Tribunal turco ordena libertação de oito ativistas
AFP | AP | DPA | Lusa | gcs
26 de outubro de 2017
Os oito ativistas dos direitos humanos estavam em prisão preventiva desde julho, por alegado apoio ao terrorismo. Entre os libertados está o alemão Peter Steudtner, que prestou serviço em Moçambique.
Publicidade
Um tribunal em Istambul ordenou a libertação de oito ativistas dos direitos humanos na quarta-feira (25.10). Os ativistas pertencem a um grupo de 11 pessoas detidas em julho, acusadas de apoiar grupos terroristas.
Ao sair da prisão de Silivri, perto de Istambul, o ativista alemão Peter Steudtner abraçou vários apoiantes que se juntaram ali para o receber.
"Creio que estamos mais do que aliviados. Estamos muito contentes com o que aconteceu. Eu estou muito grato; estamos muito gratos a todos os que nos apoiaram legal e diplomaticamente e demonstraram a sua solidariedade", afirmou, emocionado, na madrugada de quinta-feira.
Steudtner prestou serviço civil na Ilha de Moçambique, ajudando a reintegrar ex-crianças soldado, tendo regressado diversas vezes ao país. Esteve ainda várias vezes em Angola. A detenção do ativista deteriorou ainda mais as relações diplomáticas entre Berlim e Ancara. O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, descreveu as acusações de terrorismo como "incompreensíveis".
Segundo a agência de notícias DPA, os dois ativistas europeus libertados, Steudtner e o colega sueco Ali Gharavi, deverão regressar a casa esta quinta-feira.
A diretora da Amnistia Internacional na Turquia, Idil Eser, que também foi libertada, afirmou que a ordem do tribunal foi "surpreendente" e lembrou que "ainda há muito amigos e jornalistas que estão na prisão injustamente".
"Vamos continuar a trabalhar até que todos os defensores dos direitos humanos e jornalistas sejam libertados", prometeu Eser.
Entre os jornalistas detidos está Deniz Yücel, correspondente do diário alemão "Die Welt", igualmente acusado de apoio ao terrorismo e preso em fevereiro passado em Istambul.
Raízes africanas na Turquia
São descendentes de africanos trazidos pelo Império Otomano como escravos e trabalhadores domésticos. Estima-se que sejam mais de 100 mil. Identificam-se como Afro-Turcos e vivem principalmente no oeste da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Raízes turcas
Esat Sezar, à esquerda, está sentado com o amigo na sua aldeia perto de Izmir. Esat, que trabalhou na Turquia na indústria hoteleira, considera-se turco. Ele desenha a sua árvore genealógica, recuando à aldeia onde nasceu. A aldeia de Köyü é uma mistura de afro-turcos e não afro-turcos, onde a sua mãe, de 106 anos de idade, diz lembrar-se da declaração da República da Turquia em 1923.
Foto: Bradley Secker
Parte da comunidade
Sabriye Sınaiç e a sua família são agricultores e trabalhadores na sua aldeia e áreas circunvizinhas. Ela não sabe nada sobre a sua ancestralidade, mas acredita que vieram para a Turquia via Damasco, na Síria. Até à criação da Associação Afro-Turca disse que não sabia que existiam outros como ela. Só depois percebeu que havia muitos espalhados à sua volta.
Foto: Bradley Secker
Ambiente de trabalho
Şakir (no meio) passa o tempo com os seus ex-colegas de trabalho da fábrica perto de Izmir. Agora Şakir é o responsável da Associação Afro-Turca depois da morte do seu fundador, Mustafa Olpak em 2016.
Foto: Bradley Secker
Sacola de misturas
Şükriye İletmış, de 70 anos de idade, está no seu jardim na aldeia de Hasköy, perto de Izmir, na Turquia. Şükriye identifica-se como uma afro-turca e viveu toda a sua vida em Hasköy.
Foto: Bradley Secker
Vida familiar
Şakir tem uma fotografia da família na sua aldeia. Şakir está na foto, veste uma camisa azul, atrás do lado direito. Criada há uma década, a Associação Afro-Turca está sediada em Izmir. A associação tem por objetivo destacar a comunidade e os problemas que ela enfrenta. Ela serve também como centro cultural para a comunidade que está dispersa, principalmente na costa ocidental da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Recuperando tradições
Uma Godya fala com as pessoas e tenta prever o seu futuro durante o festival anual Afro-Turco de Dana Bayram (Festival dos Bezerros). Tradicionalmente, as Godyas eram mulheres que chefiavam as comunidades Afro-Turcas no Império Otomano e eram muito respeitadas e poderosas. Elas já não existem, mas, para o festival, uma mulher local é escolhida para fazer este papel em nome da tradição.
Foto: Bradley Secker
Origem misturada
O filho de Şakir, de 32 anos de idade (dir.), o neto Yağız Efe e a sua nora Aysel na casa da família Şakir num suburbio de Izmir. Casamentos mistos são muito comuns entre a comunidade Afro-Turca, o que torna difícil estimar números exatos da população afro-turca.
Foto: Bradley Secker
Ajudando os outros
Gülşen Ergüven, de 35 anos de idade (de vermelho no centro), trabalha numa cantina na escola da sua aldeia em Yeniçiftlik. Gülşen tem dois filhos na escola e trabalha em tempo parcial e também ajuda a mãe com tarefas domésticas.
Foto: Bradley Secker
Novamente em casa
Fehmi Yavaşer, de 85 anos de idade, na sua aldeia natal de Belevi, na parte oriental da Turquia. Fehmi viveu na Alemanha como trabalhador convidado por 18 anos antes de ser deportado. Ele era pugilista quando regressou à Turquia e não tinha ideia sobre as suas heranças para além da sua aldeia.