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Ucrânia: AI diz que tropas russas cometeram crimes de guerra

Lusa | EFE | tms
6 de maio de 2022

Secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, denuncia "ataques ilegítimos" contra civis ucranianos, nos arredores de Kiev, e exige que as forças da Rússia respondam pelos "crimes de guerra" cometidos.

Amnistia Internacional registou edifícios residenciais destruídos pelas tropas russas em BorodyankaFoto: Amnesty International

A Amnistia Internacional divulgou esta sexta-feira (06.05) um relatório com os resultados de uma investigação no terreno, em que defende que as forças russas têm de enfrentar a justiça por crimes de guerra cometidos nas regiões noroeste da Ucrânia.

Os testemunhos de dezenas de pessoas e a recolha de provas referem-se a bombardeamentos ilegais contra civis em Borodyanka e execuções sumárias nas cidades de Busha, Andriivka, Zdyzhivka e Vorzel.

A delegação da Amnistia Internacional (AI) esteve na região nos últimos dias, onde registou os testemunhos dos sobreviventes e familiares das vítimas assim como manteve contactos com elementos das autoridades ucranianas.  

"O padrão dos crimes cometidos pelas forças da Rússia que nós documentámos incluem ataques ilegais e a morte intencional de civis", disse a secretária-geral da AI, Agnès Callamard, durante uma conferência de imprensa.

Delegação da AI durante visita a BorodyankaFoto: Eduardo Quiros Riesgo

"Mantivemos encontros com as famílias cujos membros foram assassinados em horríveis ataques ou cujas vidas mudaram para sempre por causa da invasão da Rússia. Nós apoiamos os pedidos de justiça dessas pessoas e apelamos às autoridades ucranianas, ao Tribunal Penal Internacional e a outras instâncias para manterem as provas de forma a apoiar futuras queixas por crimes de guerra", disse Callamard.

"É fundamental que todos os responsáveis, incluindo a cadeia de comando seja levada à justiça", disse ainda a secretária-geral da organização.

Crimes documentados

Em Borodyanka, a Amnistia Internacional descobriu que, pelo menos, 40 civis foram assassinados em ataques desproporcionados e indiscriminados e que destruíram as infraestruturas da zona, provocando milhares de deslocados.

Em Busha e outras cidades da região noroeste de Kiev, a Amnistia Internacional documentou 22 casos de assassinatos ilegais pelas forças militares da Rússia sendo que a maior parte foram "execuções extrajudiciais". 

Sobre ataques aéreos, a organização não-governamental destaca os factos ocorridos nos passados dias 1 e 2 de março, quando uma série de bombardeamentos efetuados pela aviação de combate russa destruiu oito blocos de apartamentos na cidade de Borodyanka, a cerca de 60 quilómetros de Kiev, onde viviam mais de 600 famílias.

Bombeiros procuram sobreviventes nos escombros dos edifícios residenciais em BorodyankaFoto: Amnesty International

Nestes ataques aéreos seguidos de uma operação de infantaria, apoiada por veículos blindados, morreram pelo menos 40 habitantes.

Por outro lado, a AI diz estar na posse de uma série de documentos militares russos que foram encontrados em Busha e que, segundo os investigadores da organização, identificam as unidades militares que estiveram presentes na cidade, incluindo os membros do Regimento 104 do VDV, as Forças Aerotransportadas da Rússia, equipadas com material de guerra especial como espingardas de calibre 9,39 mm.

A Amnistia Internacional frisa que as execuções extrajudiciais cometidas em conflitos armados constituem crimes de guerra. Da mesma forma, crimes indiscriminados e desproporcionados também são considerados crimes de guerra sendo que os responsáveis devem ser julgados em tribunal.

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"De acordo com a doutrina militar, elementos das hierarquias superiores, incluindo comandantes militares e líderes civis, como ministros ou chefes de Estado que, conhecendo os crimes de guerra cometidos pelas Forças Armadas, nada fizeram para parar as ações ou punir os envolvidos, são também responsáveis pelos crimes", refere o documento da AI.

Número de mortos

Pelo menos 3.309 civis foram mortos e outros 3.493 ficaram feridos desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro, segundo um balanço divulgado esta sexta-feira pelo Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Entre os mortos estão 234 crianças, outros 330 jovens com menos de 18 anos ficaram feridos no decorrer do conflito, disse o escritório chefiado pela alta comissária Michelle Bachelet.

Mais de metade das vítimas confirmadas pela ONU morreram na região de Donbass (1.754), e as 1.555 restantes em áreas sob controlo do Governo ucraniano, incluindo regiões ao redor das cidades de Kiev, Kharkiv, Mikolaiv e Odessa, entre outras.

Artigo atualizado às 17:32 (CET) de 6 de maio de 2022.

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