A Comissão Nacional de Eleições (CNE) já disponibilizou 180 milhões de meticais (cerca de 2.5 milhões de euros) para financiar a campanha dos partidos políticos. Mas também apela para uma campanha eleitoral ordeira.
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Está tudo a postos para o arranque da campanha eleitoral para as eleições gerais de 15 de outubro próximo. A "maratona de caça” ao voto inicia amanha 31.08 e termina no dia 12 de outubro, três dias antes da votação.
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), são os únicos partidos políticos que concorrem em todos os 13 círculos eleitorais, sendo 11 no país e dois na diáspora (África do Sul e o resto do mundo), no total de 26 partidos políticos e grupos de cidadãos concorrentes.
Filipe Nyusi pela FRELIMO, Ossufo Momade pela RENAMO, Daviz Simango (MDM) e Mário Albino pela Ação de Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI), disputam o cargo de Presidente da República. Dentre os três candidatos dos partidos com assentos no Parlamento, Ossufo Momade é o estreante na corrida ao Palácio da Ponta Vermelha.
Na história do multipartidarismo em Moçambique, a eleição deste ano é a primeira que a RENAMO concorre sem o seu histórico líder Afonso Dhlakama (falecido em maio de 2018), o qual, participou em cinco pleitos eleitorais, defrontado Joaquim Chissano (1994 e 1999), Armando Guebuza (2004 e 2009) e Filipe Nyusi (2014).
Disponibilidade de fundos
Para a campanha eleitoral que arranca este sábado (31.08), a Comissão Nacional de Eleições (CNE) garante que todas as condições estão asseguradas, segundo disse em entrevista à DW África, Paulo Cuinica, porta-voz do órgão.
Cuinica assegurou que foram disponibilizados 180 milhões de meticais (cerca de 2.5 milhões de euros) para o financiamento da campanha aos partidos políticos.
"Este valor é dividido igualmente para as três eleições presidenciais, Assembleia da República e Assembleias provinciais, no valor de 60 milhões (cerca de 857 mil euros) para cada eleição”, disse Cuinica, acrescentando que "para a eleição do Presidente da República os quatro candidatos dividem em parte iguais os 60 milhões [15 milhões para cada, cerca de 214 mil euros]. É desta maneira que estamos preparados”, garante Cuinica.
Os partidos políticos concorrentes vão nestes 42 dias procurar divulgar os seus manifestos para os pouco mais de 12 milhões de eleitores inscritos nestas sextas eleições gerais em Moçambique, as quais vão eleger 250 deputados para Parlamento moçambicano, 794 membros das assembleias provinciais e pela primeira vez 10 governadores provinciais. De referir que a cidade de Maputo, e os dois círculos eleitorais da diáspora nãoelegem membros das assembleias provinciais e governadores. Campanha ordeira
A Comissão Nacional de Eleições pretende que a campanha eleitoral deste ano seja mais ordeira, por isso afirma que "estamos a capacitar jornalistas para que possam ter uma cobertura da campanha eleitoral com isenção”, informou Cuinica, para quem "também existe uma capacitação específica para agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) para que possam garantir a proteção das caravanas de caça ao voto”.
É olhando para importância que este pleito terá, que a CNE apela aos partidos políticos e grupos de cidadãos que transformem a campanha eleitoral num momento de festa, de acordo com Paulo Cuinica.
"Como gesto de paz, harmonia e reconciliação apelamos aos candidatos para que em caso de cruzamento de caravanas, sejam os primeiros a se abraçarem para transmitirem a mensagem de que estamos em momento de festa e de reconciliação nacional”, disse Cuinica.
Tudo a postos para o início da campanha para as eleições em Moçambique
Expetativa dos partidos
A FRELIMO; RENAMO e MDM, partidos com assento no Parlamento também almejam uma campanha eleitoral sem confrontações.
Em entrevista à DW África, Caifadine Manasse, porta-voz da FRELIMO (partido no poder), disse que a sua formação política está a preparar-se para tornar a campanha numa festa. "Estamos a trabalhar para que tudo corra bem no sábado (arranque da campanha) até ao último dia”,garante Caifadine Manasse.
Para a RENAMO, esta campanha tem um significado especial, até porque é o momento de promover o novo líder do partido Ossufo Momade. José Manteigas, porta- voz do partido garante que "estamos a afinar a nossa máquina de campanha. E estamos a capacitar os nossos ativistas para que de forma cívica e ordeira participemos da campanha eleitoral que inicia amanhã”.Por seu turno, o MDM através do seu porta-voz, Sande Carmona espera que "a campanha seja ordeira, que todos os concorrentes participem em igualdade de circunstâncias”, diz Carmana, alertando que "esperamos que desta vez a FRELIMO não use as Forças de Defesa para repelir os adversários políticos”.
"Maratona de caça" ao voto
Os três candidatos presidenciais iniciam a "caça” ao voto na zona centro do país. O candidato da FRELIMO, Filipe Nyusi inicia a maratona de campanha, com um showmício na cidade da Beira, neste sábado. Enquanto isso, Daviz Simango e Ossufo Momade, escolheram a província da Zambézia, para o arranque da caça ao voto. O líder do MDM tem um showmício marcado para a tarde deste sábado na cidade de Gurúe. E Ossufo Momade orienta o seu primeiro showmício no dia 03 de Setembro, na cidade de Quelimane.
Campanha eleitoral em Moçambique
A 15 de outubro de 2014, Moçambique realiza eleições gerais - presidenciais, legislativas e provinciais -, no território nacional e a 12 de outubro no estrangeiro. A campanha eleitoral teve início a 31 de agosto.
Foto: DW/J. Beck
Principais candidatos
A 15 de outubro próximo, Moçambique realiza eleições gerais no território nacional e a 12 de outubro no estrangeiro. A campanha eleitoral teve início a 31 de agosto. Os principais candidatos à presidência são Filipe Nyusi (foto), indicado à sucessão de Armando Guebuza pelo partido no poder, a FRELIMO; Afonso Dhlakama, líder do maior partido da oposição, a RENAMO; e Daviz Simango, do MDM.
Foto: picture-alliance/dpa
RENAMO entra com atraso
A campanha eleitoral teve início a 31 de agosto. Mas Afonso Dhlakama, o candidato e líder do principal partido da oposição moçambicana, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), entrou em campanha com um atraso de cinco dias, a 4 de setembro, quando fez o primeiro comício na cidade de Chimoio, capital da província central de Manica. Apoiantes acompanham a caravana no início da viagem a Maputo.
Foto: picture-alliance/dpa
Acordo de paz: condição para a RENAMO
Antes de iniciar a viagem a Maputo para assinar o acordo de paz entre o seu partido e o Governo da FRELIMO, a 5 de setembro, Afonso Dhlakama falou à imprensa (foto). Dhlakama estava refugiado na Gorongosa desde outubro de 2013, depois do seu acampamento em Satunjira, província de Sofala, na região centro, ter sido tomado pelo exército moçambicano.
Foto: picture-alliance/dpa
Dhlakama ovacionado em Maputo
Apoiantes do partido da oposição a caminho do aeroporto da capital, Maputo, para receber Afonso Dlakhama, candidato do maior partido da oposição, RENAMO, à presidência da República. O período tem sido marcado pela violência, mas alguns analistas dizem que em comparação com processos eleitorais anteriores esta campanha decorre melhor.
Foto: DW/L. Matias
Maior aposta é nos cartazes
Uma das maiores apostas de divulgação dos candidatos às eleições de outubro é a propaganda em cartazes. Esta já é uma tradição no país. No entanto, o tamanho dos mesmos varia, de acordo com o orçamento de campanha de cada partido. A propaganda de Daviz Simango, candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força politica do país, pode ser vista na Ilha de Moçambique.
Foto: DW/J. Beck
Tamanho e poder
Outdoor anunciando a candidatura de Filipe Nyusi, candidato do partido no poder, FRELIMO, à sucessão do atual Presidente, Armando Guebuza, em Namialo, no norte de Moçambique. A aldeia fica numa encruzilhada estratégica entre as cidades de Nacala, Pemba e Nampula, o maior círculo eleitoral do país. Os altos investimentos em propaganda refletem a força da FRELIMO na campanha eleitoral.
Foto: DW/J. Beck
Ponto estratégico
Os partidos menores investem nos cartazes, apesar de consideravelmente menores e mais difíceis de serem encontrados. O Partido Independente de Moçambique (PIMO), da oposição, que até 2014 não tinha assentos no Parlamento, escolheu um ponto estratégico para se divulgar: a Avenida Eduardo Mondlane, centro de Nampula, a terceira maior cidade do país. Yaqub Sibind é o candidato do PIMO à presidência.
Foto: DW/J. Beck
Nampula, o maior círculo eleitoral do país
Com mais de dois milhões de potenciais eleitores, a província de Nampula, o maior círculo eleitoral do país, espera eleger 47 deputados e 92 membros para a Assembleia Provincial. Para os candidatos das três maiores forças políticas que concorrem às presidenciais, a região é estratégica para vencer as eleições. Na foto, apoiantes da RENAMO a caminho de um comício de Afonso Dhlakama em Lumbo.
Foto: DW/J. Beck
Comité da FRELIMO em Nampula
Também a FRELIMO investe no maior círculo eleitoral do país. O edifício da sede regional da campanha do partido no poder, localizado no centro de Nampula, tem a fachada coberta por cartazes publicitários do partido no poder e do seu candidato à sucessão presidencial, Filipe Nyusi.
Foto: DW/J. Beck
A propaganda móvel da RENAMO
Outra aposta da RENAMO é na propaganda móvel. Motociclistas com bandeiras do maior partido de oposição de Moçambique circulam pelas principais cidades dos país. Este locomoveu-se no centro de Nampula – um dia antes de o líder e candidato à presidência da RENAMO, Afonso Dhlakama, voltar à terceira maior cidade de Moçambique, após mais de dois anos de ausência.
Foto: DW/J. Beck
Apoiantes da FRELIMO nas ruas
Pelas ruas de todo o país, podem ser vistos também os apoiantes da FRELIMO, o partido no poder. Vendedores ambulantes, no cais do barco que faz a travessia ligando Maputo a Catembe, mostram cartazes e faixas com propaganda do partido e do seu candidato à sucessão de Armando Guebuza, Filipe Nyusi. É notável a supremacia da FRELIMO na propaganda eleitoral em Moçambique.
Foto: DW/J. Beck
Amplo alcance da FRELIMO
As bandeiras da FRELIMO espalham-se até mesmo nos locais mais remotos do país, como neste mercado em Namialo, Nampula, no norte. Onze candidatos presidenciais e 30 partidos, coligações e grupos de cidadãos concorrem às eleições gerais moçambicanas que serão realizadas a 15 de outubro no território nacional e a 12 de outubro no estrangeiro.
Foto: DW/J. Beck
Campanha não está a ser pacífica
Multiplicam-se as denúncias de ilícitos eleitorais, desde a destruição de panfletos a ameaças à população e ofensas aos partidos. O MDM acusou o partido no poder, a FRELIMO, de inviabilizar um comício do seu candidato, Daviz Simango, nos arredores de Maputo, em 24 de setembro. Já a RENAMO queixa-se de estar a ser atacada pelo facto de ter armas. A FRELIMO não respondeu às acusações.
Foto: DW/J. Beck
Denúncias de tortura e violações em Nampula
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) apelou à contenção da violência. No entanto, a 25 de setembro, após confrontos com apoiantes da FRELIMO, sete membros do MDM foram detidos. Dois dias depois, seis deles foram libertados e denunciaram terem sido torturados e violados sexualmente por outros prisioneiros, a mando dos agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), que negou as acusações.