Arresto de bens de Isabel dos Santos é insuficiente
Lusa | mc
20 de março de 2020
A organização anticorrupção saúda Portugal por arresto de bens de Isabel dos Santos, mas afirma que o país está “mal preparado para lidar com a lavagem de dinheiro” e que a cooperação com Angola deve continuar.
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A organização Transparência Internacional disse esta sexta-feira (20.03) que a apreensão de todos os ativos mantidos em Portugal por Isabel dos Santos, ordenada pelo Ministério Público (MP) em fevereiro, é "um passo importante rumo à Justiça".
Contudo, "esta decisão não foi longe o suficiente, pois não a impediu de vender as ações que tinha em empresas portuguesas", disse Karina Carvalho, diretora executiva da Transparência International Portugal.
"Ainda não foi respondido por que as autoridades portuguesas não cumpriram totalmente o pedido de cooperação judicial das autoridades angolanas”, continuou Carvalho.
"Não só parece que há falta de vontade política em Portugal para promover ativamente a devolução do dinheiro roubado às pessoas a quem pertence, como o sistema judicial do país parece estar mal preparado para lidar com a lavagem de dinheiro, particularmente no que diz respeito à recuperação de ativos roubados ”, argumentou Carvalho.
A ordem do Ministério Público para congelar as contas bancárias e arrestar os ativos de Isabel dos Santos foi efetivada após um pedido das autoridades angolanas "para ajudar o país a recuperar mais de 2 mil milhões de dólares em ativos roubados", lembrou a Transparência Internacional.
A nova decisão judicial estende-se às várias propriedades e ações de empresas que Isabel dos Santos alegadamente tem em Portugal, e vai ajudar a garantir que ela não lucre com a venda das ações no banco Eurobic, por exemplo", notou a organização anticorrupção.
Questões por responder
A Transparência Internacional não é a única com dúvidas acerca da condução do processo "Luanda Leaks" pelas autoridades portuguesas. Rui Verde, jurista e analista português, mostra-se perplexo com alguns espaços temporais do processo.
"Entre a ida do procurador-geral da República angolano a Lisboa e o congelamento das contas bancárias passaram mais de 20 dias. As contas bancárias congelam-se em poucos minutos.” O jurista não entende porque passaram tantos dias, visto que esse tempo dá, no seu entender, para "esvaziar contas bancárias”. Acredita que se tratou de um ato "inútil do ponto de vista de recuperação de ativos.”
Outra questão que está por responder prende-se com o desconhecimento dos bens que foram efetivamente arrestados, "tendo em conta que os ativos estão em nomes de empresas e essas empresas não pertenceram directamente a Isabel dos Santos”.
Rui Verde pergunta se foi arrestada toda a participação da empresária na Galp, na NOS e na Efacec. "Não sei houve aquilo a que se chama a desconsideração da personalidade coletiva”
O jurista alerta ainda que "parte desses ativos foram financiados por empréstimos de bancos portugueses” e questiona se a filha do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, vai deixar de pagar à Banca portuguesa após o arrastamento desses ativos.
Por fim, lembra que Isabel dos Santos tinha também ativos na Holanda, "onde há a famosa Unitel International”, e Malta. "Nesses países está a decorrer algum processo ou não? É importante porque neste momento havendo uma integração europeia não tem sentido arrestar-se apenas em Portugal e não na Holanda e Malta”.
"Luanda Leaks"
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em janeiro mais de 715 mil ficheiros. Sob o nome de "Luanda Leaks", os documentos revelaram como Isabel dos Santos terá, alegadamente, apropriado milhões em fundos estatais angolanos através de paraísos fiscais.
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
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Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
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Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
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Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
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Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
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Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.