A vila de Mocímboa da Praia, no norte de Moçambique, é palco de ataques, levados a cabo por desconhecidos armados, desde a madrugada desta quinta-feira. Há relatos de dezenas de feridos. A segurança foi reforçada.
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"Homens fortemente armados e com armas contundentes invadiram a vila enfrentando frontalmente a força policial", contou à agência de notícias Lusa um residente na localidade de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado. Segundo a mesma fonte, vários polícias deram entrada no banco de socorro do hospital rural.
Um jornalista, que não quis ser identificado, disse à DW África que um grupo "com vestes árabes" assaltou o posto policial de Mocímboa da Praia e apoderou-se de algumas armas e munições.
A secretária permanente do distrito de Mocímboa da Praia, Rosa Flora, já confirmou os ataques desta quinta-feira (05.10). Em declarações à DW África, a responsável adiantou que membros do Governo local e alguns residentes estão fechados em casa. Uma parte da população refugiou-se nas matas.
Polícia fala de cinco mortos e de ataques a três postos
Segundo Inácio Dina, porta-voz da polícia moçambicana, cinco pessoas morreram na sequência de ataques por um grupo desconhecido a três postos policiais, durante a madrugada, na província de Cabo Delgado."Essa invasão e ataque foram feitos por mais de 30 homens com armas brancas (catanas) e armas de fogo", acrescentou Dina, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.
Entre os cinco mortos, há dois elementos da polícia e os restantes pertenciam ao grupo de desconhecidos que protagonizou o ataque, acrescentou.
De acordo com Inácio Dina, o grupo atacou, quase em simultâneo, o posto de Auazi, a 2.ª Companhia da Polícia de Proteção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente e o Comando Distrital da PRM de Mocímboa da Praia.
"Estão a decorrer perseguições e detenções", explicou o porta-voz da polícia, acrescentando que são ainda desconhecidas a origem e intenções do grupo de elementos mascarados, dois dos quais estão detidos para interrogatório.
"Não há indicação da natureza e das motivações", observou Inácio Dina, acrescentando que o grupo se expressava em português, suaíli e quimuane, linguais faladas localmente, concluiu.
Pemba: degradação em tempos de boom
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios históricos de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Casas históricas em ruínas
Apesar do crescimento económico causado pelas descobertas de gás no norte de Moçambique, os edifícios do centro histórico de Pemba continuam degradados. Os investimentos vão à construção de novos edifícios e não à reabilitação. A degradação não poupa prédios com elevado valor histórico como esta casa, que foi na era colonial e até 1979 a residência do governador da província de Cabo Delgado.
Foto: Eleutério Silvestre
Mercado central de Pemba
O mercado localiza-se na cidade baixa da cidade desde 1940. Foi uma atração turística de Pemba, que em tempos coloniais era chamada Porto Amélia. Os números e as letras na placa por cima da fachada da entrada, resistem as intempéries naturais e ainda testemunham o quanto foi importante o mercado para os colonos portugueses.
Foto: Eleutério Silvestre
Negócio parado: as bancas do mercado
Nestas bancas simples eram expostos cereais, leguminosas e outros produtos alimentares. Antes do total abandono nos anos 2000, o mercado era frequentado por cidadãos da classe média de diferentes bairros de Pemba, atraídos pelo nível de higiene que caraterizava na exposição dos produtos. Vendia-se o melhor peixe e a melhor carne da cidade de Pemba.
Foto: Eleutério Silvestre
Abandono total: o cinema de Pemba
O cinema de Pemba, localizado na periferia da cidade baixa, era o único da cidade. Até 1990, eram projetados filmes na sala: das 14 às 16 horas os filmes para menores e das 17 às 21 horas as longas metragens para maiores de 18 anos. O cinema era ponto de encontro de cidadãos de diferentes idades de Pemba. O edifício funcionou também como ginásio de 2008 a 2012.
Foto: Eleutério Silvestre
Novas construções na vizinhança
Em vez de renovar e adaptar edifícios históricos já existentes, constroem-se novos prédios em Pemba, a capital da província moçambicana de Cabo Delgado. Este projeto do anfiteatro de Pemba é fruto de uma parceria público privada, entre o Hotel Wimbe Sun e o Conselho Municipal de Pemba. Mais um exemplo de que os investimentos vão para a construção e não para a reabilitação.
Foto: DW/E. Silvestre
Construir de raiz em vez de reabilitar
Mesmo para escritórios, que facilmente poderiam ser instalados em prédios históricos renovados, a opção preferida é construir de raiz. Assim sendo, o "boom" económico causado pela descoberta de grandes quantidades de gás na Bacia do Rovuma na província de Cabo Delgado não beneficia o centro histórico da cidade de Pemba. Este edifício é destinado para albergar uma filial bancária.
Foto: DW/E. Silvestre
Antiga delegação da Cruz Vermelha
Esta casa localiza-se na principal via de acesso à cidade baixa de Pemba. Serviu em regime de arrendamento como primeira delegação da Cruz Vermelha na província. A partir deste edifício, a Cruz Vermelha desencadeou ações humanitárias durante a guerra civil de Moçambique. Em 1999, a Cruz Vermelha de Moçambique abandonou a casa e mudou para infraestruturas próprias modernas.
Foto: Eleutério Silvestre
Armazém histórico de Pemba
Este armazém na cidade baixa faz parte dos edifícios históricos abandonados. Durante a guerra civil, serviu para o armazenamento de alimentos. Foi aqui que os residentes do bairro mais antigo de Pemba, Paquitequete, compravam produtos de primeira necessidade. Teve um papel muito importante durante a emergência de fome que assolou a população de Pemba durante a guerra civil no ano de 1980.
Foto: Eleutério Silvestre
Porto de Pemba
Quando o centro histórico está em degradação, uma das zonas mais dinámicas de Pemba é o porto. Do lado direito, as antigas instalações, do lado esquerdo a zona de ampliação destinada a carga do material da exploração do gás. O cais flutuante foi construído pela empresa francesa Bolloré. A esperança é que o boom do gás ajuda a reabilitar para além do porto também os edifícios históricos de Pemba.