza têm proteção garantida por 35 anos. O que acontecerá depois desse período, permanece uma incógnita.
Foto: REUTERS/P. Askin
Parque Marinho das Ilhas Cook
As Ilhas Cook, no Oceano Pacífico, entre a Nova Zelândia e o Havai, estabeleceram em julho de 2017 uma área marinha protegida de 1,9 quilómetros quadrados.
Nalgumas partes do parque, a pesca é totalmente proibida. Nas restantes, a pesca industrial e a extração mineral são apenas parcialmente permitidas. O Governo espera assim preservar as lagoas e os recifes do arquipélago.