1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaTanzânia

Presidente alemão pede desculpa pela tirania colonial

AFP | DPA | EPD | cvt
1 de novembro de 2023

Na Tanzânia, Frank-Walter Steinmeier desculpou-se pelos massacres sangrentos durante o domínio colonial alemão e garantiu que a Alemanha está disposta a reconciliar-se com o passado.

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, na Tanzânia
O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, fez uma visita de três dias à TanzâniaFoto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

Durante a sua visita à Tanzânia, o Presidente alemão pediu perdão pelos atos de violência cometidos pelos dirigentes coloniais alemães na então África Oriental Alemã. "Curvo-me perante as vítimas do domínio colonial alemão", disse Frank-Walter Steinmeier durante uma visita à cidade tanzaniana de Songea. "Como Presidente alemão, quero pedir-vos perdão pelo que os alemães fizeram aos vossos antepassados aqui," enfatizou.

"Respostas a perguntas que não vos dão paz"

O Presidente da Alemanha disse "envergonhar-se" dos atos dos colonizadores na então África Oriental Alemã. Os alemães "governaram com uma dureza cruel". Dirigindo-se às famílias das vítimas, disse: "Gostaria de vos assegurar que nós, alemães, procuraremos convosco respostas para as perguntas que não vos deixam em paz".

Steinmeier fez as suas declarações na cidade de Songea, que se situa na região onde se registou uma revolta contra os colonizadores alemães entre 1905 e 1907. Naquela altura, várias tribos uniram-se contra a África Oriental Alemã. A sua resistência ao trabalho forçado nas plantações ou ao aumento constante dos impostos transformou-se na Guerra Maji-Maji, que se estendeu a todo o sul da colónia. Os alemães reagiram com dureza, mandaram executar os líderes e destruíram campos e aldeias. Muitas pessoas morreram de fome. Segundo as estimativas, o número de vítimas do lado tanzaniano ascende a 300 mil pessoas.

O Presidente alemão conversou com os descendentes do líder Ngoni Songea MbanoFoto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

Em Songea, Steinmeier também se encontrou com os descendentes do líder do povo Ngoni, Songea Mbano, que foi enforcado e decapitado pelas tropas alemãs juntamente com 66 outros combatentes, em fevereiro de 1906.

"Faremos o que estiver ao nosso alcance"

Depois de visitar o Museu Maji-Maji e de falar com as famílias das vítimas, Steinmeier disse que queria transmitir uma "mensagem": "A Alemanha está pronta para uma restauração conjunta do passado", afirmou. "Ninguém deve esquecer o que aconteceu naquela altura". A sua "grande esperança" seria que "a reconciliação conjunta com o passado envolva sobretudo os jovens: crianças em idade escolar, estudantes, cientistas, trabalhadores dos museus".

O chefe de Estado alemão também se comprometeu a devolver à Tanzânia os restos mortais de pessoas da antiga colónia. "O que sabemos é que muitos ossos foram trazidos da África Oriental para a Alemanha naquela época e estavam em museus e coleções antropológicas - centenas, talvez milhares de crânios", disse.

No entanto, identificar os restos humanos e classificá-los seria "muito, muito difícil", continuou Frank-Walter Steinmeier. "Devo-vos esta honestidade, mesmo que me seja muito difícil dizê-lo". Mas prometeu: "Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance". O domínio colonial alemão na África Oriental começou em 1885 e durou até à Primeira Guerra Mundial.

Presidente alemão pede desculpa por abusos coloniais

00:47

This browser does not support the video element.