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Tete: Autarquia esquece-se dos bairros periféricos?

Jovenaldo Ngovene (Tete)
23 de setembro de 2023

Na província moçambicana de Tete, académicos e membros da sociedade civil levantam preocupações sobre alegada falta de atenção das autoridades municipais para com os bairros periféricos que estão em condições precárias.

Conselho Municipal de Tete
Conselho Municipal de TeteFoto: Jovenaldo Ngovene/DW

O processo de descentralização em Moçambique, iniciado há mais de duas décadas, tem como objetivo primordial atender, de forma mais ágil e eficaz, às necessidades mais urgentes da população. 

No entanto, na província de Tete, no centro do país, a falta de acesso à água potável continua a ser um problema crítico, que afeta não apenas o consumo, mas também as atividades diárias dos moradores.

Ciente dos perigos, a população vê-se obrigada a recorrer aos rios para suprir a escassez de água.

"Várias vezes tem havido casos de violação, agressões também e mortes", lamenta Manuel Rendição, do bairro Samora Machel, uma área residencial também com problemas graves de iluminação.

Críticas à governação

Além da escassez de água e da falta de iluminação, a construção desordenada de residências, a deficiente gestão dos resíduos sólidos e a existência de vias de acesso precárias são outros desafios enfrentados pelos moradores.

Falta de acesso à água potável continua a ser um problema em TeteFoto: Jovenaldo Ngovene/DW

O geógrafo e académico Lucas Catsossa ressalta as visíveis assimetrias no desenvolvimento urbano e na atenção dada ao centro da cidade em detrimento dos bairros suburbanos.

"Não podemos ignorar as fragilidades da governação. Algumas pessoas não possuem capacidade técnica necessária e são nomeadas por critérios políticos, o que muitas vezes compromete o foco na governação, cujo propósito principal deve ser o bem-estar da população", critica Catsossa.

Diferenças persistem

Apesar das reclamações, o presidente do conselho municipal da cidade de Tete, César De Carvalho, defende que a autarquia está empenhada em fornecer serviços básicos de qualidade nos nove bairros que compõem a cidade, apesar das limitações financeiras.

"Quem visitou a nossa cidade ontem e a visita hoje pode testemunhar as transformações resultantes da municipalização", destaca.

No entanto, o ativista e membro da sociedade civil, Jorge Gulambondo, insiste que as diferenças persistem e estão a prejudicar a maioria dos moradores fora do centro urbano.

"O município deve priorizar a resolução dos problemas dos munícipes nas áreas suburbanas", enfatiza.

Enquanto o debate sobre a descentralização e a distribuição equitativa de serviços básicos continua, os residentes dos bairros periféricos de Tete anseiam por melhorias, do acesso à água potável à segurança nas ruas escuras.

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