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Detenções na Turquia a dois dias das eleições

Aram Ekin Duran | rl | AP | Reuters | EFE
22 de junho de 2018

A polícia turca deteve 14 alegados membros do grupo terrorista, dois dias antes das eleições presidenciais e parlamentares no país. Está nas mãos da população escolher se Recep Tayyip Erdogan continuará a ser Presidente.

Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, está no poder há 15 anos e na chefia do Estado desde 2014Foto: picture-alliance/dpa/H. Kaiser

A polícia diz ter indícios de que os jihadistas estavam a preparar ataques terroristas durante as eleições de domingo (24.06), informou a agência de notícias Anadolu. Os detidos são estrangeiros, disseram as autoridades, sem, no entanto, especificar a nacionalidade dos suspeitos.

Só durante o mês de junho, pelo menos 98 membros do grupo terrorista Estado Islâmico foram presos na Turquia, um número que no ano passado excedeu os 4.000. A Turquia é um país de passagem para membros do grupo jihadista vindos da Europa ocidental e da Ásia central e meridional.

Um político autoritário

O atual Presidente transformou a Turquia numa potência economicamente forte e que colocou o país no mapa da União Europeia (UE). No entanto, Recep Tayyip Erdogan tornou-se um político autoritário, o que faz com que sejam muitas as dúvidas quanto ao futuro do país.

Detenções na Turquia a dois dias das eleições

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Nos últimos dez anos, Erdogan livrou-se de todos os seus concorrentes com potencial. E, em abril de 2017, levou a cabo um referendo no país que teve como objetivo o reforço dos seus poderes. A população votou "sim" e apoiou a ideia do Presidente de substituir o regime parlamentar da Turquia por um regime presidencialista que, entre outros, elimina o cargo de primeiro-ministro e da ao Presidente o poder para nomear ministros, altos responsáveis oficiais e membros da mais alta instância judicial do país (HSIK).

"Esta é a primeira eleição na Turquia após as mudanças na Constituição que introduziram uma nova ordem constitucional, nomeadamente, uma presidência executiva e, portanto, o candidato que será eleito como novo Presidente executivo do país terá muito poder", afirma Sinan Ulgen, presidente do Centro de Economia e Estudos de Política Externa.

Clima de medo

A campanha eleitoral aconteceu num clima de medo. Por isso, muitos eleitores não se atrevem a expressar abertamente qual a sua intenção de voto. As sondagens mais recentes mostram que entre 45 e 55% do eleitorado apoia Erdogan e o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP). Mas a restante parte da população quer Erdogan fora do poder.

Para já, certo é que, no próximo domingo (24.06), cerca de 60 milhões de eleitores são chamados às urnas para decidir quem será o novo Presidente do país e que partidos terão assento parlamentar.

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Nos últimos 16 anos, Erdogan não saiu derrotado de nenhumas eleições. Este domingo, precisa de garantir 50% dos votos para evitar a realização de uma segunda volta. Mas, desta vez, Erdogan parece ter um opositor à altura. A concorrer contra a coligação do partido do presidente com os ultranacionalistas do Partido de Ação Nacionalista (MHP) estará a aliança formada pelo principal partido da oposição - o Partido Republicano do Povo - com o Partido Bom, o Partido da Felicidade e o Partido Democrata.

Sinan Ulgen considera que Erdogan não terá a vida facilitada. "Neste momento, a oposição parece ter mais hipóteses de ganhar a maioria no Parlamento. E, portanto, o cenário dominante é aquele em que Erdogan é Presidente, mas não controla o Parlamento - uma nova situação para a Turquia. Resta saber se Erdogan, como Presidente, será capaz de chegar a um entendimento com o Parlamento", explica o analista.

Oposição contra "regime de um homem só"

Segundo alguns analistas, a campanha de Erdogan foi, até à data, a mais fraca. Já a do social-democrata Muharrem Ince surpreendeu. O líder do Partido Republicano do Povo é por isso a principal ameaça de Erdogan. "A Constituição entrega tudo, o Orçamento, a jurisdição e a legislação a uma pessoa. É a primeira vez que isso acontece. Não devemos deixar que todos esses poderes sejam entregues a uma pessoa só", defende.

Quem também está contra aquilo a que chamou "um regime de um homem só" é Selahattin Demirtas, o candidato do Partido Democrático do Povo (HDP) - do qual têm sido presos vários membros nos últimos anos. O próprio Selahattin Demirtas conduziu a sua campanha para as eleições deste domingo a partir da prisão.

Para poder garantir o seu lugar na oposição, o HDP terá que reunir pelo menos 10% dos votos. Um marco que o partido pró-curdo conseguiu alcançar nas eleições legislativas de 2015.

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