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Ucrânia: Incêndio na maior central nuclear da Europa

cm | gcs | com agências
4 de março de 2022

Governo ucraniano diz que o Exército russo disparou de todos os lados contra a central. Presidente Volodymyr Zelensky acusa Moscovo de 'terror nuclear'. Incêndio já foi extinto.

Ukraine Atomkraftwerk Saporischschja unter Beschuss
Foto: Zaporizhzhya NPP/REUTERS

A central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, foi atacada por forças russas. De acordo com um porta-voz da central, deflagrou um incêndio após o ataque ao local. Mas o Exército russo impediu o acesso aos bombeiros durante várias horas.

O incêndio foi confirmado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba.

"O Exército russo está a disparar de todos os lados contra a central nuclear de Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa. O fogo já começou. Se explodir, será 10 vezes maior do que Chernobyl! Os russos devem cessar imediatamente o fogo, permitir a entrada dos bombeiros e estabelecer uma zona de segurança!", lê-se na mensagem partilhada por Dmytro Kuleba, na rede social Twitter.

Entretanto, o incêndio já foi extinto, segundo o Serviço Estatal de Emergências da Ucrânia. 44 bombeiros e 11 veículos estiveram envolvidos na operação de combate às chamas.

A Agência Internacional de Energia Atómica assegura que os níveis de radiação não aumentaram na central nuclear de Zaporíjia. De acordo com os Serviços de Emergência ucranianos, citados pela Reuters, o incêndio aconteceu fora do perímetro dos seis reatores, e estes não foram afetados.

As autoridades ucranianas garantiram que a segurança da central nuclear foi restabelecida e está garantida. Apenas um edifício e um laboratório foram afetados pelo fogo. A central, que fica na cidade de Enerhodar, no sul da Ucrânia, é uma das maiores do mundo e é responsável por produzir cerca de um quarto da energia do país.

"Terror nuclear"

O Presidente da Ucrânia acusou Moscovo de recorrer ao "terror nuclear" e de "querer repetir" a catástrofe de Chernobyl, com o bombardeamento de uma central nuclear no país.

"Alertamos toda gente para o facto de que nenhum outro país além da Rússia alguma vez disparou contra centrais nucleares. Esta é a primeira vez na nossa história, a primeira vez na história da Humanidade. Este Estado terrorista recorreu agora ao terror nuclear", afirmou Volodymyr Zelensky, num vídeo difundido pela Presidência ucraniana.

"A Ucrânia tem 15 reatores nucleares. Se ocorrer uma explosão, é o fim de tudo. O fim da Europa. É a evacuação da Europa", advertiu.

Para o Presidente ucraniano, "apenas uma ação europeia imediata pode travar as tropas russas. É preciso impedir a morte da Europa num desastre nuclear".

Primeiro-ministro britânico promete convocar reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU "nas próximas horas"Foto: Matt Dunham/AP Photo/picture alliance

"Segurança de toda a Europa"

O primeiro-ministro britânico acusou o Presidente russo de "ameaçar diretamente a segurança de toda a Europa" na sequência do bombardeamento à central nuclear pelas forças russas. Boris Johnson disse que as ações de Vladimir Putin eram irresponsáveis, de acordo com um comunicado divulgado depois de uma conversa telefónica com o chefe de Estado ucraniano..

Johnson prometeu convocar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU "nas próximas horas".

Na quinta-feira (03.02), o oitavo dia da invasão russa à Ucrânia, o Presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que "o pior está para vir".

Macron falou por telefone com o Presidente russo e disse que Putin não pretende parar os ataques.

Corredores humanitários

Na segunda ronda de negociações entre delegados da Rússia e Ucrânia, não se abriu caminho para um cessar-fogo. Ainda assim, terá havido progressos.

"A única coisa que posso dizer é que discutimos os aspetos humanitários com detalhe, porque muitas cidades estão agora cercadas. Há uma situação dramática com alimentos, medicamentos, com a possibilidade de evacuação", explicou Mykhailo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano, depois das negociações, na quinta-feira.

Os dois países  acordaram a criação de corredores humanitáriospara tirar civis das zonas de guerra e fazer chegar ajuda às zonas mais afetadas. Ficou firmado o compromisso de realizar uma terceira ronda de negociações, ainda sem data conhecida.

Presidente russo, Vladimir Putin (esq.), e homólogo ucraniano, Volodymyr ZelenskyFoto: Russia/Ukraine Press Offices/AP/picture alliance

O chefe de Estado ucraniano desafiou Putin para uma conversa cara-a-cara ao mesmo tempo que apelou ao reforço do apoio dos países ocidentais com aviões de combate: "Se nós desaparecermos, a seguir será a Letónia, a Lituânia, a Estónia, Moldávia, Geórgia, Polónia… Vão continuar até chegar ao Muro de Berlim", avisou Zelensky.

Uma semana depois do início da invasão e, apesar da resistência ucraniana que as tropas russas têm enfrentado, num discurso televisivo, o Presidente russo mostrou-se confiante e satisfeito com os resultados alcançados.

"Quero dizer que a operação militar especial está a decorrer estritamente como previsto, de acordo com o plano. Todos os objetivos estabelecidos por nós estão a ser alcançados com sucesso".

Acesso bloqueado a órgãos de comunicação

Na madrugada desta sexta-feira, não era possível aceder aos sites do Facebook e de vários meios de comunicação independentes, incluindo a DW e o serviço em russo da BBC, noticiaram a organização não-governamental GlobalCheck e a agência de notícias AFP. 

Os média russos só podem usar informações oficiais das autoridades russas, e termos como "ataque" ou "invasão" são proibidos. 

Artigo atualizado às 05h54 (UTC - Tempo Universal Coordenado).

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