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Ucrânia: Há evidências de valas comuns em Mariupol

tms | com agências
25 de março de 2022

A ONU tem mais evidências sobre a existência de valas comuns em Mariupol. Autoridades da cidade destruída pelos russos dizem que o ataque a um teatro matou 300 civis. Já nos arredores de Kiev, Moscovo perde terreno.

Foto: Maximilian Clarke/SOPA Images via ZUMA Press/picture alliance

A chefe do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) na Ucrânia disse, esta sexta-feira (25.03), ter tido acesso a mais informações sobre valas comuns na cidade portuária de Mariupol, incluindo uma que poderia conter pelo menos 200 corpos.

"Temos recebido cada vez mais informações sobre valas comuns que lá se encontram", disse Matilda Bogner a jornalistas por ligação de vídeo a partir da Ucrânia.

A representante dos direitos humanos da ONU em território ucraniano avançou que algumas das provas que tem recolhido provinham de imagens de satélite.

Mortos na guerra

O ACNUR, que tem cerca de 50 funcionários na Ucrânia, contabilizou até agora 1.035 mortes de civis desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro.

Civis a fugir de Mariupol, em direção a VolodarskoyeFoto: Mikhail Tereshchenko/TASS/dpa/picture alliance

Mas, segundo Matilda Bogner, os bombardeamentos dificultam o trabalho das equipas humanitárias e o número de vítimas pode ser ainda maior, principalmente em Mariupol, que está sitiada.

"A extensão das baixas civis e a destruição de objetos civis sugerem fortemente que os princípios da distinção, da proporcionalidade, da regra das precauções viáveis e da proibição de ataques indiscriminados foram violados", afirmou Bogner.

Ataque ao teatro de Mariupol fez 300 mortos

Face a estas dificuldades, os testemunhos de quem está em Mariupol são preciosos. Foi desta forma as autoridades locais tomaram conhecimento de que cerca de 300 pessoas terão morrido no teatro de Mariupol, bombardeado pela força aérea russa a 16 de março, quando centenas de pessoas estavam ali abrigadas.

"Testemunhas têm informações de que cerca de 300 pessoas morreram no Teatro de Mariupol, na sequência do bombardeamento por um avião russo", escreveu a Câmara Municipal na rede social de mensagens Telegram.

"Não queremos acreditar nesse horror", referiu a autarquia.

Teatro de Mariupol completamente destruído após bombardeamento russo Foto: Civil-Military Administration/REUTERS

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, considerou o bombardeamento como "outro horrível crime de guerra" cometido pelos russos em Mariupol.

A cidade é vista por Moscovo como uma zona estratégica na costa do mar interior de Azov, localizada entre a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014) e o leste separatista do Donbass, e está cercada pelas tropas russas há várias semanas, já que a sua conquista é um objetivo prioritário da Rússia.

Ucranianos reconquistam zonas próximas a Kiev

Entretanto, nos arredores de Kiev, as tropas ucranianas estão a recapturar cidades a leste, e as forças russas que tentavam tomar a capital estão agora a recuar.

O autarca de um subúrbio a leste da capital disse que as tropas ucranianas recapturaram uma aldeia próxima e que milhares de civis estavam agora a abandonar a área, respondendo a um apelo das autoridades para saírem do caminho do contra-ataque.

Um mês após a invasão, as tropas russas não conseguiram capturar qualquer grande cidade ucraniana. Em vez disso, Moscovo tem bombardeado, cercado e sitiado outras cidades ucranianas, devastando áreas residenciais e expulsando das suas casas cerca de um quarto dos 44 milhões de habitantes.

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Por seu turno, o Ministério da Defesa russo afirma ter alcançado os objetivos primários da primeira fase da sua invasão na Ucrânia. E que as suas tropas vão agora concentrar-se na "libertação" de Donetsk e Luhansk, ambas províncias separatistas na região de Donbas.

Situação humanitária

De acordo com a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas estão retidas em áreas afetadas pelo conflito e sem meios para fugir devido, entre outras coisas, à destruição de estradas e pontes. A guerra também provocou a fuga de mais de 10 milhões de ucranianos, incluindo 3,7 milhões, que se refugiaram em países vizinhos, segundo dados mais recentes.

Diante da situação, o Governo de Kiev pediu esta sexta-feira à União Europeia que encerre as suas fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia, país aliado de Moscovo na invasão da Ucrânia.

Estas "medidas são necessárias" para "travar o fornecimento ao país agressor de bens de dupla finalidade, que podem ser usados para fins militares", justificou o Executivo. O enceramento das fronteiras entre a UE com a Rússia e a Bielorrússia seria um reforço das restrições já impostas pelo Ocidente desde o início do conflito russo-ucraniano há um mês.

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