Três novos casos de ébola na República Democrática do Congo
Lusa | EFE | AP | nn
19 de maio de 2018
Três novos casos elevam para 17 o número de infeções confirmadas no novo surto do vírus ébola na República Democrática do Congo. Organização Mundial da Saúde descarta para já ameaça de saúde pública internacional.
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O ministro da Saúde da República Democrática do Congo, Oly Ilunga, anunciou na sexta-feira (18.05) três novos casos confirmados de ébola na cidade de Mbandaka, com mais de um milhão de habitantes.
Oly Ilunga afirma em comunicado que os novos casos foram registados na cidade de Mbandaka, onde tinha sido confirmado um caso no início da semana. Existem agora 17 casos de ébola confirmados em todo o país, 21 casos prováveis e cinco suspeitos, adianta o comunicado divulgado na sexta-feira e citado pela agência Associated Press (AP).
A propagação do vírus ébola numa área urbana causou alarme, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) descarta para já o cenário de emergência internacional. Para a OMS, o surto não constitui "atualmente uma urgência de saúde pública de dimensão internacional". No entanto, a agência das Nações Unidas elevou na sexta-feira de "alto” para "muito alto” o risco de contágio na República Democrática do Congo (RDC).
"O risco de propagação internacional é particularmente grande", mas existem fortes razões para crer que "esta situação pode ser controlada", afirmou ainda um membro do Comité de urgência da OMS, durante uma conferência de imprensa, na sexta-feira, em Genebra, Suíça.
Vacinação começa na próxima semana
O processo de vacinação deve começar esta segunda-feira (21.05), segundo as previsões da OMS. Pelo menos, 4.000 doses de uma vacina experimental já estarão na RDC e haverá mais a caminho, escreve a agência de notícias AP.
O novo surto do vírus ébola eclodiu há cerca de um mês numa zona rural do noroeste da RDC.
Desde 4 de abril até 17 de maio, segundo a OMS, foram reportados às autoridades locais 45 casos de pessoas supostamente infetadas, incluindo três profissionais de saúde, e 25 mortos.
As autoridades do Uganda afirmaram à agência de notícias espanhola EFE que o Uganda está em "alerta máximo" devido ao surto de ébola declarado na vizinha RDC, de onde recebe refugiados através do limite terrestre a sudoeste.
Mais de 50.000 congoleses atravessaram a fronteira para Uganda nos primeiros três meses e ainda estão a chegar a este país para os distritos de Kisoro e Kanungu, confirmou um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Tam Daniel Rogers.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.