Manifestação deste sábado (02.12) ocorreu na capital, Lomé. Oposição diz que Presidente não está aberto ao diálogo, conforme foi prometido no início de novembro.
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Milhares de togoleses tomaram as ruas da capital Lomé, este sábado (02.12), pela terceira vez esta semana, para pedir a demissão do Presidente Faure Gnassingbé. Os manifestantes dizem que as discussões prometidas pelo Governo não estão a ocorrer.
Gnassingbé, que está no poder há 15 anos, prometeu em novembro que o seu Governo discutiria com os grupos da oposição "dentro de algumas semanas", mas, desde então, não houve reações.
Os líderes regionais, incluindo o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, e da Guiné-Conacri, Alpha Condé, têm estado a intervir para que haja uma abertura para as negociação em ambos os lados.
"Por enquanto os Presidentes do Gana e da Guiné-Conacri estão a tentar 'medidas de apaziguamento' para que as conversações possam começar", Jean-Pierre Fabre, líder da Aliança Nacional para a Mudança, disse à agência de notícias AFP durante os protestos este sábado.
"Protestos não vão cessar"
"Os protestos vão continuar até que as nossas exigências sejam atendidas [pelo Governo]", acrescentou Fabre.
Os protestos, que ocorrem desde agosto em várias cidades do Togo, são organizados por uma coligação de 14 partidos da oposição, que dizem que só vão aderir ao diálogo quando o Governo libertar seus apoiantes detidos.
Além disso, a coligação também quer que o Presidente suspenda a proibição de manifestações em diversas cidades do norte do país e retire as tropas do exército destes lugares.
Oposição quer mudanças
Faure Gnassingbé é Presidente desde 2005, quando assumiu o cargo ocupado anteriormente pelo seu pai, o General Gnassingbé Eyadema, que governou o Togo durante 38 anos.
Os partidos da oposição estão a manifestar-se para que seja adotado no país o limite de dois mandatos presidenciais, aplicado retroativamente, para prevenir que o atual Presidente se perpetue no poder.
"Este diálogo precisa de ser aberto e sincero", e de se focar "na saída do Presidente, seja agora ou em 2020", quando novas eleições devem ocorrer, disse Adjoa, um vendedor que participava no protesto deste sábado em Lomé.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.