Terrorismo: Cooperação com Tanzânia em análise em Maputo
Lusa
27 de setembro de 2022
Os ministros da Defesa de Moçambique e Tanzânia, bem como especialistas dos dois países, reúnem-se a partir de hoje e até sexta-feira em Maputo, numa altura em que enfrentam uma ameaça terrorista em Cabo Delgado.
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O tema deverá estar em cima da mesa na quarta sessão da Comissão Conjunta Permanente de Defesa e Segurança, um novo encontro do órgão que junta regularmente os dois países.
A sessão será copresidida pelo ministro Artur Chume, do lado moçambicano, e pela ministra Stergomena Tax, em representação da Tanzânia.
Além de avaliar o trabalho, o encontro vai servir para "desenhar ações a serem desenvolvidas nos domínios da Defesa, Segurança Pública e Segurança do Estado, bem como melhorar os mecanismos de cooperação", lê-se num comunicado sobre o evento.
A reunião ministerial é antecedida hoje de uma reunião de peritos em matéria de Defesa e Segurança dos dois países.
População em fuga no norte de Moçambique
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Assinados memorandos de entendimento
Moçambique e Tanzânia assinaram na quarta-feira dois memorandos de entendimento, um na área da Defesa e outro sobre operações de resgate e salvamento, durante um encontro entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e a chefe de Estado tanzaniana, Samia Suluhu.
Os entendimentos estão relacionados com o combate ao terrorismo em Cabo Delgado, região rica em gás natural no norte de Moçambique.
"Estamos cientes de que Moçambique e Tanzânia partilham uma extensa fronteira, são cerca de 800 quilómetros, a mais extensa da região. Por isso, temos a consciência de que temos de reforçar os mecanismos da nossa cooperação", disse Samia Suhulu, durante a visita a Maputo.
A Tanzânia é um dos países que integra a SAMIM, missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), com soldados a apoiar as tropas moçambicanas a combater a insurgência armada.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.