1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Reparações às vítimas do Exército de Resistência do Senhor

DW (Deutsche Welle) | AFP | Reuters | tms
29 de fevereiro de 2024

Tribunal Penal Internacional atribui às vítimas do Exército de Resistência do Senhor, no Uganda, mais de 52 milhões de euros em indemnizações. Mulheres e crianças sofreram "danos graves e duradouros", declarou o TPI.

Dominic Ongwen durante audiência no TPI (2022)
Dominic Ongwen durante audiência no TPI (2022)Foto: Sem van der Wal/Pool/ANP/picture alliance

O Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, concedeu na quarta-feira (28.02) mais de 52 milhões de euros em indemnizações às vítimas do ugandês Dominic Ongwen, ex-guerrilheiro e comandante do Exército de Resistência do Senhor, no Uganda.

Ongwen, que foi raptado aos nove anos e se tornou uma criança-soldado no grupo rebelde liderado pelo fugitivo Joseph Kony, foi considerado culpado em 2021 e condenado a 25 anos de prisão por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Os crimes foram cometidos enquanto Ongwen fazia parte do Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês), que levou a cabo um reinado de terror no norte do Uganda no início da década de 2000.

"As vítimas diretas dos ataques, as vítimas diretas dos crimes sexuais e baseados no género e as crianças nascidas desses crimes, bem como as antigas crianças-soldados, sofreram danos físicos, morais e materiais graves e duradouros", disse o juiz do TPI Bertram Schmitt.

"A Câmara estima que o montante total necessário para as reparações concedidas neste caso às vítimas dos crimes, pelos quais o Sr. Ongwen foi condenado, seria de aproximadamente 52.429.000 euros (56,7 milhões de dólares)", disse o juiz.

Uganda: Dignidade para vítimas de guerra

04:04

This browser does not support the video element.

Indemnizações

Os juízes estimaram um total de vítimas elegíveis para pagamento "próximo das 50.000", com uma indemnização simbólica de cerca de 750 euros por vítima.

O TPI ordenou que o montante fosse pago coletivamente, uma vez que "assegurará uma abordagem mais eficiente e prática", disse o juiz Schmitt ao Tribunal Penal Internacional.

Os juízes solicitaram ao Fundo Fiduciário para as Vítimas do Tribunal que providenciasse as reparações, uma vez que Ongwen - que está atualmente a cumprir a sua pena numa prisão norueguesa - não tem condições pagar.

"Reino de terror"

Ongwen, que está na casa dos 40 anos, mas cuja data de nascimento permanece incerta, tornou-se um comandante sénior do Exército de Resistência do Senhor sob o nome de guerra de "White Ant".

Os procuradores descrevem-no como líder de um "reino de terror" do grupo, tendo ordenado pessoalmente o massacre de mais de 130 civis em cinco campos de refugiados entre 2002 e 2005.

O LRA é responsável pela morte de mais de 100.000 pessoas e pelo rapto de 60.000 crianças, tendo os rapazes sido transformados em crianças-soldado e as raparigas mantidas como escravas sexuais.

Em 2022, o procurador do TPI, Karim Khan, disse que iria pedir aos juízes que confirmassem as acusações contra Kony, apesar da sua ausência, uma vez que o líder rebelde continua foragido.

O julgamento de Ongwen foi único na história do TPI, pois foi a primeira vez que se tratou de uma antiga vítima, uma criança-soldado, que se tornou perpetrador.

 

Saltar a secção Mais sobre este tema