O ex-ministro da Saúde da Etiópia foi, esta terça-feira (23.05), eleito diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). A cobertura universal de saúde será uma das suas prioridades.
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Tedros Adhanom Ghebreyesus, mais conhecido como Tedros, é também o primeiro diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) que não é médico. Com 52 anos de idade e nacionalidade etíope, Tedros Ghebreyesus assumiu já as pastas dos Ministérios da Saúde e Negócios Estrangeiros no seu país.
Na votação, que decorreu, esta terça-feira (23.05), em Genebra, e que reuniu representantes de saúde de 186 países, o etíope liderou as três rondas de votações, obtendo 133 votos na última, contra os 50 votos conseguidos por David Nabarro, médico e conselheiro especial do secretário-geral da ONU para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e as Alterações Climáticas.
Em conferência de imprensa, na manhã desta quarta-feira (24.05), o também ex-ministro da Saúde e dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, lembrou que, apesar da OMS ter sido criada em 1948 para que a "saúde fosse um direito de todos”, hoje, "ainda metade da população mundial não tem acesso a cuidados de saúde”. Esta será por isso uma das suas prioridades. "Quando se fala em cobertura universal de saúde, tem que se abordar as barreiras financeiras, os desafios relativos ao acesso a drogas e à qualidade dos cuidados e diagnóstico. As epidemias podem atacar a qualquer momento. Temos de estar preparados”, afirmou.
Num discurso antes de se saber o resultado da votação, o novo secretário-geral da OMS afirmou que se "recusa a aceitar que as pessoas continuem a morrer porque são pobres”. Esta quarta-feira, Tedros Adhanom Ghebreyesus, defendeu ainda a ampliação da base de doadores da organização para mediar eventuais cortes de verba proveniente dos Estados Unidos ou de outras fontes.
Reforma do sistema de saúde da Etiópia
A OMS elogiou o trabalho de Ghebreyesus na reforma do sistema de saúde da Etiópia e o seu esforço bem sucedido na criação de centros de saúde e empregos. Durante o seu mandato de sete anos como ministro da Saúde, que terminou em 2012, o agora diretor-geral da OMS, criou 3.500 centros de saúde. O número de escolas de medicina aumentou mais de dez vezes, de 3 para 33, e provocou um aumento exponencial no número de médicos formados em todo o país. Números que contribuíram para a redução das taxas de mortalidade por doenças. As infeções por HIV diminuíram 90% e a mortalidade por malária e tuberculose caiu 75% e 64%, respectivamente.
Reações à eleição
OMS/Novo - MP3-Mono
O trabalho de Tedros Ghebreyesus na Etiópia foi também destacado pelo porta-voz da comunidade etíope na Suiça, Shimeles Bezabih, que não tem dúvidas que a "escolha de Tedros para diretor-geral da OMS foi a mais acertada". Segundo este responsável, Tedros Ghebreyesus "lutou para alcançar os objetivos de desenvolvimento do milénio (MDG´s) mais que qualquer outro país, diminuindo a taxa de mortalidade infantil e materna”, nos anos em que esteve à frente do Ministério da Sáude. Além disso, acrescenta, "quando serviu o seu país como ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrou ser uma pessoa humilde e educada e melhorou as relações da Etiópia com o resto do mundo”.
No entanto, as vozes descontentes com esta nomeação também já se fazem ouvir. O ativista do Grupo de Trabalho da Etiópia para os Direitos Humanos e Democracia na Suiça, Kassahun Adefris, acusa Tedros Ghebreyesus de encobrir surtos de cólera no país.
"Quando era Ministro da Saúde, muitas foram as pessoas que morreram porque ele escondeu a epidemia de cólera no país. Na minha perspetiva, nomear uma pessoa que comete este tipo de erros para esta posição, é questionável”, afirmou.
O novo líder da OMS, que irá suceder a Margaret Chan, que estava no cargo há dez anos, assume funções no próximo dia 1 de julho.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.