Tanzânia vai às urnas em meio a divisões partidárias
1 de setembro de 2025
Estão em marcha, na Tanzânia, os preparativos para as eleições presidenciais, agendadas para outubro.
Em declarações, na semana passada, num comício em Dar es Salaam, a atual Presidente, Samia Suluhu Hassan, que irá tentar a reeleição, disse aos seus apoiantes que, nos próximos cinco anos, é intenção do Governo priorizar as áreas da saúde, educação e a elaboração de uma nova constituição. Hassan frisou que continua a guiar-se pela sua política dos 4Rs — reconciliação, resiliência, reforma e reconstrução.
"Guiados pela filosofia dos 4Rs, continuaremos as consultas com as partes interessadas políticas, as organizações da sociedade civil e o setor privado, formando uma comissão para iniciar conversações de reconciliação e mediação e preparar o ambiente para uma nova constituição", declarou.
Samia Suluhu Hassan, que assumiu o cargo depois da morte do seu antecessor, John Magufuli, em 2021, concorre à presidência da Tanzânia apenas contra partidos menores. Isto porque os principais candidatos da oposição foram afastados da corrida presidencial. Uns foram desqualificados, outros estão a braços com a justiça. É o caso de Tundu Lissu, líder do principal partido da oposição, Chadema. Lissu está detido há mais de quatro meses, acusado de traição - o que ele refuta. O seu partido foi impedido de participar nas eleições, em abril, por se ter recusado a assinar o "código de conduta eleitoral".
Na semana passada, a comissão eleitoral rejeitou também a candidatura de Luhaga Mpina, candidato do terceiro maior partido da Tanzânia, o Aliança para a Mudança e Transparência (ACT Wazalendo), alegando que este não tem "qualificações". O partido levou o caso a tribunal, descrevendo a desqualificação como "uma conspiração deliberada do Estado contra a oposição", diz o presidente da alinaça, Othman Masoud Othman.
"Não teríamos contestado qualquer decisão se tivesse seguido os procedimentos adequados. Mas esta decisão da Comissão Eleitoral mostra o quanto estamos atrasados. É doloroso porque revela como o partido no poder, apesar da sua responsabilidade para com este país, está a usar as instituições estatais para atos tão infantis e vergonhosos", criticou.
À DW, o analista político Lugete Mussa nota que, apesar da concorrência de Samia Suluhu Hassan parecer limitada, "houve grandes mudanças no sistema eleitoral [desde 2020] e haverá concorrência ao nível das bases".
"Vimos a comissão eleitoral ser melhorada. Há até um alto nível de transparência e responsabilidade por parte de alguns funcionários da comissão. E houve outras melhorias, como por exemplo, jornalistas e editores a serem envolvidos e a questionar os sistemas eleitorais. O desenvolvimento da democracia tem sido melhor do que em 2020", avalia.
Organizações de defesa dos direitos humanos continuam a denunciar a violência e a repressão no país. Há relatos de espancamentos, agressões e intimidações contra os opositores do Governo.