Interrupção das obras da refinaria do Lobito
25 de agosto de 2016 Iniciada em 2011 e cuja conclusão estava prevista para 2018, a construção da refinaria do Lobito, com capacidade para tratar 200 mil barris de petróleo por dia, visa evitar a dependência das importações e reduzir as reservas internacionais liquidas.
O economista Francisco Miguel Paulo, professor auxiliar e investigador do Centro de Estudos e Investigação Cientifica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, está certo de que os impactos desta decisão serão negativos.
Ele prevê que “o país vai continuar a sofrer pressões no que diz respeito as importações de combustíveis. Mas existem outras questões que devemos analisar, nessas obras. Há várias empresas envolvidas que contrataram muita mão de obra e com esta situação muita gente vai para o desemprego" e conclui: "Portanto, há várias consequências económicas e sociais desta decisão”.
Repensar o projeto
Mas o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), tem uma opinião diferente. José Severino, saúda a decisão de suspender as obras da refinaria do Lobito pelas seguintes razões: “O projeto merece ser reavaliado do ponto de vista de viabilidade económica e até ambiental. Por isso, tenho que saudar essa decisão de suspender as obras. Agora fazer uma refinaria por cima de uma cidade e por cima de uma baía com todos os riscos que nós conhecemos, é impensável”.
O presidente da AIA acredita mesmo que a Sonangol esteja a reavaliar o local da construção da futura refinaria do Lobito. Segundo ele, “não se justifica ter uma cidade por cima da cidade do Lobito" e prossegue: "Agora você me pergunta, será uma situação financeira que levou a essa situação? Eu penso que não deve ser isso, a situação financeira pode ter sido a chave para bloquear um projeto com esses problemas.”
Entraves quase triplicaram os custos
A futura refinaria do Lobito, cujas infraestruturas de suporte, nomeadamente, a estrada para o transporte de carga pesada e o terminal marítimo já estão concluídos. Ela teve inicialmente uma previsão de custos de cinco biliões de dólares, sendo que, atualmente, de acordo com o site Maka Angola, que cita fontes da Sonangol, a estimativa ascendeu aos 14 biliões de dólares, devido a fatores como corrupção, obstrução política e criação de obstáculos à entrada de parceiros idóneos no projeto.
Tendo em conta os valores estimados que o projeto já terá consumido, o investigador do CEIC da Universidade Católica, Francisco Miguel Paulo, discorda da opinião do presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino: “Normalmente as empresas quando fazem esses megaprojetos são obrigados a fazer um estudo de impacto ambiental. Portanto, não é agora que vão recuar depois de se investir a quantia que se avançou. Acho que devem existir outras razões. Essa desculpa não pega.”