Tanques israelitas nos arredores da cidade de Gaza
30 de outubro de 2023As forças israelitas cortaram a estrada de Salahedine, que liga o norte ao sul da Faixa de Gaza, avança a agência francesa AFP.
A EFE também noticiou a presença de tanques israelitas na principal artéria do enclave palestiniano. Segundo a agência espanhola, os soldados israelitas controlam agora o território desde a fronteira oriental do enclave até à estrada de Salahedine, na direção da cidade de Gaza.
Os tanques israelitas foram colocados em dois setores da estrada de Salahedine, um no cruzamento dos Mártires, a 1,5 km da fronteira israelita, e outro a dois quilómetros da fronteira, relatou uma fonte à AFP. "Eles cortaram a estrada de Salahedin e estão a disparar contra qualquer veículo que tente passar por ela", disse um residente.
As testemunhas não referiram quaisquer combates com combatentes do Hamas.
Na passada sexta-feira, Israel anunciou que a ofensiva contra o grupo palestiniano Hamas tinha entrado numa segunda fase e que iria expandir as operações terrestres, após duas semanas de bombardeamentos intensos.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram ter atingido 600 alvos em Gaza nas últimas 24 horas. Os alvos incluem depósitos de armas, dezenas de lançadores de mísseis antitanque e esconderijos do grupo islamita palestiniano Hamas.
Bombardeamentos nos arredores de hospitais
As Nações Unidas alertaram hoje que durante o fim de semana Israel bombardeou os arredores de três hospitais de Gaza, incluindo o mais importante do enclave, Al-Shifa, onde estão milhares de pacientes e deslocados.
No seu relatório diário sobre a situação em Gaza, que pode ser atualizado graças ao regresso das telecomunicações ao enclave palestiniano no domingo, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na siga em inglês) indicou que houve ataques próximos dos hospitais de Al-Shifa, Al-Quds (ambos na capital Gaza) e do Hospital Indonésio, na parte norte do território palestiniano.
"Os dez hospitais ainda operacionais, na cidade de Gaza e no norte do enclave, receberam repetidas ordens de evacuação nos últimos dias", afirmou a ONU, acrescentando que cerca de 117 mil pessoas deslocadas internamente estão abrigadas nestas instalações, juntamente com milhares de pacientes.
No balanço da ONU recorda-se o apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) para suspender estas ordens de evacuação, uma vez que na opinião da agência de saúde das Nações Unidas, "é impossível retirar os pacientes sem colocar as suas vidas em risco".
Outro motivo de preocupação para a ONU é o saque no sábado de vários armazéns de ajuda humanitária da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), um sinal, segundo as Nações Unidas, de que "a ordem civil está a colapsar depois semanas de guerra e cerco severo".
Entrada da ajuda humanitária
No domingo, houve um aumento no número de camiões com ajuda humanitária autorizados a entrar em Gaza através da passagem de Rafah (Egito), para 33, elevando o total desde o início destas entradas, em 21 de outubro, para 117, dos quais cerca de 70 destes levaram material médico.
De acordo com a ONU, que cita números do Ministério da Saúde de Gaza, 302 palestinianos morreram no enclave, elevando o número de mortes desde o início das hostilidades em 7 de outubro para 8.005, incluindo 3.324 crianças e 2.062 mulheres, além de 1,4 milhões de deslocados internos.
Na Cisjordânia, a morte de mais quatro palestinianos nas últimas 24 horas elevou o número de vítimas das forças de segurança israelitas e dos colonos judeus nas últimas três semanas para 115, incluindo 33 crianças, enquanto cerca de mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.
Em Gaza "os ataques aéreos parecem estar a destruir sistematicamente áreas residenciais inteiras", denunciou o relatório das Nações Unidas, que citou bombardeamentos como o de Jabalia (norte de Gaza) que causou 26 mortes no domingo, deixando outras 14 pessoas soterradas entre os escombros.
Num ambiente onde o sul de Gaza já não é visto como mais seguro do que o norte, "as pessoas deslocadas internamente deslocam-se de uma área para outra com base na possibilidade de obter água e alimentos", indicou o relatório da ONU.