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Ucrânia: Guterres em Kiev para encontro com Zelensky

nn | com agências
28 de abril de 2022

O secretário-geral da ONU, António Guterres, encontra-se esta quinta-feira (28.04), em Kiev, com o PR Volodymyr Zelensky. Visita pretende criar condições para a retirada de civis do complexo de Azovstal, em Mariupol.

Guterres chegou à Ucrânia a partir da PolóniaFoto: Eskinder Debebe/Xinhua/UN Photo/picture alliance

António Guterres chegou esta quarta-feira (27.04) à Ucrânia e numa conferência de imprensa disse que a sua prioridade imediata é criar condições para salvar civis que se encontram retidos na fábrica metalúrgica Azovstal em Mariupol, no sul da Ucrânia.

"Esta operação é particularmente delicada, porque não se trata de pessoas que estão nas suas casas, ou em sítios públicos para serem evacuadas. Tratam-se de pessoas que estão, digamos, dentro de uma fortaleza subterrânea em condições verdadeiramente dramáticas. Há um problema de confiança das pessoas que podem sair, mas também de que isto não é utilizado indevidamente por outros atores", afirmou o líder da ONU.

Acredita-se que naquelas instalações haja mais de 400 pessoas feridas – entre civis e militares.

"Mensageiro da paz"

Debaixo de críticas e depois de ser acusado de passividade em relação à invasão da Ucrânia, António Guterres defendeu-se dizendo que "nunca são conseguidos todos os objetivos".

PR russo, Vlaidimir Putin (esq.), e o secretário-geral da ONU durante encontro em MoscovoFoto: Vladimir Astapkovich/AFP

"Quantas e quantas pessoas visitaram e falaram com o Presidente [Vladimir] Putin?! Tenho a humildade de entender que posso dar um contributo, mas também tenho a humildade de perceber que não consigo chegar a uma sala e convencer de repente o Presidente Putin de tudo o que acredito, mas que não corresponde de todo à posição que a Federação Russa tem sobre esta questão. O meu contributo é assumido com um objetivo fundamental: ser um mensageiro da paz e tentar ajudar a resolver alguns dos mais difíceis problemas pendentes", defendeu.

Antes destas declarações, Guterres afirmou, através de uma publicação na rede social Twitter, que chegava a Kiev com o intuito de "continuar com o trabalho para alargar o apoio humanitário e assegurar a retirada de civis das zonas de combate".

O antigo primeiro-ministro português reuniu-se com o Presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, na terça-feira, em Moscovo.

Visita a zonas mais afetadas

António Guterres irá visitar, esta quinta-feira de manhã (28.04), Borodianka, Irpin e Bucha, localidades da região de Kiev onde têm sido descobertos cenários de abusos após a retirada das forças russas. Após estas visitas, Guterres irá encontrar-se com o chefe de Estado da Ucrânia e com o ministro dos Negócios Estrangeiros.

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Ontem, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, disse – depois de um encontro com membros do Conselho de Segurança da ONU – que é preciso encontrar responsabilidades nas atrocidades da guerra.

"Este não é realmente um momento para falar, é um momento para agir. O direito internacional não pode ser um espectador passivo. Não pode ser sedentário. Precisa de se mover com entusiasmo para proteger e insistir na responsabilização", afirmou.

Corte do fornecimento de gás

Entretanto, os governantes europeus do setor da Energia vão reunir-se na próxima segunda-feira (02.05) numa "sessão extraordinária” para discutir soluções para a Europa. A decisão surge depois de a Rússia ter interrompido a entrega de gás natural à Polónia e Bulgária.

À semelhança do que já tinha dito a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o alto representante da União Europeia para a Política de Segurança, Josep Borrell, defendeu que o bloco deve reduzir a dependência do gás e do petróleo russos e "migrar para energias verdes".

"Sabíamos que tínhamos de reduzir a nossa dependência do gás e do petróleo russos, e o que a Rússia está a fazer agora é nada menos do que estimular-nos a fazê-lo ainda mais rápido. Temos maneiras de enfrentá-lo, e o enfrentaremos juntos, em união e solidariedade. Os europeus podem ter certeza disso. Esta última decisão da Rússia não fará outra coisa senão acelerar a conversão da Europa no uso de energias verdes que não criam dependências e não prejudicam o clima", disse.

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