Togo: Milhares de mulheres marcham contra Presidente
AFP | mjp
20 de janeiro de 2018
Mulheres responderam aos apelos da oposição e manifestaram-se este sábado em Lomé contra o Presidente Faure Gnassingbé, que há vários meses enfrenta uma forte contestação popular.
Publicidade
Desde setembro, uma coligação de 14 partidos políticos tem organizado marchas quase semanais que reúnem milhares, se não dezenas de milhares de manifestantes, para protestar contra uma família que está há mais de 50 anos no poder.
Em 2005, Faure Gnassingbé substituiu o seu pai, o general Gnassingbé Eyadéma, que liderou o país durante 38 anos. "Face à recusa do poder, as mulheres decidiram entrar em jogo”, disse o líder da oposição Jean-Pierre Fabre, que descreve a marcha deste sábado como "uma grande iniciativa”.
As mulheres, na maioria vestidas de preto, partiram de três pontos de encontro diferentes e marcharam durante várias horas pela capital togolesa, juntamente com muitos homens e líderes da oposição. "Vamos tomar o destino nas nossas mãos, porque nós e as nossas famílias somos quem mais sofre com esta situação. Não há trabalho e a economia abrandou”, disse a comerciante Kossiwa Djomadi à AFP. "Se as partes querem discutir, então que as discussões sejam sinceras, desta vez, e que todos os tópicos sejam abordados para uma mudança no Togo”.
Mediação em ação
Vários países da África Ocidental, preocupados com a ameaça de instabilidade causada pela crise togolesa, apelaram ao diálogo entre o Governo e a oposição, sob a mediação dos Presidentes do Gana, Nana Akufo-Addo e da Guiné-Conacri, Alpha Condé. Os dois chefes de Estado receberam esta semana uma delegação da oposição togolesa em Conacri e Accra para tentar dar início às negociações, mas ainda não se registam avanços.
A oposição exige "medidas de apaziguamento", incluindo a libertação de manifestantes ainda detidos e a retirada das forças de segurança no norte do país, antes do início deste diálogo.
No final da reunião, o Presidente Alpha Condé prometeu enviar uma delegação a Lomé para "examinar as exigências da oposição", propondo que o diálogo se realize de 23 a 26 de janeiro.
A Presidência togolesa ainda não reagiu à proposta.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.