Governo de Nampula sem verba suficiente para apoiar famílias
Sitoi Lutxeque (Nampula)
26 de janeiro de 2022
A tempestade tropical Ana já matou pelo menos 11 pessoas em Moçambique, desde segunda-feira (24.01). Na província de Nampula o Governo local diz que não tem meios suficientes para acudir de imediato à população.
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Seis mortos e quatro feridos é a mais recente balanço da passagem da tempestade tropical Ana na província de Nampula, mais concretamente nos distritos de Mogovolas, Moma, Monapo e na capital provincial, Nampula.
Os dados foram avançados pelo Secretário de Estado na província de Nampula, Mety Gondola.
"Foram afetadas cerca de 24.275 pessoas, o que corresponde a cerca de 5.504 famílias. Os distritos que tiveram maior incidência são Liupo, com cerca de 8.265 pessoas, Monapo, 7. 233, e ainda o distrito de Moma, com cerca de 3. 856", acrescentou.
A tempestade tropical Ana destruiu completamente 1.207 edifícios e danificou outros 4.311, entre os quais mais de duas dezenas de escolas.
Assistência às famílias
Mety Gondola afirma que necessita de 72 milhões de meticais (o equivalente a 1 milhão e 391 euros), para assistir as populações afetadas nos próximos 15 dias. O governante adiante que a verba ainda não está disponível.
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"Temos uma necessidade orçamental para o caso específico de bens alimentares num valor de cerca de 35 milhões de meticais. Para bens de abrigo precisamos de cerca de oito milhões de meticais, e para água e saneamento cerca de 20 milhões de meticais", adiantou.
O Governo criou equipas do Conselho de Ministros para apurar no terreno a dimensão dos danos, as necessidades urgentes e possíveis soluções para a reconstrução das infraestruturas.
Situação controlada em Tete
Em Tete, o grupo é chefiado, entre outros, por Celso Correia, ministro da Agricultura na província.
No final da reunião extraordinária do Comité Operativo de Emergência, na quarta-feira (26/01), Correia avançou que dados preliminares apontam para quatro mortes na província de Tete, incluindo o administrador do distrito. Duas pessoas dadas como desaparecidas foram resgatadas com vida.
"A situação está calma. O caudal está a diminuir, tivemos níveis de oito a nove metros ontem, mas hoje já está a baixar, principalmente no Rovubwe. A província está estável e a situação está controlada. Mas ainda é prematuro para fazer uma avaliação. Acredito que no final do dia teremos uma fotografia real do resto da província", disse Correia.
Em Nampula, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, que visita a província até à próxima sexta-feira, disse que o Governo está a trabalhar nos locais atingidos para confortar as pessoas afetadas.
O objetivo, afirma, é "que a situação se normalize, que a população comece a viver a vida normal e continue a produzir". "Queremos que a situação se normalize para que as crianças comecem a estudar e que os hospitais comecem a funcionar normalmente", concluiu.
Estragos causados pelas fortes chuvas em Maputo
As chuvas que caíram ao longo da semana passada criaram enchentes nos arredores da capital, alagaram residências e impediram a transitabilidade. Sempre que chove, os moradores têm de se reinventar.
Foto: Romeu da Silva/DW
Residências debaixo de água
As chuvas que caíram ao longo da semana passada criaram enchentes nos arredores da capital moçambicana, alagaram residências e impediram a transitabilidade nas vias. Sempre que chove, os moradores têm de se reinventar enquanto as promessas de melhorias de saneamento não saem das gavetas. As famílias que viram as suas casas serem tomadas pela água das chuvas aguardam a melhoria das condições.
Foto: Romeu da Silva/DW
Formação de "lagoas"
Esta "lagoa" no bairro Costa do Sol foi aumentada pelas últimas chuvas. Antes, como contam os moradores, era possível atravessar a área sem qualquer problemas. No entanto, as chuvas da semana passada criaram cenários em que, para chegar ao outro lado, é preciso dar uma volta de cerca de 30 a 40 minutos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Bairro da Liberdade é o mais afetado
Na cidade da Matola, o bairro mais afetado pelas chuvas é o da Liberdade, nos arredores da capital industrial. Os moradores dizem que esta rua aos poucos foi desaparecendo, porque em certas ocasiões "parece um rio", impedindo a passagem de pessoas e viaturas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Grandes áreas alagadas
Os bairros suburbanos são os mais afetados pelas intensas chuvas que caem desde outubro passado. Esta imagem mostra uma imensa área alagada pelas últimas chuvas. Além de dificultar a circulação de pessoas, oferece risco de acidente a quem tentar caminhar pela área sem saber o que se encontra sob a água.
Foto: Romeu da Silva/DW
Risco para as crianças
Algumas crianças frequentemente encontravam neste espaço uma "piscina". Os moradores contam que algumas crianças podiam ter morrido, não fosse a pronta intervenção para as socorrer. É uma baixa do bairro Ferroviário mais a norte da capital Maputo. Quando chove, toda a água se deposita nesta área. A água baixou, mas uma grande poça de água ainda permanece.
Foto: Romeu da Silva/DW
Vias alagadas
As vias de acesso são outro crónico problema nos arredores de Maputo. Quando chove, os residentes do bairro Ferroviário têm de dar uma volta de cerca de 30 minutos para encontrar uma rua pavimentada. Em condições normais, levam apenas cinco minutos.
Foto: Romeu da Silva/DW
Moradores tentam impedir crateras
Os residentes do bairro da Polana Caniço, que faz fronteira com a cidade cimento, colocaram vários objetos para impedir que as águas das chuvas criem crateras. As correntes de água conseguiram remover a areia, deixando exposto o material plástico que as comunidades colocaram para tentar impedir a formação de crateras.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mobilidade difícil
O Município de Maputo fez várias promessas para a requalificação de alguns bairros. É o caso deste, Maxaquene, mais a sul da fronteira com a cidade de cimento. De promessa a promessa os moradores vão arranjando as suas soluções. Muitas vezes as fortes quedas de água deixam pessoas desalojadas e já houve situações em que o fornecimento de água foi interrompido.
Foto: Romeu da Silva/DW
Mais crateras
No bairro de Hulene, também nos subúrbios de Maputo, as últimas chuvas criaram esta cratera mesmo depois da colocação de barreias para impedir o desabamento de casas. As comunidades relatam que esta rua estava transitável há bem pouco tempo. A criação de crateras é um problema frequente nos bairros que são afetados pelas chuvas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Casas são abandonadas
O Município da Matola já fez diversas promessas de criar condições de saneamento para evitar as crónicas enchentes no bairro da Liberdade. Desde o ano 2000 que o bairro não escapa à fúria das águas e até este momento a administração municipal não resolveu o problema. Muitos moradores optaram por abandonar as suas casas.
Foto: Romeu da Silva/DW
Chuvas intensas
Quando chove, os moradores de Maputo e arredores perdem o sono. Sabem que, dependendo da intensidade da chuva, os estragos são garantidos. Sonham com o dia em que haverá um sistema de escoamento adequado e não terão de temer quando a chuva cair.