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SaúdeGuiné Equatorial

África CDC: Surto de vírus de Marburg não justifica pânico

Lusa
16 de fevereiro de 2023

O Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças de África considera que o surto do vírus de Marburg confirmado na Guiné Equatorial não deve "semear pânico", sublinhando empenho dos especialistas para que não se espalhe.

Marburg-Virus
Foto: CDC/dpa/picture alliance

"Neste momento, não vemos nenhum perigo para além do das comunidades afetadas e estamos a trabalhar para manter esse risco baixo", disse Ahmed Ogwell, diretor interino do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças de África (África CDC, na sigla em inglês), numa conferência de imprensa para falar deste surto e também das infeções por Mpox (ou varíola dos macacos).

"Temos um surto [de febre hemorrágica causada pelo vírus de Marburg] que está numa comunidade perto de duas fronteiras, com os Camarões e o Gabão. Mas isso não deve semear o pânico, porque estamos a trabalhar de perto para garantir que não se espalhe", sublinhou.

O surto foi detetado na província de Kié-Ntem, no oeste da região continental da Guiné Equatorial, que confirmou na segunda-feira a morte até então de nove pessoas devido à doença, e depois disso não foram detetados novos contágios, segundo informação avançada na quarta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

As autoridades da Guiné Equatorial mantêm agora 21 pessoas "isoladas", enquanto laboratórios naquele país e o organismo de saúde pública de África analisam os testes recolhidos.

Entre as medidas que foram tomadas, Ogwell destacou a limitação dos movimentos, uma campanha de sensibilização e o destacamento de pessoal de saúde para as pessoas que apresentam os sintomas desta doença "testadas serem tratadas".

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Evitar propagação do surto

Da mesma forma, o África CDC está a cooperar "de perto" com os Camarões e o Gabão "para evitar a propagação" do surto, países onde a OMS garantiu que no momento, não há nenhum caso confirmado, estando a colaborar com o Ministério da Saúde camaronês para "investigar um alerta naquele país".

"Temos muita experiência com febres hemorrágicas e queremos garantir que vamos acabar com este surto o mais rápido possível", acrescentou Ogwell.

A doença de Marburg é uma febre hemorrágica viral altamente infeciosa, da mesma família e tão mortal como a doença do vírus Ébola, mais conhecida.

No passado, foram detetados surtos e casos esporádicos desta doença noutros países africanos, como Angola, Gana, Guiné-Conacri, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e Uganda e estima-se que tenha matado mais de 3.500 pessoas em África.

Os morcegos-da-fruta são os hospedeiros naturais deste vírus, que quando transmitido aos seres humanos pode ser espalhado através do contacto direto com fluidos como sangue, saliva, vómito ou urina.

África CDC espera que vacinas contra Mpox cheguem ao continente "dentro de duas semanas, no máximo" Foto: Arlette Bashizi /REUTERS

Vacinas contra Mpox

Sobre o Mpox, o responsável do África CDC anunciou esperar que as vacinas cheguem finalmente ao continente "dentro de duas semanas, no máximo" depois de meses à espera de doses disponíveis.

As vacinas irão primeiro para países com necessidade aguda e mais casos, detalhou Ahmed Ogwell, sabendo-se que o Congo e a Nigéria tiveram o maior número de infeções por Mpox.

Em julho, a OMS designou o Mpox como uma emergência global devido a surtos na Europa e na América do Norte e apelou ao mundo para que apoiasse os países africanos, mas nenhum país rico partilhou vacinas ou tratamentos com o continente africano, mesmo quando os casos noutras regiões diminuíram.

No início de dezembro, o África CDC disse que o continente iria receber o seu primeiro lote de 50.000 vacinas Mpox através de uma doação da Coreia do Sul, que seria usado primeiro para profissionais de saúde e pessoas que vivem nas áreas mais atingidas.

O Mpox é uma doença rara causada por infeção com um vírus da mesma família que causa varíola, endémica em partes de África, onde as pessoas foram infetadas através de picadas de roedores e outros pequenos animais.

Desde 2000, África reportou cerca de 1.000 a 2.000 casos suspeitos de Mpox todos os anos, mas o número subiu para mais de 3.000 no ano passado.

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