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Timor Leste mediará crise entre militares e governo na Guiné Bissau

16 de abril de 2012

A crise politico-militar na Guiné Bissau está a preocupar comunidade internacional, que condena o golpe de estado realizado no dia 12 de abril. Os apelos para a resolução da crise vêm de todos os cantos do mundo.

Soldaten vor Regierungspalast. Bitte einstellen. Soldaten in Guinea-Bissau. Von Jochen Faget. Rechte frei i.A. Christine Harjes
Guinea-Bissau Soldaten vor RegierungspalastFoto: Jochen Faget

Entre eles está Elsa Pereira, mulher de Raimundo Pereira, presidente interino da Guiné-Bissau que, assim como o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, se encontra detido em lugar desconhecido desde o golpe militar naquele país lusófono.

A partir de Lisboa, Elsa Pereira faz "um apelo solicitando a comunidade internacional para que intervenha de forma pacífica e dialogue com as partes intervenientes, no sentido de localizar e de facilitar a libertação do meu marido.”

As palavras de Elsa Pereira ecoam por todo o mundo. No sábado, em Cotonu, a capital econômica do Benim, país que preside a União Africana, a organização condenou o golpe militar na Guiné-Bissau, apelando à libertação "imediata" de todos os detidos pelos militares, particularmente, o presidente interino Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior".

Nesta segunda-feira (06/04) foi a vez de José Manuel Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia partilhar a posição da União Europeia. “O povo guineense já sofreu demasiado e não merece que alguns continuem a comprometer a sua estabilidade o seu desenvolvimento e a consolidação da sua democracia", disse Barroso.

Ban Ki-moon e Jose Manuel Durão Barroso pediram libertação imediata de presosFoto: dapd

"A União Europeia está do lado dos líderes democraticamente eleitos e não tolerará golpes contrários à Constituição guineense e ao Estado de direito. A estabilidade e a democracia são essenciais para a prosperidade e para o bem-estar do povo da Guiné-Bissau”, completou Barroso numa conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em Bruxelas nesta segunda-feira.

Ban Ki-moon, por sua vez, reclamou a “libertação imediata” dos líderes políticos guineenses e sublinhou que a comunidade internacional vai responsabilizar aqueles que os capturaram se a sua segurança for posta em causa.

Diálogo mediado por Timor Leste

O autodenominado Comando Militar parece estar disposto a dialogar. Nesta segunda-feira, um porta-voz dos militares golpistas telefonou ao presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, a pedir que seja o mediador da crise no país. Ramos-Horta afirmou ter aceite o convite mas impôs algumas condições, como a "libertação dos detidos" e "garantias de que não estão a sofrer violência física ou psicológica".

Jose Ramos-Horta aceitou mediar diálogo com militares guineensesFoto: picture-alliance/dpa

Estas seriam as condições indispensáveis para que da parte da CPLP, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, possa intervir. O chefe de Estado timorense falou diretamente aos golpistas.

"Faço um apelo aos meus amigos na Guiné-Bissau, faço um apelo aos militares que libertem de imediato todos os que foram detidos nesses dias, para que possa haver o mínimo de condições para que a comunidade internacional e a CPLP possam de alguma forma ajudar no diálogo”, reforçou Ramos-Horta.

Autora: Carla Fernandes (com agência LUSA)
Edição: Francis França/António Rocha

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