Transferências de poder em debate na conferência anual da DW
Ines Eisele | mjp
26 de maio de 2019
O Global Media Forum, evento anual sobre os média organizado pela DW, tem lugar esta segunda e terça-feira, 27 e 28 de maio, e reúne mais de 2.000 participantes de 140 países, em Bona, na Alemanha.
Publicidade
A 27 a 28 de maio, a Deutsche Welle é a anfitriã da décima segunda edição do Global Media Forum, o maior evento internacional de média na Alemanha. O tema deste ano: "Shifting Powers", em português, transferências de poder, numa altura em que em muitos lugares - também no contexto da crescente digitalização - as relações entre meios de comunicação social, política e sociedade são conturbadas.
"Populistas de todos os quadrantes estão a ameaçar a integridade da Europa", diz Peter Limbourg, diretor-geral da DW. "O controlo da informação tornou-se um instrumento de poder para eles", acrescenta.
Ao mesmo tempo, diz Limbourg, os detentores do poder estão a disseminar as suas próprias mensagens, por exemplo, através do controlo dos meios de comunicação social do Estado ou da desinformação nas redes sociais. "A liberdade de expressão está ameaçada", sublinha.
Cenários e relações de mudança
Este ano, o Global Media Forum foca precisamente estes processos de mudança. O primeiro dia é dedicado à forma como o panorama mediático está a mudar e quais são os riscos e oportunidades associados a estas mudanças. Marcam presença, entre outros, o co-fundador do grupo India Today, Aaron Purie, e Mark Peters, da Google. Estão também previstas intervenções de Mathias Döpfner, diretor da Axel Springer Verlag, e de Jaron Lanier, pioneiro digital norte-americano.
No segundo dia da conferência, a "relação amor-ódio entre média e política" é o tema central. Can Dündar, antigo chefe de redação do jornal turco Cumhuriyet, o político da oposição russa Leonid Volkov e Georg Mascolo, diretor da associação de investigação que reúne as emissoras públicas alemãs NDR, WDR e o diário Süddeutscher Zeitung, vão debater os caminhos que esta relação está a tomar.
A conferência, que reunirá cerca de 2.000 participantes de 140 países vai também abordar outros temas, como o futuro do jornalismo local, a inteligência artificial, a migração, o populismo e o discurso de ódio e o jornalismo de investigação.
Além de palestras e workshops, destacam-se eventos artísticos como a exposição fotográfica do projeto "Everyday Africa", em que 30 fotógrafos internacionais apresentam perspectivas que vão além dos estereótipos africanos.
Outro dos destaques do Global Media Forum será a apresentação do Prémio anual Liberdade de Expressão da DW. Este ano, a galardoada é a mexicana Anabel Hernández, uma jornalista controversa forçada a fugir do seu país natal, que recebe o prémio pelo trabalho na luta contra a corrupção, o encobrimento e a impunidade.
"Desigualdades Globais": pobreza ao lado de riqueza vistas de drones
O Global Media Forum (GMF) da DW é uma das maiores conferências de jornalismo na Alemanha. A edição de 2018 teve como lema as "Desigualdades Globais". Um destaque foi uma exposição de fotografias tiradas com drones.
Foto: Johnny Miller
Cidade do Cabo, África do Sul - Khayelitsha
O Global Media Forum (GMF) da DW é uma das maiores conferências de jornalismo na Alemanha. A edição de 2018 teve como lema "Desigualdades Globais". Um destaque foi a exposição "Unequal Scenes" ("Cenas Desiguais") de fotografias tiradas com drones pelo fotógrafo Johnny Miller, residente na Cidade do Cabo e fundador do projeto africanDRONE. Esta foto mostra o bairro pobre Kayelitsha à beira do mar.
Foto: Johnny Miller
Cidade do Cabo, África do Sul - Dunoon
Dunoon é um bairro pobre (township) em Milnerton, Cidade do Cabo. Tem uma população de cerca de 31.000 pessoas, mas faltam infraestruturas como uma equadra da polícia. Já foi palco de protestos xenófobos. A imagem foi captada através de um drone (aparelho voador não-tripulado) do fotógrafo Johnny Miller.
Foto: Johnny Miller
Cidade do Cabo, África do Sul - Wolwerivier
Wolwerivier é outro bairro da Cidade do Cabo. Neste caso, trata-se de um bairro temporário ("Temporary Relocation Area - TRA") administrada pelo município. Serve para albergar pessoas que tiveram que sair do centro por causa do aumento das rendas. Agora estão neste bairro isolado 25 kms do centro da cidade sem acesso a serviços como escolas, hospitais e empregos.
Foto: Johnny Miller
Johannesburgo, África do Sul - Makause
No bairro informal de Makause residem cerca de 15.000 pessoas. Fica em Primrose, Germiston no East Rand (Ekurhuleni Metropolitan Municipality) na área metropolitana de Johanesburgo, maior cidade da África do Sul. A África do Sul é um dos países do mundo com maior fosso entre ricos e pobres, legado do regime segregacionista. Mais de 25 anos depois do fim do apartheid, ainda se vê a divisão do ar.
Foto: Johnny Miller
Durban, África do Sul - Papwa Sewgolum Golf Course
O campo de golfe "Papwa Sewgolum Golf Course" está localizado nas margens verdes do Rio Umgeni em Durban, na África do Sul. Existe um bairro informal poucos metros do buraco número seis do campo de golf. Uma barreira de betão separa o relvado cuidadosamente cuidado do bairro de lata.
Foto: Johnny Miller
Nairobi, Quénia - Loresho/Kawangare
Para além da África do Sul, outros países africanos mostram os mesmos sinais de separação em bairros ricos e bairros pobres como neste caso de Loresho e Kawangare, na periferia de Nairobi. Ambos ficam no nordeste da capital do Quénia.
Foto: Johnny Miller
Mumbai, Índia - Slums
Na cidade indiana de Bombaim, oficalmente conhecida como Mumbai, o contraste entre os vários bairros até se vê pelas diferentes cores. A região metropolitana é a segunda maior do país, atrás de Grande Deli. Bombaim também é caraterizada pela convivência de ricos e pobres em espaços pequenos, já que a sua posição geográfica em ilhas limita a expansão urbana.
Foto: Johnny Miller
Cidade do México, México - Santa Fé
A Cidade do México é considerada uma das maiores do mundo. Neste caso, o drone captou a imagem do bairro de Santa Fé, onde agentes imobiliários começaram a erguer um bairro exclusivo e próspero dentro de uma zona tradicionalmente pobre.
Foto: Johnny Miller
Detroit, EUA - Highland Park
As desigualdades também são visíveis em países do norte, como neste caso de Detroit, nos Estados Unidos da América (EUA). Quem quiser ver mais imagens de drones do fotógrafo Johnny Miller, pode visitar o site: http://www.unequalscenes.com/