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Tete: Delegados da oposição removidos durante votação

Conceição Matende
16 de outubro de 2024

Supervisores e delegados da oposição foram expulsos de mesas de voto em Tete, alegando falta de credenciais. A exclusão abriu brechas para denúncias de fraude e pedidos de anulação dos resultados eleitorais.

Denúncias de irregularidades ameaçam eleições em MoçambiqueFoto: Nádia Issufo/DW

Aumentam as denúncias de irregularidades nas eleições gerais, em Moçambique. Uma delas está relacionada com o impedimento de delegados de partidos da oposição de assistir à votação, o que levantou de imediato suspeitas de fraude. A DW falou com um dos delegados que denunciou ter sido removido da mesa onde estava e, entretetanto, se recusou a assinar os editais com os resultados, na província de Tete.

É uma das muitas denúncias de irregularidades nas eleições gerais de 9 de outubro.

Regino Janota, delegado do partido PODEMOS, conta que foi expulso da mesa de votação na escola onde estava, na província de Tete. Ele e outros cinco supervisores e delegados de partidos da oposição foram removidos das mesas sob a alegação de que as suas credenciais estavam sem o carimbo obrigatório.

De acordo com Janota, o processo de votação continuou durante horas sem a presença desses fiscais, o que levantou suspeitas de irregularidades, como enchimento de urnas.

"Fecharam as portas, fizeram o que queriam e depois pediram que voltássemos. Tivemos a suspeita de que, nesse intervalo, ocorreu uma fraude escandalosa".

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Regino Janota afirma que, devido às suspeitas, recusou-se a assinar os editais dos resultados, alegando falta de transparência na contagem dos votos.

"Em várias mesas, os presidentes principais não permitiram a verificação dos votos nulos, o que me levou a não assinar, pois não posso validar algo que não presenciei", declarou.

Casos semelhantes terão acontecido noutros pontos do país. Logo no dia da votação, o candidato presidencial e líder do MDM, Lutero Simango, denunciou que não foram entregues credenciais aos delegados do seu partido e os delegados foram impedidos de acompanhar o processo nas assembleias de voto.

No sábado, a RENAMO pediu a anulação do apuramento dos resultados eleitorais em oito distritos da província da Zambézia, alegando que os seus delegados foram impedidos de assistir à votação.

Na quarta-feira passada, enquanto a votação decorria, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, Paulo Cuinica, anunciou o destacamento de equipas multissetoriais para averiguar as denúncias de irregularidades nas mesas de voto. Cuinica assegurou, no entanto, que as irregularidades não colocariam em causa o escrutínio.

Na cidade de Tete, outro supervisor, Fernando Chico, afirma que tomou conhecimento do impedimento de delegados de partidos da oposição e tentou solucionar o problema.

"Consegui acionar dois delegados de candidaturas, mas em outras duas mesas tive que prestar suporte pessoalmente. Não podia sair porque precisava garantir a supervisão", explicou.

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