UA apela ao diálogo e à preservação da unidade da CEDEAO
30 de janeiro de 2024Em comunicado, o presidente da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, expressou o seu "profundo pesar" na sequência do anúncio da saída do Mali, do Burkina Faso e do Níger da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), anunciada domingo (28.01), e declarou a total disponibilidade da Comissão da União Africana para ajudar a garantir um "diálogo fraterno, longe de qualquer interferência externa, venha ela de onde vier".
O diplomata chadiano apelou à conjugação de todos os esforços para que a unidade da CEDEAO seja preservada e a solidariedade africana reforçada, pedindo aos líderes regionais que intensifiquem o diálogo entre os dirigentes da CEDEAO e os três países envolvidos.
O comunicado da UA surge após a declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, feita no Conselho de Ministros extraordinário, na segunda-feira (29.01), e divulgada pela Presidência do Mali nessa noite, na qual defendeu que os três países trabalhem "pelos seus próprios interesses, livres de influências externas prejudiciais".
A reunião extraordinária do Executivo realizou-se um dia depois dos três países vizinhos, cada um deles governado por uma junta militar, terem anunciado a saída da união económica de 15 nações, que tem uma moeda comum, o franco CFA.
Sansões e críticas
A retirada é uma reação direta às sanções económicas e financeiras impostas pela CEDEAO aos três países na sequência dos golpes de Estado, que levaram os militares ao poder, e à pressão do bloco para que regressem à ordem constitucional.
Esta decisão surge, ainda, na sequência do afastamento gradual do Mali do bloco regional, que tem sido acompanhado por relações mais estreitas com a Rússia e pela formação de uma aliança de defesa coletiva assinada, em setembro, pelos três países, todos eles atingidos pela violência terrorista.
Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023), Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial, a França, de ingerência.
Em setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel, acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.
Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria.
As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.
A CEDEAO tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.