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Ucrânia: Líderes mundiais condenam "massacre" em Busha

tms | com agências
4 de abril de 2022

Comunidade internacional condena "massacre de civis" na cidade ucraniana de Busha, recapturada por Kiev. Por seu turno, Moscovo quer discutir no Conselho de Segurança o que chamou de "provocações odiosas" da Ucrânia.

Jornalista regista vala comum em BushaFoto: Rodrigo Abd/AP Photo/picture alliance

Diversos líderes da comunidade internacional estão a repudiar desde domingo (03.04) o "massacre de civis" na cidade de Busha, recém recapturada pelas forças ucranianas.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou ontem os líderes russos de ordenar "tortura e assassínios" em Busha, na região de Kiev, onde foram encontradas valas comuns e centenas de civis mortos. As autoridades falam em mais de 300 corpos até ao momento.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se "profundamente chocado com as imagens de civis mortos em Busha". "É essencial que uma investigação independente permita encontrar os responsáveis", acrescentou num breve comunicado à imprensa.

"Possíveis crimes de guerra"

A ONU considerou ontem que a descoberta de valas comuns em Busha, na Ucrânia, após a retirada das forças russas, levantou sérias questões sobre "possíveis crimes de guerra" e "graves violações do direito internacional humanitário", enfatizando a importância de preservar todas as evidências.

Imagem de satélite mostra vala comum repleta de corpos em BushaFoto: Maxar Technologies via REUTERS

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou-se "chocada com relatos de horrores indescritíveis" na Ucrânia, defendendo uma investigação independente, "urgentemente necessária".

"Os autores de crimes de guerra serão responsabilizados", afirmou von der Leyen, no Twitter.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que as imagens do alegado massacre de civis pelas tropas russas em Busha são um "murro no estômago".

"Não podemos ficar insensíveis a coisas como estas. Não podemos normalizá-lo. Esta é a realidade do que está a acontecer todos os dias", disse o secretário de Estado norte-americano numa entrevista à CNN.

Mais sanções contra Moscovo

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, afirmou que as tropas russas haviam cometido "crimes de guerra" em Busha e que a Alemanha e países aliados iriam definir novas sanções contra Moscou nos próximos dias.

"O assassinato de civis é um crime de guerra, e devemos investigar de forma implacável esses crimes cometidos pelas Forças Armadas russas", afirmou Scholz em uma declaração na sede do Governo alemão. "Nos próximos dias, iremos decidir com nossos aliados sobre as próximas medidas. O Presidente [Vladimir] Putin e seus apoiadores sentirão as consequências."

Esta segunda-feira (04.04), o Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu novas sanções contra a Rússia após a divulgação do "massacre" em Busha. Para o chefe de Estado francês, há "sinais muitos claros" de que as forças russas foram responsáveis por crimes de guerra na Ucrânia. 

Rastos dos bombardeamentos russos na cidade de BushaFoto: Mykhaylo Palinchak/ZUMA Press/dpa/picture alliance

Kiev defende "mecanismo especial"

Numa mensagem de vídeo na noite de domingo, o Presidente ucraniano disse que será criado um "mecanismo especial" para "investigar e processar" todos os crimes "dos ocupantes" do país, acrescentando que irá funcionar com base no trabalho conjunto de especialistas nacionais e internacionais.

"Este mecanismo irá ajudar a Ucrânia e o mundo a levar à justiça aqueles que iniciaram ou participaram de alguma forma nesta terrível guerra contra o povo ucraniano e crimes contra o nosso povo", explicou Volodymyr Zelensky.

O governante disse que os líderes russos deveriam ser responsabilizados pelos "assassinatos" e "tortura" em Busha, onde muitos civis foram mortos.

"Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como as suas ordens são executadas. Esse tipo de ordem (...) Eles têm uma responsabilidade comum. Por esses assassinatos, por essas torturas (...) pelas balas disparadas na nuca", disse.

Moscovo nega acusações

Por seu turno, a Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o que chamou de "provocações odiosas" da Ucrânia, que denunciou o assassínio de civis por tropas russas em Busha.

Continuam ataques e bombardeamentos russos na Ucrânia

04:24

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"À luz das provocações odiosas dos radicais ucranianos em Busha, a Rússia solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, 4 de abril", escreveu na rede social Twitter o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dimitri Poliansky.

Moscovo negou que as suas tropas tenham matado civis em Busha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo Governo ucraniano são "uma provocação".

A ex-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, criticou a decisão da Rússia. "A Rússia está a recorrer ao mesmo cenário da Crimeia e de Alepo [na Síria]: forçada a defender o indefensável, a Rússia exige uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para fingir indignação", escreveu no Twitter.

"Ninguém acredita nisso", acrescentou a atual chefe da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.

A invasão russa – iniciada a 24 de fevereiro – já provocou a morte de pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,7 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos. A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

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