Forças de segurança invadiram as ruas de Kinshasa, depois da suspensão das conversações para encontrar uma solução para a crise política na República Democrática do Congo. Joseph Kabila parece indisponível para sair.
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Vários bloqueios de estradas realizados durante a noite já foram levantados, mas há forças de segurança em peso nos pontos de maior concentração da oposição na capital da República Democrática do Congo (RDC), Kinshasa. Os receios do ressurgimento da violência regressaram ao país, com Joseph Kabila a recusar marcar eleições e a dar sinais de estar indisponível para abandonar o poder.
No sábado (17.12), as negociações para uma saída da crise, decorrente do fim do segundo e último mandato do atual chefe de Estado previsto para mais logo, à meia-noite, foram interrompidas, sem a obtenção de quaisquer progressos. O diálogo só deverá ser retomado na quarta-feira (21.12), quando os bispos católicos que têm assumido a mediação regressarem ao país.
Os jogos de futebol da primeira divisão foram suspensos nas próximas quatro semanas para evitar novos protestos e a escalada de violência dentro dos estádios. Também o acesso às redes sociais está parcialmente restringido desde domingo (18.12).
"É triste e realmente lamentável que o Governo possa suspender os jogos de futebol da liga nacional. Isso mostra o pânico que existe dentro do Executivo", afirma Fred Bauma, do movimento civil congolês Lucha. "Querem realmente parar tudo. Já não podemos sair, ir ao futebol, juntarmo-nos na rua. Já não podemos ir a lado nenhum, nem fazer nada ou simplesmente viver", lamenta o ativista.
Protestos
Apesar do teor da reivindicação, a organização de Fred Bauma está a marcar um protesto à escala nacional caso Kabila não saia do poder. Para o movimento civil congolês Lucha, os cidadãos devem sair à rua e ocupar lugares públicos simbólicos, como os edifícios do Governo em Kinshasa.
19.12.2016 Kabila no poder - MP3-Stereo
Outras organizações também apelam à realização de protestos pacíficos. No entanto, Fred Bauma teme a reação das autoridades.
"Se houver manifestações, o exército e a polícia vão tentar reprimi-las. Isso pode acabar num banho de sangue, porque o Governo vai reagir com violência".
O ativista receia também que grupos armados se aproveitem da situação instável no país para lançar o caos e dar início a novas situações de violência e abusos dos direitos humanos.
Agarrado ao poder
A Constituição da República Democrática do Congo não permite um terceiro mandato na Presidência. Ainda assim, Joseph Kabila não mostra ainda qualquer intenção de renunciar ao cargo. As próximas eleições ainda não foram marcadas, nem sequer o recenseamento eleitoral naquele que é um dos maiores países em termos de território no continente africano.
Há poucas semanas, o Governo e parte da oposição decidiram adiar a votação para a Primavera de 2018, admitindo que o país não é capaz de organizar o sufrágio até lá. No entanto, a maioria da oposição na RDC está contra este acordo.
Phil Clark, analista político da Universidade de Londres, sublinha que tudo o que Kabila quer é manter-se na Presidência. Todos os seus movimentos nos últimos meses indicam "que ele está a fazer de tudo para permanecer no poder", lembra.
"Ele está a atrasar as eleições o máximo que pode. Acho que a maioria dos comentadores na RDC acredita que Kabila vai tentar mudar a Constituição para permitir que ele concorra a um terceiro mandato", explica Phil Clark.
Primeiras-damas em África: O amor ao poder
Não são eleitas pelo povo, mas têm muito poder. Algumas têm mesmo ambições presidenciais. Apresentamos-lhe algumas primeiras-damas africanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hutchings
Exuberante: Ana Paula dos Santos
Ana Paula dos Santos trabalhou como modelo e hospedeira de bordo. Conheceu o marido, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a bordo do avião presidencial. Alguns gostam dela pelo seu empenho em causas femininas e infantis, outros criticam-lhe o estilo de vida luxuoso.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Novais
De ridicularizada a temida: Grace Mugabe
Durante muito tempo manteve-se nos bastidores. Teve dois filhos de Robert Mugabe quando ele ainda era casado com a primeira mulher. Só após a morte desta é que o Presidente casou com a sua antiga secretária. Hoje Grace Mugabe tem muita influência no partido no poder. Ainda que o negue, Grace, de 51 anos, é tida como sucessora do seu marido de 92 anos.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Estimada: Margaret Gakuo Kenyatta
Os quenianos adoram a sua primeira-dama. Margaret Gakuo Kenyatta promove campanhas de saúde maternal. A sua campanha para a redução da mortalidade infantil despertou muitas consciências para o tema. Gakuo é tida como modesta e discreta. É filha de um empresário do setor ferroviário e de uma alemã. É casada desde 1991 com o Presidente Uhuru Kenyatta.
Foto: imago/Xinhua
Discreta: Aisha Buhari
Os nigerianos foram surpreendidos pela positiva quando Aisha Buhari disse que respeitaria a Constituição e não se envolveria na política. Depois de ter tomado posse, o seu marido Muhammadu Buhari acabou com o posto de primeira-dama, por ser um desperdício de fundos públicos, inconstitucional.
Foto: Getty Images/AFP/P. U. Ekpei
Mulher fatal? Dominique Ouattara
Dominique Ouattara sempre gostou de se relacionar com os poderosos. Quando conheceu Alassane Ouattara, no final dos anos 80, já tinha feito carreira como agente imobiliária. Através do casamento a empresária de sucesso ascendeu à primeira liga dos poderosos, na Costa do Marfim. Entretanto ocupa-se de questões ligadas aos direitos das crianças.
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
A eterna primeira-dama: Janet Museveni
Janet Museveni celebra 30 anos como primeira-dama, o que faz dela a mais antiga no cargo no continente africano. Depois da controversa vitória do marido, Yoweri Museveni, em fevereiro de 2016, Janet Museveni deverá permanecer ainda longos anos como primeira-dama. A mãe de quatro filhos é deputada desde 2006 e em 2009 foi nomeada ministra para a região de Karamoja, no nordeste do Uganda.
Foto: Imago/Xinhua
A conservadora: Marieme Faye Sall
A primeira-dama senegalesa Marieme Faye Sall (à direita com Michelle Obama) é a primeira senegalesa "genuína" a ocupar a posição, todas as anteriores tinham ascendência francesa. Marieme é descrita como uma dona de casa dedicada que não se intromete na política do marido, Macky Sall. O seu estilo de vida conservador vale-lhe muitas críticas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Diallo
Atenciosa: Marie Olive Lembe
Foi noiva durante muitos anos do Presidente congolês Joseph Kabila. Em 2006 tornou-se primeira-dama. Marie Olive Lembe di Sita tem dois filhos e é muito amiga da irmã gémea do Presidente, que é tida como braço direito deste. A República Democrática do Congo acaba por ter desta forma duas primeiras-damas.
Foto: Imago/Reporters
Quem é a primeira-dama da África do Sul?
Em 2008, Jacob Zuma começou uma maratona de casamentos. Em quatro anos casou com três mulheres: Nompumelelo Zuma, Thobeka Zuma e Bongi Ngema-Zuma. Além destas três há ainda a esposa de longos anos Sizakelle Zuma. Os críticos dizem que a grande família presidencial custa aos contribuintes uma fortuna. A atual presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, é ex-mulher de Zuma.