A juventude da província angolana do Zaire foi às ruas exigir mais transparência e ações efetivas do governo local para melhorar as infraestruturas e combater o desemprego. Manifestação decorreu de forma pacífica.
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A falta de atenção e o silêncio do Executivo angolano sobre a situação na província angolana do Zaire levou centenas de jovens às ruas este sábado (27.11) num protesto contra o Governo.
A carência de infraestruturas condignas, como obras não concluídas e paralisadas há muitos anos, bem como a falta de emprego para a juventude, são tidos como os principais problemas que afetam a população daquela província.
Muitos dos cartazes carregados pelas centenas de jovens diziam: "O povo do Zaire diz basta às injustiças. Estamos cansados de ver obras inacabadas. Ninguém se alimenta de promessas".
Um dos líderes da manifestação, António Castelo, destacou o não retorno dos lucros da exploração do petróleo, bem como a falta de proatividade e transparência por parte do governo local.
"Na nossa província, a maior contribuinte das receitas nacionais, pesquisas dão conta de que a atividade da extração do petróleo terá começado nas décadas de 1970 a 1980, mas os lucros desta produção não se refletem na vida dos populares", afirmou.
Governo local ausente
Os jovens exigem também que o governo local esteja à altura dos desafios atuais, sendo mais proativo e transparente, e que os manifestantes não sejam reprimidos, incluindo aqueles que atuam no setor público.
"Não se pode misturar as coisas. Nós nos manifestamos como cidadãos e não como funcionários públicos. Não podemos ser perseguidos. Basta de injustiças", disse António Castelo.
Pedro Nkiankanu, outro manifestante, afirmou que o Zaire foi deixado à sua sorte. "Temos um Zaire onde falta de tudo, de infrastruturas condignas, de aeroporto. Temos um Zaire onde a maior parte juventude é desempregada. Temos um Zaire faminto", sublinhou.
Augusto José, também participante da manifestação, disse que a província só existe pelo nome. "O Zaire que nós temos hoje é lamentável. Há um índice elevado de criminalidade. O MPLA [partido no poder] tem de rever a sua postura. Nós queremos um Zaire com dignidade", disse.
Mabuidi Coxe, porta-voz do ato, fez um balanço positivo da atividade e elogiou a atuação da Polícia Nacional. "O balanço é positivo, apesar de algumas situações comportamentais que violaram as regras. Marchamos de forma pacífica, exibimos cartazes de forma pacífica e não houve violência", disse.
Mbanza Congo: Património Mundial sem condições para turismo
Capital da província angolana do Zaire acolhe a partir de 5 de julho o primeiro Festival Internacional da Cultura e Artes. Mas a cidade, que é Património Mundial, tem problemas e poucas condições para acolher turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
FestiKongo anual
O Festival Internacional da Cultura e Artes (FestiKongo) passará a realizar-se anualmente na capital da província do Zaire. Essa foi uma das recomendações da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), aquando da inscrição da cidade angolana na lista do património mundial.
Foto: DW/B. Ndomba
Participação de países africanos
República Democrática do Congo, Congo Brazzaville, Gabão, Camarões, Chade e Guiné Equatorial são alguns dos países convidados. O Ministério da Cultura quer fazer da cidade um "palco de referência cultural nacional e regional", realçando os hábitos, usos e costumes da região. Evento visa também a promoção de músicos, artistas plásticos e criadores de moda, entre outros agentes culturais.
Foto: DW/B. Ndomba
Poucas condições para atrair turistas
A escassez de hotéis e outros serviços é um dos fatores que pode pôr em risco a presença de turistas na cidade histórica. Só há dois hotéis e o mais antigo não oferece condições de alojamento, segundo alguns clientes. O chefe do Turismo na província do Zaire, Ábias Fortuna, reconhece que é preciso construir novas infraestruturas e melhorar os serviços prestados para atrair mais turistas.
Foto: DW/B. Ndomba
O dilema dos transportes públicos
A província do Zaire, cuja capital foi classificada a 8 de julho de 2017 como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, não dispõe de um serviço público de transporte. Por isso, os mototaxistas são a "bóia de salvação" para muitos residentes.
Foto: DW/B. Ndomba
Falta de água potável
Tal como em outras partes de Angola, Mbanza Kongo também regista graves problemas na distribuição de água potável, apesar de a província do Zaire ter vários rios. A maior parte da população consome água imprópria para consumo.
Foto: DW/B. Ndomba
Grutas de Zau Evua
Localizadas bem no centro da província do Zaire, a poucos quilómetros de Mbanza Kongo, as grutas de Zau Evua constam da lista de sete maravilhas naturais de Angola. As cavernas fazem parte de uma rede de grutas e galerias, quase todas desconhecidas e ainda por explorar. É um local que não pode faltar no roteiro de quem visita Mbanza Kongo.
Foto: DW/B. Ndomba
Lixo espalhado pela cidade
É visível a falta de um programa de limpeza na cidade, onde os contentores estão cheios de resíduos não recolhidos. Outro exemplo é a piscina construída pelo Governo Provincial, cuja água não trocada já ganhou a cor verde. Como é prática das administrações, tendo em conta a importância do festival, começaram agora a ser traçados programas de limpeza na cidade dos "Reis do Kongo".
Foto: DW/B. Ndomba
Faltam espaços de lazer
A falta de espaços de lazer é outra preocupação dos munícipes de Mbanza Kongo, na sua maioria jovens. Devido à falta de locais para a prática desportiva, a equipa do escalão júnior do São Salvador do Kongo, o principal clube da província, treina no "jardim moribundo" do Governo do Zaire.
Foto: DW/B. Ndomba
Novo aeroporto em construção
Cumprindo as recomendações da UNESCO no dossier Mbanza Kongo como Património Mundial da Humanidade, a cidade terá um novo aeroporto, em substituição do antigo, no centro da capital do Zaire. Enquadrado no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP), o novo aeroporto está a ser construído na comuna de Kiende, a 33 quilómetros de Mbanza Kongo.