1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaÁfrica do Sul

Sul-africanos brancos viajam para os EUA como refugiados

ms | DW (Deutsche Welle) | Reuters | AP | Lusa
12 de maio de 2025

Os primeiros sul-africanos brancos a quem foi concedido o estatuto de refugiado ao abrigo de um programa iniciado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, partiram de Joanesburgo no domingo à noite.

Presidente dos EUA Donald Trump (à esquerda) e o chefe de Estado sul-africano Cyril Ramaphosa
Relações diplomáticas entre EUA e África do Sul estão tensas desde que Donald Trump ordenou a suspensão da ajuda económica à África do Sul em fevereiroFoto: Ting Shen and Alfredo Zuniga/AFP

Os afrikaners deixaram o Aeroporto Internacional Oliver Tambo, em Joanesburgo, num voo fretado, rumo ao Aeroporto Dulles, em Washington, de onde viajarão para o Texas.

O avião financiado pelos Estados Unidos transportava 49 passageiros, de acordo com o porta-voz do Ministério dos Transportes sul-africano, Collen Msibi, que disse ainda que foi seguido um processo rigoroso para permitir que o avião entrasse na África do Sul.

"O pedido de autorização [para aterrar] dizia que eram afrikaners que se estavam a deslocar para os EUA como refugiados", confirmou Msibi, que esteve no aeroporto de Joanesburgo para supervisionar o embarque das pessoas. 

A emissora americana NPR informou que 12 estados tinham concordado em acolher os afrikaners, uma minoria étnica branca, em grande parte descendente de colonos holandeses, alemães e franceses, alguns dos quais têm família nos EUA.

Porque é que Trump lhes ofereceu asilo?

O Presidente dos EUA, Donald Trump, juntamente com Elon Musk, seu conselheiro e diretor executivo da Tesla, nascido na África do Sul, têm-se manifestado sobre o que alegam ser a perseguição dos sul-africanos brancos pela maioria negra do país.

Isto apesar de os afrikaners continuarem a ser um dos grupos mais privilegiados da África do Sul desde o fim do apartheid, há 30 anos. Governaram a África do Sul durante o regime de segregação racial do apartheid, que se caracterizou pela frequente repressão violenta de sul-africanos negros.

Os sul-africanos brancos representam apenas cerca de 7% da população do país, mas continuam a deter cerca de 78% das terras agrícolas privadas da África do Sul e têm cerca de 20 vezes mais riqueza do que os sul-africanos negros.

Das tarifas à mediação de conflitos: Trump está em todas

05:23

This browser does not support the video element.

Trump assinou uma ordem executiva no início de fevereiro que concede reassentamento a "refugiados afrikaners" que enfrentam "discriminação baseada na raça patrocinada pelo governo, incluindo confisco de propriedade racialmente discriminatório."

Uma referência a uma lei sul-africana de expropriação de terras, que Trump acredita que levará à confiscação de quintas detidas por brancos. A nova lei sul-africana destina-se supostamente a corrigir as desigualdades enraizadas no antigo sistema do apartheid.

Relações diplomáticas tensas

As relações diplomáticas entre os EUA e a África do Sul estão tensas desde que Donald Trump ordenou a suspensão da ajuda económica à África do Sul em fevereiro passado, acusando o seu governo de "confiscar" terras à minoria afrikaner. 

Trump assinou um decreto executivo que permite aos afrikaners que aleguem sofrer "discriminação racial injusta" pedir asilo nos Estados Unidos.

O executivo sul-africano pediu a Washington que clarificasse o estatuto das pessoas que vão deixar o país, especificando se são requerentes de asilo, refugiados ou cidadãos comuns.

"É profundamente lamentável que a possível deslocação de sul-africanos para os EUA, sob a premissa de serem 'refugiados', pareça ter motivações políticas e procure desafiar a democracia constitucional da África do Sul", declarou o Ministério sul-africano das Relações Internacionais e da Cooperação.

Tarifas americanas: Aberta guerra comercial entre UE e EUA?

08:29

This browser does not support the video element.

Lusa Agência de notícias