Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que os rebeldes sírios apoiados por Ancara ocuparam o enclave de Afrin, dominado pelas forças curdas no noroeste da Síria. Campanha militar foi lançada a 20 de janeiro.
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, declarou este domingo (18.03) que os rebeldes sírios apoiados por Ancara ocuparam o enclave de Afrin, dominado pelas forças curdas no noroeste da Síria.
"Unidades do Exército Livre Sírio (FSA), que têm o apoio das Forças Armadas turcas, tomaram o controle do centro da cidade de Afrin nesta manhã. Operações de busca para localizar minas e outros explosivos estão em andamento", disse o governo turco em comunicado.
Imagens de vídeo mostram tanques turcos e combatentes do FSA no centro da cidade, assim como soldados levantando a bandeira da Turquia.
A milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), no entanto, não abandonou Afrin. Segundo uma fonte citada pela agência de notícias Associated Press (AP), as YPG teriam apenas evacuado os civis devido a "massacres" cometidos pelos rebeldes sírios, e os choques prosseguem no extremo noroeste da Síria.
A Turquia lançou uma campanha militar para eliminar elementos ditos "terroristas" na fronteira a 20 de janeiro, com o respaldo de rebeldes sírios. Os alvos eram as YPG e seus aliados.
Ancara alega que a milícia seria uma extensão do Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK), classificado pelo Estado turco como terrorista.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, mais de 1.500 combatentes curdos já foram mortos desde o início da ofensiva turca. Mais de 150 mil pessoas deixaram o noroeste sírio, tentando escapar dos choques entre os rebeldes apoiados pela Turquia e os combatentes curdos. As YPG ocupam Afrin desde 2012, quando forças do governo sírio se retiraram da área.
Repercussão internacional
Depois de Washington ter anunciado a criação de uma "força fronteiriça" no norte da Síria, que integraria combatentes curdos, Ancara lançou a 20 de janeiro a ofensiva terrestre e aérea designada "Ramo de Oliveira" contra as YPG na região de Afrine.
Damasco condena "a brutal agressão da Turquia", enquanto a Rússia se declara "preocupada", apesar de Ancara dizer que conta com o acordo dos russos. A milícia curda declara que também responsabilizará a Rússia pelos ataques dos turcos.
A ofensiva militar de Ancara na Síria desencadeou tensões entre a comunidade curda na Europa. Milhares de curdos foram às ruas em diversos países para protestar contra a campanha militar. Líderes políticos turcos denunciam uma campanha de limpeza étnica no enclave de Afrin.
"Os curdos estão frente a frente com a carnificina, em múltiplas geografias", declarou neste sábado Pervin Buldan, copresidente do Partido Democrático dos Povos (HPD), a cerca de 10 mil manifestantes reunidos na cidade alemã de Hannover. O pró-curdo HDP é o terceiro maior grupo do Parlamento turco.
Raízes africanas na Turquia
São descendentes de africanos trazidos pelo Império Otomano como escravos e trabalhadores domésticos. Estima-se que sejam mais de 100 mil. Identificam-se como Afro-Turcos e vivem principalmente no oeste da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Raízes turcas
Esat Sezar, à esquerda, está sentado com o amigo na sua aldeia perto de Izmir. Esat, que trabalhou na Turquia na indústria hoteleira, considera-se turco. Ele desenha a sua árvore genealógica, recuando à aldeia onde nasceu. A aldeia de Köyü é uma mistura de afro-turcos e não afro-turcos, onde a sua mãe, de 106 anos de idade, diz lembrar-se da declaração da República da Turquia em 1923.
Foto: Bradley Secker
Parte da comunidade
Sabriye Sınaiç e a sua família são agricultores e trabalhadores na sua aldeia e áreas circunvizinhas. Ela não sabe nada sobre a sua ancestralidade, mas acredita que vieram para a Turquia via Damasco, na Síria. Até à criação da Associação Afro-Turca disse que não sabia que existiam outros como ela. Só depois percebeu que havia muitos espalhados à sua volta.
Foto: Bradley Secker
Ambiente de trabalho
Şakir (no meio) passa o tempo com os seus ex-colegas de trabalho da fábrica perto de Izmir. Agora Şakir é o responsável da Associação Afro-Turca depois da morte do seu fundador, Mustafa Olpak em 2016.
Foto: Bradley Secker
Sacola de misturas
Şükriye İletmış, de 70 anos de idade, está no seu jardim na aldeia de Hasköy, perto de Izmir, na Turquia. Şükriye identifica-se como uma afro-turca e viveu toda a sua vida em Hasköy.
Foto: Bradley Secker
Vida familiar
Şakir tem uma fotografia da família na sua aldeia. Şakir está na foto, veste uma camisa azul, atrás do lado direito. Criada há uma década, a Associação Afro-Turca está sediada em Izmir. A associação tem por objetivo destacar a comunidade e os problemas que ela enfrenta. Ela serve também como centro cultural para a comunidade que está dispersa, principalmente na costa ocidental da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Recuperando tradições
Uma Godya fala com as pessoas e tenta prever o seu futuro durante o festival anual Afro-Turco de Dana Bayram (Festival dos Bezerros). Tradicionalmente, as Godyas eram mulheres que chefiavam as comunidades Afro-Turcas no Império Otomano e eram muito respeitadas e poderosas. Elas já não existem, mas, para o festival, uma mulher local é escolhida para fazer este papel em nome da tradição.
Foto: Bradley Secker
Origem misturada
O filho de Şakir, de 32 anos de idade (dir.), o neto Yağız Efe e a sua nora Aysel na casa da família Şakir num suburbio de Izmir. Casamentos mistos são muito comuns entre a comunidade Afro-Turca, o que torna difícil estimar números exatos da população afro-turca.
Foto: Bradley Secker
Ajudando os outros
Gülşen Ergüven, de 35 anos de idade (de vermelho no centro), trabalha numa cantina na escola da sua aldeia em Yeniçiftlik. Gülşen tem dois filhos na escola e trabalha em tempo parcial e também ajuda a mãe com tarefas domésticas.
Foto: Bradley Secker
Novamente em casa
Fehmi Yavaşer, de 85 anos de idade, na sua aldeia natal de Belevi, na parte oriental da Turquia. Fehmi viveu na Alemanha como trabalhador convidado por 18 anos antes de ser deportado. Ele era pugilista quando regressou à Turquia e não tinha ideia sobre as suas heranças para além da sua aldeia.