Executivos da Bertling condenados por pagamentos ilícitos
Lusa | ar
20 de outubro de 2017
Três antigos executivos da subsidiária britânica do grupo alemão Bertling foram condenados por corrupção relativa a pagamentos feitos a um empregado da petrolífera angolana Sonangol.
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A sentença do tribunal londrino (20.10.) resulta de uma investigação da agência britânica Serious Fraud Office (SFO) aos negócios da Bertling, uma empresa de logística e transportes, em Angola e aos pagamentos ilícitos de cerca de 20 milhões de dólares (17 milhões de euros) a um responsável da Sonangol.
Todos de nacionalidade alemã, Joerg Blumberg, Dirk Juergensen e Marc Schwieger foram condenados a 20 meses de prisão, com pena suspensa durante dois anos, e ao pagamento de 20 mil libras (22,3 mil euros), além de terem perdido a capacidade de assumirem cargos de administradores durante cinco anos.
Marc Schweiger era o diretor responsável pelo mercado africano quando os pagamentos tiveram lugar, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006, enquanto Joerg Blumberg era o diretor financeiro do grupo Bertling e Dirk Juergensen era o diretor da subsidiária da Bertling no Reino Unido.
Corrupção para conseguir contratos
Segundo o SFO, os responsáveis recorreram à corrupção para conseguir contratos com a Sonangol, porém não revelou a identidade do responsável da empresa angolana.Ao ler a sentença no tribunal de Southward, em Londres, o juiz Jeffrey Pedgen considerou que o crime "causa um impacto ambiental significativo e prejudica a comunidade, especialmente em países em desenvolvimento, de transações de negócios decentes e honestas".
Segundo um comunicado da SFO, o juiz determinou que "cada um dos réus desempenhou um papel significativo na atividade fraudulenta, que implicou conversas e planeamento e decorreu durante um ano inteiro com proveito financeiro para a empresa".
O julgamento foi uma consequência de uma lei britânica para a prevenção da corrupção por empresas britânicas, mesmo que seja fora do Reino Unido.
Giuseppe Morreale e Stephen Emler, outros dois empregados da Bertling, declararam-se culpados, mas só vão conhecer a sentença num outro julgamento, em setembro de 2018, tal como a própria F.H. Bertling.
Um outro responsável, Ralf Petersen, também assumiu envolvimento, mas entretanto morreu, enquanto Peter Ferdinand foi ilibado.
Eleições em Angola: Do combate à corrupção ao "Dubai africano"
A DW África analisou os principais factos que marcaram a campanha eleitoral angolana e as promessas mais faladas de cada partido concorrente às eleições gerais de 23 de agosto. Um resumo fotográfico.
Foto: privat
Pouco espaço para a oposição
Na pré-campanha, a oposição afirmou que nas ruas de Luanda só se viam cartazes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Segundo a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), as agências publicitárias recusavam-se a divulgar materiais da oposição, sob risco de perderem as licenças e os espaços publicitários atribuídos pelo Governo Provincial de Luanda.
Foto: DW/N. Sul de Angola
Propostas na rádio e televisão
Após a pré-campanha, a Comissão Nacional Eleitoral estabeleceu o período de 23 de julho a 21 de agosto para a campanha eleitoral. Além dos atos de massa, os partidos puderam apresentar as suas propostas nos meios de comunicação social do país. A oposição voltou a dizer que não teve o mesmo espaço que o partido no poder.
Foto: DW/B.Ndomba
Combate à corrupção
Combater a corrupção foi uma das metas apresentadas pelo MPLA. O partido no poder, que tem João Lourenço (foto) como cabeça-de-lista, reconheceu durante a campanha que o país "não pode mais sofrer com a corrupção". A ausência do candidato à vice-presidência, Bornito de Sousa, e do Presidente cessante José Eduardo dos Santos, que supostamente estavam doentes, também marcou a campanha eleitoral.
Foto: DW/ A. Cascais
"Interesse nacional"
Entre as propostas da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) está a gratuidade da educação até o ensino secundário. O maior partido da oposição também prometeu um Governo em que o "interesse nacional" esteja acima de "interesses partidários, setoriais ou pessoais". O partido liderado por Isaías Samakuva encerrou sua campanha eleitoral no Cazenga (foto), em Luanda.
Foto: DW/A. Cascais
Mudança depois de 42 anos
A CASA-CE, segundo maior partido da oposição, reuniu ao longo da campanha milhares de apoiantes em diferentes atos de massa nas províncias (foto em Benguela, a 29 de julho). No ato de encerramento, em Luanda, o candidato Abel Chivukuvuku pediu confiança dos angolanos para pôr fim aos "42 anos de sofrimento e má governação".
Foto: DW/N. S. D´Angola
Estados federados
A campanha do Partido de Renovação Social (PRS) foi marcada pela proposta de implantar um sistema federalista no país. O cabeça-de-lista Benedito Daniel (ao centro da foto) defendeu que só através dessa reforma as províncias angolanas – convertidas em estados – teriam autonomia para governar.
Foto: DW/M. Luamba
Angolano no "centro da governação"
A campanha da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) deu especial atenção à pobreza, saúde, educação e emprego. Liderado por Lucas Ngonda, o partido diz que é a "única formação partidária que tem o angolano como centro da sua governação". A abertura da campanha eleitoral aconteceu no Bié (foto), berço do antigo braço armado do partido, a União Para a Libertação de Angola (UPA).
Foto: DW/J. Adalberto
"Dubai africano"
A Aliança Patriótica Nacional (APN) é o partido com o candidato à Presidência mais jovem. Durante a sua campanha eleitoral, o ex-deputado Quintino Moreira (à esquerda na foto) prometeu criar um milhão de empregos – o dobro do que o MPLA prometeu nestas eleições. Além disso, disse que transformaria a província do Namibe num "Dubai africano".