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Rússia, EUA e Reino Unido debatem alegada "bomba suja"

Lusa | EFE
24 de outubro de 2022

Moscovo insiste que Kiev está a construir uma "bomba suja". Já países ocidentais dizem tratar-se de uma "acusação falsa" e advertem Rússia contra a utilização desta acusação como pretexto para escalada militar.

Ukraine-Krieg I Bachmut - ukrainische Panzerartillerie
Foto: Libkos/AP/picture alliance

O chefe do Estado-Maior do Exército russo manteve, esta segunda-feira (24.10), uma conversa telefónica com os homólogos dos Estados Unidos e Reino Unido sobre a suposta "bomba suja” radioativa, que Moscovo insiste que a Ucrânia pode utilizar, o que o Ocidente nega.

Moscovo levantou este domingo a ameaça de que a Ucrânia poderá usar uma 'bomba suja', uma acusação que foi firmemente rejeitada por Kiev.

Uma "bomba suja" é um dispositivo explosivo que, uma vez detonado, espalha elementos radioativos na atmosfera e na superfície do solo, contaminando potencialmente vários milhares de metros quadrados, segundo a denúncia russa. 

Ocidente rejeita acusações

O responsável do Exército russo, Valery Gerasimov, conversou com o chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano, Mark Milley, sobre "o possível uso de uma 'bomba suja' pela Ucrânia", referiu o Ministério da Defesa russo em comunicado.

Desde 19 de maio que os chefes do Estado-Maior russo e norte-americano não discutiam o conflito na Ucrânia.

Foto: Operational Command South/AP/dpa/picture alliance

Os norte-americanos confirmaram o diálogo entre as duas partes, num breve comunicado à imprensa que não especificou os assuntos debatidos.

Gerasimov conversou também, esta segunda-feira, com o homólogo britânico, Tony Radakin, numa outra rara comunicação entre estas figuras militares.

O Ministério da Defesa russo indicou, também em comunicado, que os dois responsáveis falaram sobre a 'bomba suja'. Já o governo britânico apontou que a conversa ocorreu "a pedido" do lado russo.

Durante o diálogo, Tony Radakin "rejeitou as alegações da Rússia de que a Ucrânia estava a planear ações para agravar o conflito", realçou o Ministério da Defesa britânico.

Os dois responsáveis "concordaram sobre a importância de manter abertos canais de comunicação entre o Reino Unido e a Rússia para gerir o risco de erro de cálculo e facilitar a desescalada", observou ainda a mesma fonte.

Londres, Washington e Paris já tinham sublinhado anteriormente que consideram as acusações de Moscovo sobre a 'bomba suja' como "falsas".

"Ninguém será enganado por uma tentativa para utilizar esta alegação como um pretexto para uma escalada", referiram os três países em comunicado conjunto.

A Rússia referiu hoje que a Ucrânia entrou no "estágio final" da construção da sua 'bomba suja'. 

Operação de "bandeira falsa"

Ucranianos e os seus aliados ocidentais alertaram que esta pode ser uma ameaça de preparativos para uma operação de 'bandeira falsa', usada num conflito de modo a aparentar ser realizada pelo inimigo para tirar partido das suas consequências, suspeitando que a Rússia esteja a preparar-se para detonar a suposta 'bomba suja' e justificar a escalada militar, utilizando, por exemplo, uma arma nuclear tática como retaliação.

No entanto, e em declarações esta segunda-feira, fonte militar norte-americana afirmou que os Estados Unidos ainda "não têm nenhuma indicação" de que a Rússia tenha decidido usar armas nucleares, químicas ou biológicas no conflito na Ucrânia.

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