Tanzânia: Magufuli "em forma e a trabalhar arduamente"
AFP | Lusa | tms
12 de março de 2021
Primeiro-ministro tanzaniano disse ter conversado por telefone com John Magufuli e assegurou que o PR está saudável e "a trabalhar arduamente". Declarações tentam afastar rumores sobre a saúde do chefe de Estado.
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Magufuli não é visto em público desde 27 de fevereiro e não se tem manifestado desde que surgiram rumores nos meios de comunicação social de que estava gravemente doente com Covid-19.
"Quero assegurar aos tanzanianos que o vosso Presidente está em forma e está a trabalhar arduamente, como de costume", disse o primeiro-ministro Kassim Majaliwa esta sexta-feira (12.03) numa mesquita na região sul de Njombe, num vídeo colocado online.
"Até falei com ele esta manhã sobre a minha viagem a Njombe e ele disse-me para vos saudar por ele. Falei-lhe por telefone em Dar es Salaam enquanto estive em Dodoma", a capital administrativa do país, acrescentou o chefe do Governo.
A declaração de Majaliwa é a primeira a contradizer diretamente os rumores de que Magufuli está doente. Na quinta-feira, o ministro tanzaniano dos Assuntos Constitucionais e Jurídicos ameaçou processar qualquer pessoa que transmita rumores "disparatados" sobre a saúde do Presidente, mas não respondeu a perguntas sobre o seu estado.
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Oposição questiona
O principal partido da oposição, Chadema, esta sexta-feira, apelou novamente a uma explicação sobre onde se encontra o Presidente.
"Somos forçados a perguntar isto desde que o Presidente apareceu em público há cerca de duas semanas e nenhuma declaração oficial foi emitida após notícias dos meios de comunicação social de que ele terá sido hospitalizado. Temos o direito de saber isto", disse o secretário-geral do Chadema, John Mnyika, numa conferência de imprensa.
O candidato da oposição nas eleições presidenciais do ano passado, Tundu Lissu, escreveu no início desta semana no Twitter que "o bem-estar do Presidente é uma questão de grande preocupação pública".
Segundo o opositor, as suas fontes indicam que o Presidente Magufuli terá sido transportado para a Índia por razões de saúde, enquanto um jornal do Quénia disse que o chefe de Estado tanzaniano foi hospitalizado em Nairobi. Entretanto, nenhuma das informações foram confirmadas oficialmente.
Postura do PR
John Magufuli tem vindo a afirmar desde meados no ano passado que a Tanzânia está "livre" de Covid-19, em virtude das orações dos tanzanianos.
O chefe de Estado acabou por infletir o tom desta crença em fevereiro, encorajando, ainda que sem convicção, o uso de máscaras, quando o país era já incapaz de esconder uma onda de mortes, oficialmente atribuída à pneumonia, mas que terá como explicação uma forte vaga de contágios com a nova variante sul-africana do vírus.
Duas figuras proeminentes do país morreram entretanto por complicações associadas à pandemia, o primeiro vice-presidente do arquipélago semi-autónomo de Zanzibar, Seif Sharif Hamad, cujo partido confirmou que havia contraído Covid-19, e o diretor-geral da Administração Pública, John Kijazi.
Países africanos que mais violam a liberdade de imprensa
Gana é o país africano mais bem classificado no "<i>Ranking</i> Mundial da Liberdade de Imprensa" dos Repórteres sem Fronteiras. A Eritreia é o pior em África e, a nível mundial, só é melhor que a Coreia do Norte.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
Eritreia - posição 179º lugar
A liberdade de imprensa é considerada "não existente". Em 2001, uma série de medidas repressivas contra <i>media</i> independentes levaram a uma onda de detenções. O Presidente Isaias Afeworki é visto como um “predador” da liberdade de imprensa e usa os meios de comunicação nacionais como seus porta-vozes. Escritores, locutores e artistas são censurados e a informação é escondida dos cidadãos.
Foto: picture-alliance
Sudão - 174º lugar
Na capital Cartum, pratica-se a chamada “censura pré-publicação". O Governo detém jornalistas arbitrariamente e interfere abertamente na produção de notícias. A "Lei da Liberdade de Informação de 2015" é vista como uma outra forma de exercer controlo governamental sobre a informação pública. Os jornalistas têm de passar por um teste e obter uma permissão para trabalhar.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
Burundi - 159º lugar
Repressão estatal contra a liberdade de imprensa e intimidação de jornalistas é comum no país. <i>Media </i> controlados pelo Estado substituem cada vez mais estações de rádio independentes, depois de a maior parte delas ter sido forçada a fechar, após uma tentativa de golpe de estado há três anos. Centenas de jornalistas fugiram do país desde 2015. Na foto, protesto de jornalistas no país.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
República Democrática do Congo - 154º lugar
Defensores dos <i>media</i> falam em jornalistas mortos, agredidos, detidos e ameaçados desde que Joseph Kabila sucedeu ao pai na presidência do país em 2001. Orgãos de comunicação internacionais queixam-se que o Governo interfere nos sinais de rádio ou corta mesmo a transmissão. Protestos da oposição levaram as autoridades a interromper ou cortar o acesso à Internet.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Suazilândia - 152º lugar
Esta monarquia absoluta tem a reputação de obstruir o acesso à informação e impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho. Os <i>media</i> estão sujeitos a leis restritivas e repórteres são frequentemente chamados a tribunal pelo seu trabalho. Auto-censura é comum. Um editor saiu recentemente do país depois de fazer uma reportagem sobre negócios obscuros ligados ao Rei Mswati III (na foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Etiópia - 150º lugar
O Governo tem uma mordaça sobre os órgãos de comunicação e os jornalistas trabalham sobre condições muito restritivas. Com a Eritreia, este país tem uma das mais altas taxas de jornalistas detidos na África subsariana. Na foto, o jornalista etíope Getachew Shiferaw, que foi condenado a 18 meses de prisão por ter falado com um dissidente.
Foto: Blue Party Ethiopia
Sudão do Sul - 144º lugar
Os jornalistas são obrigados pelo Governo a evitar fazer cobertura do conflito. Órgãos de comunicação internacionais denuciaram casos de assédio e foram banidos deste jovem país, onde pelo menos 10 jornalistas foram mortos desde 2011. Na foto, dois jornalistas do Uganda que tinham sido detidos por autoridades no Sudão do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/W. Wudu
Camarões - 129º lugar
O Governo chamou às redes sociais uma “nova forma de terrorismo”, e bloqueia frequentemente o acesso às mesmas. Emissões de rádio e televisão foram bloqueadas duas semanas em março, durante o período eleitoral. Jornais que publicam conteúdos que desagradam políticos no poder são banidos e jornalistas e editores são detidos.
Foto: picture alliance/abaca/E. Blondet
Chade - 123º lugar
Os jornalistas arriscam-se a detenções arbitrárias, agressões e intimidações. Nos últimos meses, o Governo tem vindo a reprimir plataformas de <i>social media</i> e ciber-ativistas. A Internet tem estado bloqueada no país desde 28 de março, no seguimento de um “apagão” da Internet devido a manifestações da sociedade civil e protestos dos órgãos de comunicação num chamado “dia sem imprensa”.
Foto: UImago/Xinhua/C. Yichen
Tanzânia - 93º lugar
Críticos dizem que o Presidente John Magufuli tem vindo a atacar a liberdade de expressão deliberadamente, desde que tomou posse em 2015. Jornalistas foram presos ou dados como desaparecidos. Orgãos de comunicação social foram fechados ou impedidos de publicar durante longos períodos de tempo. Leis que podem ser usadas contra os <i>media</i> foram apertadas.