Números parciais divulgados pela comissão nacional registam mais de 80% dos votos a Magufuli. Esmagadora maioria no Parlamento faz oposição desconfiar de plano para mudar Constituição a fim de um terceiro mandato.
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O Presidente da Tanzânia está prestes a ser declarado vencedor das eleições de quarta-feira (28.10) apesar das alegações de fraude da oposição e do ceticismo internacional em relação ao pleito.
Segundo a os dados divulgados pela comissão eleitoral na manhã desta sexta-feira (30.10), o Presidente John Magufuli tem 83% dos votos no momento em que 60% do total havia sido apurado.
O partido Chama Cha Mapinduzi ganhou 194 lugares no parlamento, enquanto os partidos da oposição ganharam apenas dois. Isso significa que dois dos principais partidos da oposição perderem assentos.
O partido no poder parece ter assegurado a maioria de dois terços no Parlamento, o que é necessário para alterar a Constituição.
O projeto educacional da FRELIMO no exílio
Em 1962, ano de fundação da Frente de Libertação de Moçambique em Dar Es Salaam, no exílio na Tanzânia, surgiu a escola da FRELIMO em Bagamoyo. A partir da escola a FRELIMO planeou a independência de Moçambique.
Foto: Gerald Henzinger
Lembranças dos tempos coloniais alemães
De 1888 a 1891, Bagamoyo foi capital da colónia África Oriental Alemã, atual Tanzânia. Ainda hoje, os edifícios coloniais – como o da foto – lembram aquela época. Em 1916, a colónia alemã tornou-se britânica e, em 1961, conquistou a independência como Tanganica. Pouco depois, começaram as primeiras ambições independentistas no vizinho Moçambique, então colónia portuguesa.
Foto: Gerald Henzinger
A casa do primeiro presidente
O primeiro presidente de Moçambique após a independência, Samora Machel, morou nesta casa. Tanganica apoiava o movimento moçambicano pela independência. Em 1962, ano de fundação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, hoje no poder) em Dar Es Salaam, na Tanzânia, surgiu a escola do movimento em Bagamoyo. As instalações ficam a cerca de 5 km a sul de Bagamoyo.
Foto: Gerald Henzinger
Educação para uma nova sociedade
A partir de Bagamoyo, a FRELIMO planeou a independência de Moçambique, ex-colónia portuguesa. Um dos pilares da nova sociedade moçambicana deveria ser a educação. Na altura da independência, em 1975, grande parte da população moçambicana não sabia nem ler, nem escrever. Cinco anos depois, em 1980, a ONU ainda contava 73% de analfabetos. Em 2009, a taxa caiu para 45%.
Foto: Gerald Henzinger
Ajuda da Tanzânia
Placas apontam para a história do edifício da escola da FRELIMO – esta diz que o prédio da foto era um dormitório para combatentes pela libertação moçambicana. Durante as lutas pela independência de Portugal, a FRELIMO obteve ajuda da Tanzânia, já independente, e pôde estabelecer bases neste país vizinho, a norte de Moçambique.
Foto: Gerald Henzinger
Celeiro de dirigentes
Importantes personalidades atuavam no projeto educacional da FRELIMO no exílio, como nesta sala de aulas, em Bagamoyo. Um exemplo destas personalidades é a ex-vice-diretora da escola da FRELIMO no local, Graça Machel, viúva de Samora Machel. Posteriormente, ela tornou-se ministra da Educação de Moçambique e ficou conhecida como a atual esposa do antigo presidente sul-africano, Nelson Mandela.
Foto: Gerald Henzinger
Sobras dos potenciais intelectuais
Esta casa de lata costumava ser uma sala de estudos. Mais tarde, uma biblioteca. Agora, as instalações estão vazias. Muitos dos antigos alunos da escola da FRELIMO em Bagamoyo acabaram por ocupar cargos importantes em Moçambique, como em ministérios. Atualmente, muitos também trabalham nas universidades do país.
Foto: Gerald Henzinger
A Kaole High School
Depois da independência de Moçambique, os combatentes da FRELIMO saíram de Bagamoyo. Entre 1975 e 2011, a "Kaole High School" (escola secundária Kaole) passou a funcionar no local. Para que os alunos pudessem encurtar o caminho até a sala de aula, as autoridades educacionais tanzanianas construíram uma escola no centro de Bagamoyo. Na foto, um antigo dormitório.
Foto: Gerald Henzinger
Decadência
Poucos meses depois do fechamento da "Kaole High School", as condições dos edifícios era catastrófica. Os bancos de madeira estão sujos, cabras defecam nas antigas salas de aula, janelas e portas estão demolidas.
Foto: Gerald Henzinger
Descaso das autoridades?
As autoridades escolares da Tanzânia praticamente desistiram dos edifícios da antiga escola da FRELIMO. O governo moçambicano também não agiu para preservar a área – um dos pilares da história do país.
Foto: Gerald Henzinger
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Alguns receiam que o partido no poder utilize a ampla maioria no Parlamento para alterar a Constituição a fim de alargar o limite de dois mandatos presidenciais. Lideranças do Chama Cha Mapinduzi já apelaram para essa mudança.
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Ceticismo nacional e internacional
O Governo dos Estados Unidos disse que "as [alegadas] irregularidades e a vitória com margem avassaladora levantam sérias dúvidas sobre a credibilidade dos resultados''.
A oposição alega fraude generalizada - com votações duplas e bloqueios do acesso de milhares observadores às mesas de voto. Poucos observadores internacionais foram autorizados a estarem presentes ao pleito.
A comissão eleitoral negou as alegações de irregularidades. Magufuli lembra que a Tanzânia recebeu no seu Governo o estatuto de rendimento médio-baixo e isso seria uma das razões que o levaram a merecer outro mandato.
Por outro lado, observadores dizem que os ideais democráticos da Tanzânia diluíram-se nas atitudes de Magufuli, acusado de reprimir vozes dissidentes.
Reuniões políticas da oposição foram proibidos em 2016, ano seguinte a sua tomada de posse, e meios de comunicação social foram visados. Alguns candidatos foram presos, impedidos de fazerem campanha ou desclassificados antes da votação.
O medo da violência pós-eleitoral persiste. O candidato presidencial na região semiautónoma de Zanzibar, Seif Sharif Hamad, do principal partido da oposição, ACT Wazalendo, foi preso com nove outros membros, nesta quinta-feira pela segunda vez esta semana.
Outro funcionário do ACT Wazalendo em Zanzibar, Ismail Jussa, foi espancado por agentes de segurança e hospitalizado, disse o partido.