O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que não permitirá protestos violentos em Jerusalém. Papa Francisco apelou ao fim da violência que provocaram mais de 90 feridos naquela cidade.
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse este domingo (09.05) que não permitirá protestos violentos em Jerusalém, após duas noites de fortes confrontos entre a polícia e manifestantes palestinos na Cidade Santa.
"Aplicaremos a lei e a ordem com firmeza, mas com responsabilidade, e continuaremos a salvaguardar a liberdade de culto para todas as religiões, mas não permitiremos protestos violentos", disse o chefe do Governo durante a reunião semanal do Gabinete de Ministros, citado pela agência EFE.
As declarações decorrem do contexto de tensão crescente em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel e onde violentos distúrbios nas noites de sexta-feira e de sábado provocaram mais de 300 feridos.
A grande maioria dos feridos são jovens palestinos, que se manifestaram no Portão de Damasco, o principal acesso à Cidade Velha, e na Esplanada das Mesquitas.
A polícia israelita usou granadas de choque, balas de borracha e canhões de água para dispersar os manifestantes e, segundo um porta-voz, os agentes responderam a "distúrbios da ordem pública, motins, assaltos e lançamento de pedras e outros objetos contundentes".
Após os protestos, milícias palestinas lançaram na noite passada na Faixa de Gaza um foguete na direção de Israel, que caiu numa área despovoada e que teve como resposta um bombardeamento de retaliação contra alvos do movimento islâmico Hamas, que governa o enclave desde 2007.
O que gera toda confusão?
Na base dos protestos está um possível despejo de quatro famílias palestinas do bairro Seij Yarrah, em Jerusalém Oriental, que gerou forte reação local e internacional e sobre o qual o Supremo Tribunal Israelita deve pronunciar-se na segunda-feira (10.05).
A expulsão das famílias foi solicitada por organizações de colonos judeus, que reivindicaram a propriedade das casas desde antes de 1948, ao abrigo de uma lei que não se aplica às propriedades palestinas na zona oeste.
Sem comentar os despejos, Netanyahu reconheceu que há um aumento da "pressão para não construir em Jerusalém", mas reafirmou que continuarão a fazê-lo, numa provável alusão à construção de moradias para colonos nos territórios ocupados da parte oriental da cidade.
Erdogan exorta mundo islâmico a proteger Jerusalém
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apelou a que todo o mundo, e especialmente os países islâmicos, atuem para pôr fim aos "ataques de Israel" contra os palestinianos em Jerusalém Oriental.
"Convido a todos, especialmente os países islâmicos, a tomar medidas eficazes contra os ataques que Israel dirige à mesquita de Al Aqsa, Jerusalém e às casas dos palestinianos", escreveu o chefe de Estado turco no Twitter.
"Um ataque contra a mesquita de Al Aqsa e os templos muçulmanos significa, ao mesmo tempo, um ataque contra nós", acrescentou o Presidente, numa breve comunicação, citada hoje pela agência EFE.
Erdogan defendeu que "proteger a honra e a dignidade da cidade sagrada de Jerusalém é o dever de todo o muçulmano" e que "opor-se aos tiranos que profanam Jerusalém, cidade que abriga santuários de três religiões, com ataques sem respeito, sem consciência e sem moralidade, é obrigação de todo o ser que se diz humano”.
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Papa apela ao fim da violência
O Papa Francisco apelou também ao fim da violência em Jerusalém:"A violência só gera violência. Vamos acabar com esses confrontos", disse o Papa, citado pela agência de notícias francesa France-Presse. Francisco apelou a todas as partes para que seja respeitada "a identidade multirreligiosa e multicultural da cidade santa e a fraternidade possa prevalecer".
Coincidindo com a decisão do Supremo Tribunal sobre os despejos, está marcada para segunda-feira (10.05) uma marcha anual de jovens judeus ultranacionalistas pela Cidade Velha, conhecida pela tensão que costuma gerar e comemorada por ocasião do chamado Dia de Jerusalém, em que os israelitas comemoram a reunificação da cidade em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, e que para os palestinos significa o início da ocupação.
70 anos de Israel
O Estado de Israel foi fundado há 70 anos. Foi a concretização de um desejo do povo judeu, depois de ser perseguido pelo regime nazi. Mas Israel tem vários inimigos. Conheça aqui a história.
Foto: Imago/W. Rothermel
A esperança triunfou
Foi o primeiro dia de um novo Estado. A 14 de maio de 1948, o primeiro-ministro David Ben-Gurion proclamou a fundação do Estado de Israel. Ben-Gurion disse na altura que o povo judeu "nunca perdeu a esperança", "jamais calou a oração pelo regresso a casa e pela liberdade". Os judeus voltaram, assim, à sua terra de origem, com o seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Nova era
Foi um triunfo diplomático: a seguir à proclamação do Estado de Israel foi içada a bandeira do novo país em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova Iorque. Para os israelitas, foi mais um passo rumo à segurança e à liberdade - finalmente, o seu Estado foi reconhecido internacionalmente.
Foto: Getty Images/AFP
Terror nazi
O Estado de Israel foi criado após o Holocausto. O regime nazi assassinou seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A imagem mostra prisioneiros no campo de Auschwitz, onde morreu quase um milhão de judeus, depois de serem libertados.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" - a catástrofe
Os palestinianos associam a fundação de Israel à "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram de deixar os lugares onde moravam para dar lugar a cidadãos do novo Estado. Com a fundação de Israel começou também o conflito no Médio Oriente, que ainda não foi resolvido 70 anos depois.
Foto: picture-alliance/CPA Media
De olhos postos no futuro
A auto-estrada nr. 2 não serve apenas de ligação entre as cidades de Tel Aviv e Netanya - ela testemunha também as ambições do novo Estado. A estrada foi inaugurada em 1950 pela então primeira-ministra israelita Golda Meir, que colocou o país na senda da modernização económica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no kibbutz
Os "kibbutzim" (plural de "kibbutz") são herdades coletivas que foram criadas um pouco por todo o país sobretudo nos primeiros anos depois da fundação de Israel. Era aqui que na sua maioria judeus seculares ou socialistas punham em prática os seus ideais comunitários.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Investimento na defesa
As tensões com os vizinhos árabes mantiveram-se. Em 1967, culminaram na Guerra dos Seis Dias, em que Israel derrotou o Egito, a Jordânia e a Síria. Simultaneamente, Israel passou a controlar Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, entre outros territórios, algo que despoletou novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Colonatos israelitas
A política israelita de colonatos fomenta o conflito com os palestinianos. A Autoridade Palestiniana acusa Israel de impossibilitar a criação de um futuro Estado devido à construção permanente de colonatos. As Nações Unidas também condenam Israel devido a esta política. Mas Israel desvaloriza.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Raiva, ódio, pedras
Em dezembro de 1987, os palestinianos protestaram contra o domínio israelita nos territórios ocupados. O protesto começou na cidade de Gaza e espalhou-se rapidamente a Jerusalém Oriental e à Cisjordânia. A revolta arrastou-se durante anos e acabou com a assinatura dos Acordos de Paz de Oslo, em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Finalmente a paz?
As conversações de paz entre o primeiro-ministro israelita, Yitzhak Rabin (esq.), e o líder da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat (dir.), foram mediadas pelo então Presidente norte-americano, Bill Clinton. Culminaram nos Acordos de Oslo, em que ambos os lados se reconheceram oficialmente.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin, a 4 de novembro de 1995, minou o processo de paz e expôs as divisões na sociedade israelita. Moderados e radicais, judeus seculares e ultra-ortodoxos, afastam-se cada vez mais. Rabin foi assassinado a tiro numa manifestação por um estudante radical de direita. A imagem mostra o então primeiro-ministro, Schimon Peres, junto à cadeira vazia do seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
O muro israelita
Em 2002, Israel começou a construir um muro de 107 quilómetros na Cisjordânia. O muro serviu para diminuir a violência, mas não resolveu os problemas políticos entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reconciliação
O genocídio dos judeus marca até hoje as relações entre a Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então Presidente da Alemanha, Johannes Rau, discursou no Knesset, o Parlamento israelita, em alemão. Foi mais um passo na reaproximação dos dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
Tributo aos mortos
O novo ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, cumpriu a tradição. A sua primeira viagem ao exterior foi a Israel. Em março de 2018, depositou uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Holocausto no Memorial Yad Vashem, em Jerusalém.