Trabalhadores da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) decidiram hoje suspender a greve, por 30 dias, após a abertura do empregador em atender às reivindicações e devido aos efeitos colaterais da paralisação.
Publicidade
A greve dos trabalhadores ligados às áreas de produção, captação, tratamento e distribuição de água na capital angolana iniciou-se na passada quinta-feira (23.12) e foi suspensa no final da tarde de sexta-feira (24.12).
Hoje, em entrevista à Lusa, o primeiro secretário sindical da EPAL, António Martins, disse que a abertura da entidade patronal e a carência de água em muitos bairros de Luanda contribuiu para a suspensão da greve por um período de 30 dias.
"Suspendemos sim a greve, na sexta-feira ao fim da tarde, em função de termos estado reunidos em concertação sobre algumas situações que se desenvolveram ao longo da greve, primeiro a abertura da entidade patronal e uma situação que começou a incomodar os trabalhadores que era a falta de água em muitos bairros de Luanda", disse António Martins.
Negociações continuam
O pagamento regular dos salários, melhores condições laborais, assistência médica e medicamentosa, seguro obrigatório contra acidentes de trabalho e doenças profissionais são algumas das reivindicações dos técnicos da EPAL.
Segundo o sindicalista, as negociações continuam na quinta-feira (30.12) e o ministro da Energia e Águas "assumiu e orientou" o conselho de administração a "implementar de forma direta" os subsídios de reforma e o seguro obrigatório contra acidentes de trabalho.
Quanto à situação dos salários, o conselho de administração da empresa pública "comprometeu-se em pagar no último dia de cada mês", então, frisou o líder sindical, "há uma certa abertura, não obstante da confiança ainda estar quebrada".
"Por isso é que os trabalhadores deram uma moratória de 30 dias, tudo dependente da atuação do empregador e caso não haja sinais de comprometimento, os trabalhadores poderão paralisar no termo deste prazo", concluiu António Martins.
Luanda: Convivência diária com o lixo está de volta
Capital angolana voltou a ficar imunda, apesar da megacampanha de limpeza promovida pela comissão criada pelo Presidente João Lourenço.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Lixo deixou de ser notícia
Os amontoados de lixo continuam a crescer em diferentes bairros de Luanda e o assunto deixou de ser manchetes na imprensa Angola. Nos mercados informais, vias públicas e paragens de táxis, as pessoas têm de conviver com a imundice e o mau cheiro.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Megacampanha de limpeza fracassou
A campanha de limpeza encabeçada pela ministra de Estado para Área Social, Carolina Cerqueira, contou com a participação massiva de efetivos do Exército e da Polícia angolana, para além alguns funcionários públicos e cidadãos comuns. Entretanto, o lixo voltou a tomar conta da capital angolana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
A crise do lixo já dura há meio ano
A então governadora de Luanda, que começou a enfrentar a crise do lixo no fim de 2020, disse à imprensa que a campanha não teria apenas dois ou três dias de duração, mas que se prolongaria até que a comissão "exterminasse" a sujeira em Luanda. A capital angolana é tida como uma das mais caras do mundo. Mas, nem com isso, o problema do lixo foi solucionado.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Concurso público polémico
Foram detetadas várias irregularidades nos contratos assinados a 31 de março com as empresas privadas Sambiente, Chay Chay, Multi Limpeza, Consórcio Dassala/Envirobac, Jump Business, ER-Sol e a pública Elisal.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Custos altos
Segundo o jornal angolano Expansão, várias operadoras deixaram cair a participação no concurso público após a aquisição do caderno de encargos, por entenderem que os valores máximos estipulados por município eram muito inferiores aos custos que teriam para realizar todas as exigências em termos contratuais.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Governadora exonerada no meio da crise
A crise do lixo na cidade de Luanda é apontada como a razão da exoneração de Joana Lina do cargo de governadora de Luanda, no passado dia 30. A exoneração ocorreu depois da polémica do concurso público de novas operadoras de gestão de resíduos. A agora ex-governadora é acusada de falta de transparência no processo de seleção de empresas que fariam a gestão do lixo.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Lixo + chuva = doença e mortes
O lixo em Luanda é apontado como a principal causa do surto de malária, febre tifóide e uma praga de mosca que assola a capital do país desde o princípio deste ano. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em junho, Angola registou mais três milhões de casos de malária que resultaram em cerca de 5.573 óbitos em todo o país, de janeiro a maio de 2021.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Recolha aleatória
Em alguns bairros, a DW constatou que algumas operadoras de limpeza fazem a recolha do lixo, mas com grande insuficiência. Os resíduos às vezes são recolhidos com intervalo de dois ou até mesmo uma semana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Kilamba engolido pelo lixo
No Kilamba, que completou 11 anos de existência no passado dia 10 de julho, encontram-se diversos amontoados de lixo. O administrador da centralidade diz que, nos últimos meses, a fraca recolha do lixo contribuiu para o registo de mais casos doenças como a febre tifoide e a malária. Os números atuais nunca foram registados desde a fundação do Kilamba, disse Murtala Marta ao Jornal de Angola.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Dívida milionária com as antigas operadoras
Em dezembro do ano passado, a então governadora provincial, Joana Lina, suspendeu contratos com seis operadoras de limpeza e saneamento de Luanda, alegando incapacidade de liquidar a dívida avaliada em cerca de 308 milhões de euros.