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SociedadeTanzânia

Tanzânia: Turismo de luxo ameaça desalojar 300 mil Maasai

Simone Schlindwein
5 de julho de 2024

Mais de 300 mil pessoas da comunidade Maasai na Tanzânia poderão ser desalojadas para dar lugar a um projeto governamental de turismo de luxo, que tem o filho do ex-Presidente Donald Trump como um dos embaixadores.

Comunidade Maasai que vive na área de conversação de Ngorongoro, na Tanzânia, promete resistir aos planos de despejo do Governo
Protesto da comunidade Maasai que vive na área de conversação de NgorongoroFoto: DW

A Presidente tanzaniana, Samia Suluhu Hassan, quer aumentar a área de terra protegida na Tanzânia dos atuais 30% para 50% do território do país.

No entanto, este projeto tem consequências devastadoras para a comunidade Maasai. A lei proíbe a construção de casas, escolas ou hospitais estas zonas, mas isenta a construção de infraestruturas turísticas.

"Em 12 de abril de 2021, o governo declarou publicamente a destruição de nove escolas públicas, seis centros de saúde, nove escritórios de aldeia e quatro igrejas", explica o advogado Joseph Oleshangay, chefe Maasai de Ngorongoro.

Na altura, o advogado interpôs uma ação judicial contra esta medida e o tribunal decidiu a favor da comunidade, ordenando a paralisação do plano. Mas foi em vão, segundo Joseph Oleshangay.

"Agora temos aqui centros de saúde que já não têm um único analgésico em stock para uma criança. Essa é uma forma de obrigar as pessoas a saírem destas áreas", afirma.

Uma representante do povo Maasai na Tanzânia relata à DW que a vida deste grupo está mais difícil no país: "Uma mulher grávida morre quase todas as semanas na área de conservação de Ngorongoro e em Loliondo."

O serviço de voos médicos, que normalmente transportava doentes para o hospital em caso de emergência em helicópteros, viu a sua licença de voo revogada pelo governo há mais de dois anos, alegadamente devido a problemas de licenciamento.

Uma fonte do governo interrompeu a chamada quando a DW tentou confrontá-lo com os problemas dos cuidados de saúde nas comunidades Maasai.

Quénia: A primeira guia turística da reserva Maasai

03:49

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Turismo de luxo ameaça vida tradicional

A Tanzânia espera que a expansão das áreas protegidas atraia milhares de milhões de euros de investimento estrangeiro e mais turistas. 

A China e os Emirados Árabes Unidos já estão a investir milhares de dólares em projetos de turismo de luxo e áreas antes ocupadas pelos povos Maasai.

Em junho de 2023, Donald Trump Junior, filho do antigo Presidente dos EUA, visitou as zonas afetadas. Trump Júnior encontrou-se com o ministro do Turismo da Tanzânia, Mohamed Mchengerwa, que o nomeou como embaixador do turismo da Tanzânia para atrair clientes de caça abastados dos EUA.

O parlamento tanzaniano está a debater um projeto que prevê a criação de novas áreas protegidas, cuja conclusão está prevista até 2026.

De acordo com o projeto, pelo menos mais 100 aldeias Maasai darão espaço aos projetos de turismo luxuoso. No total, serão deslocadas 300.000 pessoas, segundo as organizações não-governamentais e os afetados.

"Se estes planos forem implementados, os Maasai perderão 80 a 90% das suas terras tradicionais. Isto equivaleria à destruição quase total do seu modo de vida tradicional", alerta Roman Herre, membro da organização não-governamental alemã FIAN, que luta pelos direitos dos Maasai.

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