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Liberdade de expressãoRuanda

Tribunal ruandês condena mais um youtuber crítico a Kagame

AFP
15 de novembro de 2021

Dieudonne Niyonsenga foi condenado a sete anos de prisão por criticar o Governo do Ruanda no seu canal no YouTube. Entre as acusações contra o influenciador digital, consta "humilhação" de funcionários do Estado.

Ruanda vor den Wahlen 2017
Foto: picture-alliance/dpa/G. Ehrenzeller

O influenciador digital Dieudonne Niyonsenga foi condenado a sete anos de prisão por um tribunal em Kigali. O youtuber ficou conhecido no Ruanda por criticar o Governo do Presidente Paul Kagame, há duas décadas no poder.

Niyonsenga integra um grupo de críticos presos no Ruanda nos últimos meses por produzir conteúdo crítico ao Governo nas redes sociais. "Apelamos a este veredicto com efeito imediato. Simplesmente, isto não está correto", disse na sexta-feira (12.11) o advogado de defesa, Gatera Gashabana.

O youtuber produzia o canal "Ishema TV" e foi considerado culpado, na última quinta-feira, por quatro acusações que incluem forjar, personificar e "humilhar" funcionários do Estado.

"O tribunal considera que os crimes de que Niyonsenga é acusado foram cometidos intencionalmente", disse o juiz ao proferir o veredicto, determinar a prisão imediata do youtuber e o pagamento de multa equivalente a 4,2 mil euros.

Niyonsenga não estava presente no tribunal e, pouco depois do veredicto, a estrela do YouTube foi presa.

Influenciadores ameaçados

A intimidação aos produtores de conteúdo no YouTube é notória no Ruanda, onde os meios de comunicação independentes e outras formas de livre expressão são vigiadas pelo Governo. Alguns youtubers denunciaram à agência AFP que sofrem ameaças.

Niyonsenga era conhecido por questionar supostas violações dos direitos humanos. Em abril de 2020, por exemplo, fez uma série de vídeos denunciando excessos das forças de segurança contra moradores de áreas pobres durante as restrições devido à pandemia.

Youtuber Yvonne IdamangeFoto: YouTube/idamange

À época, o youtuber foi preso, acusado de violar o confinamento e de se fazer passar por jornalista. Niyonsenga foi absolvido e libertado 11 meses depois, mas o Ministério Público recorreu da decisão junto à Suprema Corte.

A decisão judicial ocorre semanas depois da condenação de outra youtuber, Yvonne Idamange. Mãe de quatro filhos, Idamange cumprirá 15 anos de prisão por "incitar à violência online".

O professor universitário Aimable Karasira também foi preso em junho, acusado de "negação de genocídio" - um crime grave no Ruanda. Karasira, que também produzia conteúdo crítico na rede social, acusou a Frente Patriótica Ruandesa - que governa o país desde 1994 e tem a liderança de Kagame - de atropelar os direitos humanos.

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