Sul-africanos brancos viajam para os EUA como refugiados
12 de maio de 2025
Os afrikaners deixaram o Aeroporto Internacional Oliver Tambo, em Joanesburgo, num voo fretado, rumo ao Aeroporto Dulles, em Washington, de onde viajarão para o Texas.
O avião financiado pelos Estados Unidos transportava 49 passageiros, de acordo com o porta-voz do Ministério dos Transportes sul-africano, Collen Msibi, que disse ainda que foi seguido um processo rigoroso para permitir que o avião entrasse na África do Sul.
"O pedido de autorização [para aterrar] dizia que eram afrikaners que se estavam a deslocar para os EUA como refugiados", confirmou Msibi, que esteve no aeroporto de Joanesburgo para supervisionar o embarque das pessoas.
A emissora americana NPR informou que 12 estados tinham concordado em acolher os afrikaners, uma minoria étnica branca, em grande parte descendente de colonos holandeses, alemães e franceses, alguns dos quais têm família nos EUA.
Porque é que Trump lhes ofereceu asilo?
O Presidente dos EUA, Donald Trump, juntamente com Elon Musk, seu conselheiro e diretor executivo da Tesla, nascido na África do Sul, têm-se manifestado sobre o que alegam ser a perseguição dos sul-africanos brancos pela maioria negra do país.
Isto apesar de os afrikaners continuarem a ser um dos grupos mais privilegiados da África do Sul desde o fim do apartheid, há 30 anos. Governaram a África do Sul durante o regime de segregação racial do apartheid, que se caracterizou pela frequente repressão violenta de sul-africanos negros.
Os sul-africanos brancos representam apenas cerca de 7% da população do país, mas continuam a deter cerca de 78% das terras agrícolas privadas da África do Sul e têm cerca de 20 vezes mais riqueza do que os sul-africanos negros.
Trump assinou uma ordem executiva no início de fevereiro que concede reassentamento a "refugiados afrikaners" que enfrentam "discriminação baseada na raça patrocinada pelo governo, incluindo confisco de propriedade racialmente discriminatório."
Uma referência a uma lei sul-africana de expropriação de terras, que Trump acredita que levará à confiscação de quintas detidas por brancos. A nova lei sul-africana destina-se supostamente a corrigir as desigualdades enraizadas no antigo sistema do apartheid.
Relações diplomáticas tensas
As relações diplomáticas entre os EUA e a África do Sul estão tensas desde que Donald Trump ordenou a suspensão da ajuda económica à África do Sul em fevereiro passado, acusando o seu governo de "confiscar" terras à minoria afrikaner.
Trump assinou um decreto executivo que permite aos afrikaners que aleguem sofrer "discriminação racial injusta" pedir asilo nos Estados Unidos.
O executivo sul-africano pediu a Washington que clarificasse o estatuto das pessoas que vão deixar o país, especificando se são requerentes de asilo, refugiados ou cidadãos comuns.
"É profundamente lamentável que a possível deslocação de sul-africanos para os EUA, sob a premissa de serem 'refugiados', pareça ter motivações políticas e procure desafiar a democracia constitucional da África do Sul", declarou o Ministério sul-africano das Relações Internacionais e da Cooperação.