Presidente John Magufuli decretou três dias de luto nacional. Explosão de camião-cisterna no sábado (10.08) fez 69 mortos e dezenas de feridos, segundo o mais recente balanço das autoridades.
Publicidade
O Presidente da Tanzânia decretou três dias de luto nacional na sequência da explosão de um camião cisterna que no sábado provocou 69 mortos em Morogoro, na zona leste do país.
"O Presidente John Magufuli decretou três dias de luto nacional a contar a partir de sábado", indica um comunicado oficial citado pela agência de notícias France Presse.
O país prepara as cerimónias fúnebres das vítimas da tragédia e o primeiro-ministro Kassim Majaliwa estará presente em representação do chefe de Estado, diz ainda o comunicado.
"Estamos de luto pela perda de 69 pessoas. A última morreu enquanto era transferida de helicóptero para o hospital nacional em Dar es Salaam", disse Majaliwa aos residentes em declarações transmitidas na televisão tanzaniana.
Cerimónias fúnebres têm lugar este domingo
Os funerais têm início na tarde deste domingo (11.08), anunciou a ministra dos Assuntos Parlamentares Jenista Mhagama, depois de os familiares das vítimas terem identificado os corpos, durante a manhã.
"Terminámos os preparativos para os funerais. Foram abertas sepulturas individuais e os caixões estão prontos", disse Mhagama, acrescentando que há especialistas disponíveis para prestar aconselhamento psicológico às famílias.
39 feridos graves foram levados para o hospital de Dar es Salaam, enquanto outros 17 continuam a receber tratamento em Morogoro, a 200 quilómetros da capital económica da Tanzânia.
Grande parte das vítimas são condutores de moto-táxis e pessoas da zona que acorreram ao local onde o camião se despistou para recuperar combustível.
Segundo o governador de Morogoro, Stephen Kebwe, quando as pessoas enchiam as suas latas com combustível, um homem tentou arrancar a bateria do camião, provocando a explosão. Ao final da manhã, a polícia anunciou a extinção do incêndio.
"A região de Morogoro nunca tinha tido um desastre de tal magnitude", disse Kebwe à imprensa no local.
Tragédia em Tete
A explosão de um camião-cisterna em Tete, centro de Moçambique, durante um roubo coletivo de combustível causou 93 mortos. Dezenas de famílias ficaram desestruturadas e sem base de sustento.
Foto: DW/A. Zacarias
A explosão
A explosão deste camião-cisterna (17.11) que transportava combustível, em Nhacathale, localidade de Caphiridzange, província de Tete, centro de Moçambique, matou 93 pessoas, segundo o último balanço oficial. Entre as vítimas, há duas grávidas e 12 crianças, que estavam envolvidas no roubo coletivo do combustível, quando se deu a explosão. Há 50 feridos no hospital provincial, 13 em estado crítico.
Foto: DW/A. Zacarias
Camião abandonado
Este camião de uma companhia malauiana transportava dois tanques de combustível. Ter-se-á desviado da rota, para vender combustível a revendedores de rua, segundo a agência Lusa. Mas uma das secções do tanque incendiou-se. Os motoristas ter-se-ão posto em fuga e, na ausência das autoridades, a população começou a retirar combustível da segunda secção do tanque, onde se deu a explosão.
Foto: DW/A. Zacarias
Roubo de combustível fatal
Esta moto foi usada por alguns populares para o transporte de combustível, desde o local onde se encontrava o camião, em Nhacathale, na localidade de Caphiridzange, para as casas dos populares, para posteriormente ser vendido.
Foto: DW/A. Zacarias
Aldeia de luto
Em Nhacathale quase todas as famílias estão de luto. Há órfãos, viúvas e há casas onde todos perderam a vida. Dezenas de famílias ficaram desestruturadas e perderam a base de sustento. No sábado (19.11), pelo menos 22 corpos foram a enterrar no cemitério local.
Foto: DW/A. Zacarias
Causas ainda por apurar
A ministra da moçambicana da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua, visitou o local da tragédia, cujas causas permanecem incertas, disse.
A ministra anunciou que o Governo criou uma comissão para assegurar que a desintegração das famílias não conduza os sobreviventes para um caos social. A comissão de apoio social deverá fazer um levantamento das necessidades.
Foto: DW/A. Zacarias
Sozinho com 11 filhos
Manuel António ficou viúvo. Tinha duas esposas, as duas morreram carbonizadas no local da tragédia. António tem agora 11 filhos menores à sua guarda. O carpinteiro de 57 anos conta que quando a explosão aconteceu estava no mato à procura de madeira para sua carpintaria.
Foto: DW/A. Zacarias
Lágrimas
Helena chora pela irmã. Muitas famílias estão desesperadas, porque a cada dia há mais mortes no hospital e há novas famílias atingidas ou repetindo o luto. Vários residentes dizem que vai demorar ainda muito tempo até que a aldeia recupere da dor da tragédia.
Foto: DW/A. Zacarias
Famílias desestruturadas
Joseph, de 51 anos, perdeu três elementos da família na explosão do camião-cisterna. Sobrinho, irmão e cunhado, todos morreram no local da tragédia. Moçambique cumpriu três dias de luto nacional.
Foto: DW/A. Zacarias
Sofrimento generalizado
Enquanto se choram os mortos, trata-se dos feridos. O Governo moçambicano anunciou que reforçou a capacidade de intervenção dos serviços de saúde, nomeadamente do Hospital Provincial de Tete, incluindo mais médicos, medicamentos e a disponibilização de dispositivos de climatização para os blocos de enfermaria. Ainda nenhum dos feridos teve alta.
Foto: DW/A. Zacarias
Órfãos
Muitos menores ficaram órfãos em Nhacathale, na sequência da explosão do camião-cisterna que transportava combustível. Na aldeia, quase ninguém sai à rua para consolar os vizinhos em luto, como é tradicional na cultura moçambicana. Isto porque quase todas as casas estão de luto.