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Tráfico de órgãos: Crime atroz ou falso alarme?

Simão Lelo
21 de julho de 2023

Em Cabinda, a população tem exprimido medo perante informações nas redes sociais, segundo as quais um grupo da RDC estaria naquela província para raptar pessoas e extrair órgãos para fins comerciais. A polícia desmente.

Migranten aus Westafrika Symbolbild Menschenhandel
Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

O número de vítimas do tráfico de seres humanos continua a crescer em Angola. De acordo com dados, apresentados recentemente pelo Diretor Nacional dos Direitos Humanos, há registo de 142 casos envolvendo adultos e crianças.

Yanik Bernardo, Diretor Nacional dos Direitos Humanos, proferiu as seguintes palavras, em entrevista à Rádio Nacional de Angola: "O tráfico de seres humanos é preocupante, nós temos neste momento 142 casos, a nível de todo país.”

Em Cabinda, a situação está a provocar uma espécie de recolher obrigatório, no período da noite, visto que os cidadãos têm receio de saírem e se tornarem vítimas do suposto grupo criminoso de traficantes de órgãos humanos.

Adão Maimbi, porta-voz da polícia de Cabinda, afirma - em conferência de imprensa - que "não nenhuma rede de traficantes de órgãos humanos a atuar em Cabinda"Foto: Simão Lelo/DW

Alguns cidadãos relatam situações suspeitas e garantem que os supostos raptores têm estado a praticar ações criminosas em plena luz do dia.

Os relatos dos populares

O repórter da DW África ouviu as preocupaões de alguns cidadãos: "Estão a mandar parar carros aqui, nos agentes reguladores de Trânsito, por terem resistido, foram coercivamente obrigados a pararem e encontraram no seu interior duas crianças catanas e panelas”, afirma um morador de Cabinda.

Tráfico de órgãos em Cabinda

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Outro conta: "Raptaram uma criança, quando se dirigia para comprar micate, parou um carro, logo desceu alguém que pegou na criança. Depois fugiram.”

O sociólogo João Pinto teme que os casos de tráfico de seres humanos e de órgãos, possam vir a aumentar nos próximos tempos. "Temos de ficar em alerta, no sentido de não permitirmos que o tráfico de seres humanos e de órgãos ganhe proporções maiores a nível da nossa região, porque estamos numa província muito vulnerável. ”

Falta fiscalização e policiamento,  dizem observadores

Apesar das ações, no âmbito da prevenção e combate aos crimes transfronteiriços, a situação de segurança ao longo da fronteira ainda inspira cuidados.

Procuradoria continuará atenta a possíveis raptos, afirma porta-voz da PGR em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

Para o jurista Silvestre Kamé falta fiscalização por parte das autoridades junto  à fronteira de Cabinda com os dois Congos: "O que se devia fazer é reforçar os mecanismos de controlo e de fiscalização, junto às fronteiras, o que só pode acontecer com os órgãos de defesa e segurança. ”

A população de Cabinda vive com medo devido a informações postas a circular nas redes sociais, segundo as quais um grupo de indivíduos, provenientes da RDC, estaria naquela província para raptar e matar pessoas, para depois extrair órgãos aos jovens e crianças, para fins comerciais.

As autoridades policiais desmentem essas informações, afirmando que se trata de "falso alarme". Adão Maimbi, porta-voz da Polícia em Cabinda, afirmou: "Trabalho desenvolvido, determinou-se que se tratava de um falso alarme, face às disseminações de informações falsas nas redes sociais que incitam algum clima de pânico social e de insegurança pública. ”

Jorge Sumbo, da Procuradoria-Geral da República, assegurou que os órgãos de defesa e segurança vão continuar em estado de alerta, e garante que quem se envolver em crimes como sequestro, será detido e responsabilizado: "É punido com pena de dois a 8 anos quem cometer sequestro ou raptar, com intenção de matar a pessoa sequestrada.”

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