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Touadéra: República Centro-Africana continua "em perigo"

B. Baramoto, T. Krinninger, K. Tiassou / mjp12 de julho de 2016

Cem dias depois de chegar à Presidência da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra alerta para as ameaças que persistem no país. "Áreas inteiras" são controladas por grupos armados. O Presidente falou à DW.

Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Curtis

Quando subiu ao poder, Faustin-Archange Touadéra encontrou um país a braços com uma grave crise política, económica e social. A República Centro-Africana (RCA) estava mergulhada na violência desde 2013, quando os rebeldes muçulmanos Seleka derrubaram o Governo autoritário do Presidente François Bozizé. Com um exército dividido e combates entre grupos armados muçulmanos e cristãos em todo o país, Touadéra foi eleito sucessor de Catherine Samba-Panza, líder do Governo de transição.

Em várias regiões, os combates entre grupos armados não cessam. E a pacificação da RCA, apoiada pela missão das Nações Unidas, MINUSCA, ainda está longe de ser concluída. Em entrevista à DW África, o Presidente centro-africano sublinha que esta é uma das grandes prioridades do Governo: "Estamos a trabalhar, não ficámos à espera, sobretudo no que diz respeito à paz. Reunimos com os líderes de grupos armados para lhes pedir que participem neste processo."

A paz significa o desarmamento, salienta Touadéra. "Também estamos a reformar o setor de segurança, a reestruturar as Forças Armadas."

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Críticas

Mas há quem diga que pouco mudou na RCA desde a eleição de Faustin-Archange Touadéra. Em junho, um soldado da missão de paz das Nações Unidas morreu, seis polícias foram sequestrados e três membros da milícia muçulmana Seleka foram mortos na capital, Bangui. Já no início de julho, em Bambari, a segunda maior cidade do país, confrontos entre grupos rebeldes resultaram em pelo menos 10 vítimas mortais. E, segundo observadores, o nordeste do país está fora do controlo do Governo.

A população tem apelado ao desarmamento, mas, embora esta seja uma das grandes prioridades do Executivo, o processo ainda não começou. Em resposta às críticas, o Presidente Touadéra lembra que passaram apenas 100 dias de um mandato de cinco anos.

"Passaram apenas dois, três meses. Já começámos a falar com os grupos armados para lhes dizer como vamos levar a cabo este programa. Criámos uma estrutura para o gerir com as autoridades, representantes dos grupos armados e a comunidade internacional. E talvez também, porque não, a sociedade civil", diz. "Estas pessoas têm de ser escolhidas pelas instituições para participar no processo e podemos começar."

Missão das Nações Unidas patrulha ruas de BanguiFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

"Tudo é urgente"

Touadéra não nega, no entanto, que o país assiste ao ressurgimento da violência. A RCA continua "em perigo" e "áreas inteiras" são controladas por grupos armados, alertou no fim-de-semana ao discursar após 100 dias no poder. O Presidente centro-africano admite que ainda estão por cumprir muitas das promessas feitas na tomada de posse.

"Temos um prazo de 5 anos. É um programa completo", afiança Touadéra em entrevista à DW África. "O país passou por um momento muito difícil e tudo é urgente. Temos prioridades: As questões de segurança, as questões económicas, como a consolidação das finanças públicas, a autoridade do Estado, que tem de ser implementada em todo o território, e os serviços básicos e essenciais."

O Governo garante que é possível restaurar a paz e a ordem. Mas, depois de os soldados terem desertado em 2013, integrando as milícias Seleka ou anti-Balaka, o país está sem exército. Resta a força policial do Governo, numa altura em que as autoridades da República Centro-Africana dependem das 12 mil tropas da missão das Nações Unidas para manter alguma estabilidade.

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