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TerrorismoSomália

Terrorismo agrava-se na Somália nas vésperas das eleições

Mohammed Odowa
29 de março de 2022

Com as presidenciais marcadas para 31 de março, os atentados terroristas aumentam na Somália, visando candidatos eleitorais e tropas estrangeiras. Autoridades pedem fim da violência para uma transição pacífica de poder.

Somalia | Anschlag in Mogadischu
Foto: Feisal Omar/REUTERS

Na noite de domingo (27.03), homens armados invadiram a base militar de Af-Urur, no norte da Somália, e mataram quatro soldados. O ataque ocorreu apenas uma semana após dois grandes ataques: um na capital, Mogadíscio, e outro em Beledwayne, no centro do país.

Mais de 50 pessoas morreram nestes atentados. E o aumento da insegurança está a lançar dúvidas sobre as eleições presidenciais marcadas para 31 de março. Segundo o analista político e de segurança Mohamed Mubarak, o próprio ato eleitoral explica, em parte, o agravamento da situação.

"Durante o período eleitoral o grupo [extremista islâmico Al-Shabab] tenta espalhar o caos para dificultar as eleições", afirma o analista.

Por outro lado, continua Mubarak, o aumento da insegurança também se explica pela "redução e quase cessação de ataques com drones contra o grupo" e pelo facto de estarmos no mês que antecede o Ramadão. "O grupo aumenta os ataques por esta altura", explica.

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Ataques surgem pela "fraqueza do Governo"

Já Hussein Moalim Mohamud, antigo conselheiro de segurança nacional do Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo, considera que os conflitos políticos entre o Presidente e o primeiro-ministro deram aos extremistas islâmicos o espaço para operar.

"Estes aumentos dos ataques surgem periodicamente quando a Al-Shabab sente a fraqueza do Governo. Eles tentam penetrar e perturbar as eleições porque esta disputa eleitoral prolongada criou uma disputa entre o Presidente e o primeiro-ministro e criou enormes lacunas para aproveitar", afirma Mohamud.

O ex-conselheiro do chefe de Estado acredita que a violência nada tem a ver com o termo da missão da União Africana na Somália. Hodman Ahmed, ativista da sociedade civil e critica das forças estrangeiras no país, discorda.

"Apenas um dia antes do ataque de Hallane [em Mogadíscio, a 23 de março], parceiros, organizações internacionais, membros do Estado federal tinham chegado a acordo sobre a política dos Planos de Transição da Somália para o progesso", lembra.

"Depois disso, as explosões e mortes recomeçaram para prolongar a presença da AMISOM [missão da União Africana na Somália]. São sempre programas motivados pela política externa", afirma a ativista.

A missão que foi criada em 2007 deverá ser substituída por uma nova Missão Transitória da União Africana na Somália, em conformidade com o Plano de Transição da Somália para ajudar o exército do país devastado pela guerra a tomar o poder e combater os insurgentes.

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