Trump anuncia "acordo histórico de paz" entre Israel e Hamas
9 de outubro de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase de um plano de paz para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, conflito que já provocou dezenas de milhares de mortos desde outubro de 2023. Oacordo, mediado por Washington, Egito, Qatar e Turquia, prevê o cessar-fogo imediato, a libertação dos reféns e uma retirada parcial das forças israelitas do território.
Primeiros passos para o cessar-fogo
Trump revelou o entendimento na sua rede social Truth Social, afirmando que "Israel retirará as tropas para uma linha pactuada como primeiro passo rumo a uma paz sólida, duradoura e eterna” e que "todos os reféns serão libertados muito em breve”. O anúncio foi recebido com euforia na Casa Branca, que classificou o acordo como um marco diplomático sem precedentes desde os Acordos de Camp David, em 1978.
Segundo fontes próximas das negociações no Cairo, a primeira fase do plano prevê a suspensão total das operações militares israelitas e a libertação, em até 72 horas, de todos os reféns detidos pelo Hamas, vivos ou mortos. Em contrapartida, Israel compromete-se a retirar as suas forças de grande parte do enclave e a permitir a entrada massiva de ajuda humanitária.
Reações do Hamas e de Israel
O Hamas confirmou o acordo, descrevendo-o como um passo para "pôr fim à guerra e garantir a retirada total da ocupação da Faixa de Gaza”. Em comunicado, o grupo agradeceu aos mediadores do Qatar, Egito, Turquia e aos esforços diretos de Trump, pedindo que as potências garantam o cumprimento integral das disposições.
"Os sacrifícios do nosso povo não serão em vão. Permaneceremos fiéis à causa nacional até alcançar a liberdade e a autodeterminação”, declarou o movimento. Fontes palestinianas, citadas pelas agências AP e AFP, indicaram que o Hamas deverá libertar 20 reféns ainda vivos durante o fim de semana, enquanto as tropas israelitas se retiram de cerca de 70% de Gaza.
Em Jerusalém, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que convocará o governo para ratificar o acordo, agradecendo a Trump pelo "compromisso sagrado com a libertação dos reféns”. "Este é um grande dia para Israel. y
O Exército israelita anunciou hoje (10,09) que iniciou os preparativos e está a estabelecer um protocolo para recuar em breve para a linha que foi estabelecida para a primeira fase da sua retirada após acordo.
"O Exército iniciou os preparativos operacionais para implementar o acordo [de cessar-fogo]. Como parte deste processo, estão a ser implementados preparativos e um protocolo de combate para avançar rapidamente para as linhas de projeção ajustadas", anunciaram as Forças Armadas.
O Exército garantiu ainda que continua destacado em Gaza e está preparado para "qualquer desenvolvimento operacional".
Esta retirada deverá ocorrer antes de segunda-feira, dia em que Donald Trump anunciou que as milícias de Gaza, lideradas pelo Hamas, vão libertar os 48 reféns ainda mantidos em Gaza.
Famílias entre emoção e apreensão
As famílias dos reféns acolheram a notícia com "emoção e preocupação”, segundo o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas. A organização pediu ao governo israelita que ratifique o acordo sem atrasos, alertando para o risco de novas mortes caso haja entraves políticos.
"O acordo devolverá todos os reféns — os vivos, para que possam ser reabilitados junto das famílias, e os falecidos, para um enterro digno”, diz o comunicado. O grupo agradeceu a Trump "pela liderança e determinação que tornaram possível este avanço histórico”.
Trump declarou à emissora Fox News que espera ver os reféns regressarem a casa já na segunda-feira e garantiu que os Estados Unidos vão participar na reconstrução de Gaza "em cooperação com países árabes dotados de enormes recursos”.
Reações internacionais
O anúncio foi saudado por líderes de todo o mundo. O presidente argentino, Javier Milei, classificou o entendimento como "histórico” e declarou que proporá Trump ao Prémio Nobel da Paz, afirmando que "qualquer outro líder com conquistas semelhantes já o teria recebido”.
O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, felicitou o ex-presidente pela "liderança essencial” e apelou à rápida aplicação dos termos. O Japão elogiou o acordo como "um passo importante para estabilizar a região”, enquanto o governo australiano sublinhou que se trata de "um avanço necessário rumo à paz e à solução de dois Estados”.
Da ONU, António Guterres descreveu o acordo como um avanço desesperadamente necessário, defendendo que seja cumprido "na íntegra e sem desvios”, como oportunidade para reconhecer o direito à autodeterminação do povo palestiniano.
Um conflito que devastou Gaza
A guerra teve início a 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando 251. A resposta israelita, com bombardeamentos e invasões terrestres, deixou mais de 67 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
A ONU declarou recentemente uma situação de fome em várias zonas do enclave, onde milhões de civis vivem deslocados e sem acesso a água potável ou eletricidade. A assinatura do acordo surge, portanto, como a tentativa mais séria de pôr fim à guerra desde o início do conflito.
"O início da paz no Médio Oriente”
Ao anunciar o acordo, Trump afirmou que "isto é mais do que Gaza —é o início da paz no Médio Oriente”. Garantiu que os Estados Unidos e os países vizinhos ajudarão na reconstrução do território e na criação de condições para uma estabilidade duradoura.
"Gaza será reconstruída e voltará a ser um lugar seguro, com o apoio da comunidade internacional. Este é um grande dia para o mundo árabe, para Israel e para todos nós”, declarou.