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ConflitosAlemanha

Ucrânia: Alemanha fornecerá ajuda militar

Lusa | Reuters | AFP | DPA | tm
16 de abril de 2022

Governo alemão anuncia que vai desbloquear mais de mil milhões de euros de ajuda militar à Ucrânia, mas sem precisar em que consistirá. Decisão vem depois de Kiev queixar-se de não receber armamento pesado de Berlim.

Deutschland Bundeskanzler Olaf Scholz
O chanceler alemão Olaf ScholzFoto: Soeren Stache/dpa/picture alliance

No total, com todos os países somados, Berlim decidiu aumentar a sua ajuda internacional no setor da defesa "para dois mil milhões de euros", no âmbito dessa rubrica orçamental, "estando a maior parte prevista sob a forma de ajuda militar à Ucrânia", segundo um porta-voz do Governo alemão.

Este pacote de dois mil milhões de euros "irá maioritariamente para a Ucrânia", confirmou na rede social Twitter o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner.

O Governo alemão procura, desta forma, responder às crescentes críticas das autoridades ucranianas, mas também de alguns dos seus parceiros da União Europeia (UE), como a Polónia e os Estados bálticos, sobre a sua aparente falta de apoio em matéria de armamento à Ucrânia e até mesmo a sua complacência em relação a Moscovo.

Os planos de Berlim para um aumento da ajuda militar à Ucrânia encontraram aprovação, mas também críticas. O analista em política externa do partido de oposição, a União Democrata Cristã (CDU), Norbert Röttgen, disse neste sábado (16.04) que, o que ochanceler Olaf Scholz (SPD)e o ministro das Finanças Christian Lindner (FDP) haviam pensado era algo "cínico".

"Enquanto toda a Europa está a pedir à Alemanha liderança e responsabilidade, estão ocupados a salvar os rostos dos conflituosos partidos no Governo federal".

O opositor disse ainda que "a ofensiva russa é iminente e a Ucrânia não se pode defender com dinheiro", mas que precisa de armas "o mais rapidamente possível", escreveu Röttgen.

O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, Os Verdes (esq.) e o chanceler Olaf Scholz (SPD), dir.Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

Chanceler relutante

Contudo, o chanceler social-democrata alemão Scholz mostra-se relutante em autorizar a entrega de, por exemplo, tanques retirados do arsenal do exército alemão, temendo entrar numa perigosa espiral militar com a Rússia.

Enfrenta, por isso, o início de uma crise dentro da sua coligação governamental, que reúne ecologistas e liberais, ambos cada vez mais favoráveis ao envio de artilharia pesada para a Ucrânia e que criticam abertamente Scholz por uma alegada falta de liderança.

Hoje, o vice-chanceler alemão, Robert Habeck, por sua vez, apelou para que as tradicionais marchas pela paz realizadas na Alemanha durante a Páscoa fossem dirigidas contra o Presidente da Rússia por ser o agressor na guerra da Ucrânia.  

"Só pode haver paz se Vladimir Putin parar a sua guerra. É por isso que as marchas da Páscoa devem deixar claro que são dirigidas contra a guerra do Presidente russo [sic]", disse Robert Habeck aos media alemães, neste sábado.

Além de vice-chanceler, Habeck, que pertence ao partido Os Verdes, é ministro das Finanças e da Proteção Climática no Governo de coligação liderado pelo social-democrata Olaf Scholz, que também integra os liberais.

Protesto em Berlim, neste sábado (16.04).Foto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance

Marchas pela paz

Neste sábado de páscoa (16.04), marchas pela paz ocorreram em várias cidades alemãs, e outras estão programadas para este fim de semana, sendo essas dirigidas contra a guerra na Ucrânia. 

"É claro nesta guerra quem é o agressor e quem tem de se defender numa situação difícil e quem temos de ajudar, também com armas", disse o ministro alemão do partido Os Verdes, Habeck. 

Os Verdes têm uma longa tradição de pacifismo, que teve de ser revisto em várias ocasiões, como durante a guerra do Kosovo (1998-1999). 

"Pacifismo é, hoje em dia, um sonho distante. Putin ameaça a liberdade na Europa. Os crimes de guerra são claramente parte da sua estratégia. Ele mata civis indefesos, executa prisioneiros de guerra, assassina famílias, bombardeia hospitais", afirmou. 

Habeck já tinha pedido aos alemães, na sexta-feira, que poupassem energia para "irritar Putin", dada a dependência da Alemanha do gás russo. 

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